Petrobras finaliza due diligence para oferta de aquisição da refinaria de Mataripe
26 Julho 2024 - 9:16AM
ADVFN News
A Petrobras está finalizando o due diligence para uma oferta de
aquisição da refinaria de Mataripe que vendeu ao fundo soberano de
Abu Dhabi Mubadala por 1,65 bilhão de dólares, em 2021, disseram à
Reuters três pessoas a par do assunto.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez campanha contra a
venda das refinarias da Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4) e tem
pressionado a empresa a acelerar investimentos que gerem empregos
no segmento. No entanto, um acordo sobre a estrutura e o preço da
possível recompra ainda não foi alcançado, disseram pessoas
envolvidas no negócio.
Essas discussões poderão atrasar as negociações, que estão em
curso há vários meses, dado que a refinaria, também conhecida como
RLAM, foi vendida abaixo do valor de mercado, segundo algumas
avaliações.
A Controladoria-Geral da União (CGU) concluiu que a Petrobras
pode ter vendido a refinaria com desconto durante a pandemia de
Covid-19.
O Instituto de Estudos Estratégicos em Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (Ineep), apoiado pelos sindicatos, estimou em 2021
que a refinaria valia entre 3 bilhões e 4 bilhões de dólares.
A Petrobras não respondeu imediatamente a um pedido de
comentário. Os representantes da Mubadala Capital não quiseram
comentar.
A discussão sobre uma possível recompra veio à tona no ano
passado, quando a Mubadala Capital propôs um investimento em refino
tradicional e sociedade no projeto de uma biorrefinaria, também na
Bahia.
“Se me perguntasse se a Petrobras deveria ter vendido, eu
responderia, peremptoriamente, que não. Agora, se me perguntar se
deve comprar, só deve comprar se for altamente atrativa para a
empresa e altamente estratégico para eles”, disse o ministro de
Minas e Energia, Alexandre Silveira, à Reuters.
Ele também contou em entrevista que está conversando com
representantes da refinaria de Mataripe.
Segundo uma pessoa familiarizada com as negociações, a Petrobras
estava planejando primeiro comprar uma participação de 80% em
Mataripe e fazer um investimento minoritário na unidade de
biorrefino.
A mesma pessoa disse que não está claro se um acordo prosseguirá
com essa estrutura após Lula ter substituído o CEO da Petrobras,
Jean Paul Prates, em maio.
A Petrobras também discutiu oferecer à Mubadala o mesmo preço
que pagou pela refinaria em 2021, mais juros e reembolso dos
investimentos do fundo soberano para atualizar a planta, segundo
duas pessoas próximas às negociações.
A Petrobras possui 11 refinarias que produzem cerca de 80% da
produção nacional de combustíveis fósseis depois de vender duas
unidades sob o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, quando a
petrolífera se desfez de ativos para focar na exploração em águas
profundas.
Construída na década de 1950, a RLAM é a segunda maior refinaria
do país, com a maior capacidade de produção de gasolina, diesel e
outros derivados de petróleo no Norte e Nordeste do Brasil, segundo
a operadora Acelen, controlada pela Mubadala.
O ministro Silveira disse que o fundo quer vender a RLAM porque
fez a aquisição partindo do pressuposto de que a Petrobras venderia
várias outras refinarias. A participação da Mubadala no mercado de
refino brasileiro ainda é ofuscada pela Petrobras.
“Essa recompra vai ter que acontecer, não faz mais sentido que
um investidor privado como Mubadala possua uma refinaria no
Brasil”, disse Adriano Pires, especialista da indústria petrolífera
que foi cogitado como potencial CEO da Petrobras no último
governo.
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