Os papéis da Petrobras saltaram em 2023, mas analistas explicam se 2024 será positivo para as ações
08 Janeiro 2024 - 1:52PM
ADVFN News
Alta de 94% para as ações preferenciais, avanço de 74% para os
ativos ordinários. Contrariando as expectativas do mercado para o
primeiro ano do governo Lula, os papéis da Petrobras saltaram em
2023 e foram responsáveis por boa parte da alta de 22,8% do
Ibovespa no período.
No dia último 27 de dezembro, a empresa alcançou um pico
histórico de maior valor de mercado em seus mais de 70 anos de
existência, ultrapassando a marca de R$ 530 bilhões.
A expectativa de mudanças muito bruscas nos principais pilares
para a tese de investimentos da companhia – precificação,
disciplina de capital e dividendos – não se confirmou, mas
alterações (ainda que algumas sutis) foram sentidas ao longo do
ano, o que levam a uma maior divisão dos analistas sobre a tese de
investimentos na empresa. De acordo com consenso LSEG, de onze
casas que cobrem os ativos PN (BOV:PETR4), cinco recomendam compra
e seis têm recomendação de manutenção.
A empresa, cabe ressaltar, modificou sua política de preços de
combustíveis, reduziu o pagamento de dividendos (de 60% para 45% do
fluxo de caixa menos capex), propôs a criação de reservas de
capital (permitindo maior retenção de lucros) e aumentou seu limite
de investimento.
Para os que estão otimistas, porém, as oportunidades com os
ativos superam os eventuais riscos, ainda que muitos não vejam a
ação como a sua preferida do setor de petróleo.
O Goldman Sachs tem recomendação de compra para a ação em 2024,
mas aponta preferência pela PRIO (BOV:PRIO3). O Santander, por sua
vez, tem PETR4 como a sua preferida entre as companhias integradas
da América Latina, mas para o setor em geral possui preferência
para a PetroReconcavo (RECV3).
Os analistas do banco espanhol estimam um provento
extraordinário de US$ 6,5 bilhões pela Petrobras (BOV:PETR3) em
2024 , que levará a um dividend yield (dividendo em relação ao
preço da ação) em 2024 de 16%.
Sobre dividendos, o Goldman vê capacidade para o pagamento de
até US$ 7 bilhões em proventos extraordinários em fevereiro (um
dividend yield de 7,5%). Isto pressupõe que a empresa reduziria a
posição de caixa para US$ 8 bilhões (nível mínimo exigido pela
administração), o que pode revelar-se demasiado agressivo,
portanto, este montante deve ser visto como o limite superior de um
possível dividendo extra a ser pago.
Sobre os investimentos, os analistas apontam o novo plano
estratégico divulgado no fim do ano passado para o período entre
2024 e 2028 (de US$ 102 bilhões) não deve ser completamente
implementado. “Portanto, modelamos um capex de cerca de US$ 15
bilhões em 2024, que se compara aos cerca de US$ 19 bilhões
anunciados com o plano estratégico para o ano”, reforçam. Já para a
projeção de produção, esperada em 2,2 milhões de barris por dia
neste ano, o Goldman a vê como conservadora à luz do aumento das
plataformas na frota em 2023. A expectativa do banco para 2024 é de
produção de 2,55 milhões de barris.
A XP Investimentos ainda vê bons pagamentos de dividendos e uma
alta chance de dividendos extraordinários para o ano fiscal de
2023, com estimativa de 15% de dividend yield com os dividendos
mínimos para o ano, e 18% adicionando os extraordinários. Porém, vê
riscos para a Petrobras, como aumento de capex e M&As. Desta
forma, assim como o Goldman, tem preferência pela PRIO. “O ano deve
ser bom para petroleiras juniores, que devem exibir aumento de
produção e geração de caixa. A PRIO é nossa Top pick devido à nossa
projeção de maior produção com o start-up de Wahoo, maior
rendimento de fluxo de caixa livre (20,3% versus 19,2% da
Petrobras) e opcionalidades da tese”, reforça.
Para o BB Investimentos, a Petrobras manterá o foco no pré-sal,
mas também criará um caminho de diversificação ligado à transição
energética, o que deve resultar em um menor patamar de dividendos
no curto prazo, mas possibilitar uma atuação em segmentos que devem
complementar o portfólio para demandas futuras.
A Genial, por sua vez, tem recomendação neutra para os ativos
preferenciais da estatal, avaliando as estimativas de fluxo de
caixa livre e rendimento de dividendos como “interessantes”, mas
tendo baixa margem de segurança para uma recomendação mais
agressiva no papel.
Um ponto que ganhou destaque logo no começo do ano e deve ser
monitorado é a mira da Petrobras em ativos vendidos nos últimos
anos. Três processos de desinvestimentos concluídos em gestões
anteriores não seguem como previsto; um dos contratos de venda foi
rescindido por parte da petroleira estatal, conforme destacou a
Bloomberg recentemente. Assim, o tema sobre a possível retomada dos
investimentos seguirá sendo monitorado.
Há também investigações em curso sobre a venda da Refinaria
Landulpho Alves (Rlam), atual Refinaria de Mataripe, na Bahia. A
Rlam foi vendida em novembro de 2021 para o fundo de investimento
árabe Mubadala por US$ 1,65 bilhão, ou cerca de R$ 10 bilhões na
época da venda, valor considerado abaixo do esperado por bancos de
investimentos como o BTG e pelo Instituto de Estudos Estratégicos
de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), que esperavam
pelo menos o dobro pela venda.
Um outro ponto de atenção é a cotação do petróleo, que teve a
primeira queda anual em 2023 desde 2020. Apesar da recuperação no
início deste ano em meio às tensões geopolíticas no Oriente Médio,
a oferta mundial será monitorada de perto. Produção recorde nos EUA
e o aumento da produção de países fora da OPEP+ elevaram a oferta,
apesar dos compromissos do cartel. Vários bancos cortaram as
projeções para a commodity neste ano.
Informações Infomoney
PETRORIO ON (BOV:PRIO3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2024 até Mai 2024
PETRORIO ON (BOV:PRIO3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mai 2023 até Mai 2024