Dias longos e ano curto.
Assim o presidente da Whirlpool Latin America, João Carlos Brega, define 2015, período de extremos desafios para a indústria brasileira e, em especial, para alguns segmentos, como os de eletreletrônicos e eletrodomésticos e automóveis, em razão do recuo de poder de compra da população.
Assustada com o desemprego, que já chega a 10% do conjunto das pessoas em idade para trabalhar, a sociedade parou de comprar bens de consumo duráveis e semiduráveis. Neste contexto de incertezas e dúvidas sobre o que vai acontecer, a Whirlpool está cautelosa.
Bem informad...
Dias longos e ano curto.
Assim o presidente da Whirlpool Latin America, João Carlos Brega, define 2015, período de extremos desafios para a indústria brasileira e, em especial, para alguns segmentos, como os de eletreletrônicos e eletrodomésticos e automóveis, em razão do recuo de poder de compra da população.
Assustada com o desemprego, que já chega a 10% do conjunto das pessoas em idade para trabalhar, a sociedade parou de comprar bens de consumo duráveis e semiduráveis. Neste contexto de incertezas e dúvidas sobre o que vai acontecer, a Whirlpool está cautelosa.
Bem informado e com acesso a análises abalizadas, Brega acredita que a recuperação dos negócios só virá junto com as próximas eleições presidenciais, em 2018.
Ele concedeu entrevista exclusiva de 20 minutos ao “AN”, após solenidade de inauguração de Espaço Cônsul e de visita à fábrica, na última quarta-feira.
Confira a síntese do seu pensamento, um dos mais influentes nomes da indústria brasileira e dirigente de um grupo econômico reconhecido pela sua excelência.
Fora dos planos
– A Whirlpool teve lucro 60,4% menor no balanço de setembro (em comparação com igual período de 2014). Isso não estava na nossa conta no começo do ano. Não posso falar sobre o desempenho de todo o ano. Somos uma empresa de capital aberto e os números finais só serão apresentados com o balanço. Tivemos de ser diligentes no gerenciamento disso (em relação ao resultado apurado até agora). A dificuldade de curto prazo acontece. Lógico que preservamos o longo prazo. Como é comum na Whirlpool, investimos de 3% a 4% do faturamento em pesquisa e tecnologia. A pesquisa está no nosso DNA.
Adequação
– Neste ano, não estamos repondo as vagas fechadas. Quando analisamos o período de 12 meses, sem dúvida há perdas (de postos de emprego). A adequação foi feita para o tamanho do mercado. Não, os nossos trabalhadores não saem para trocar de emprego, para irem para outra indústria. Quem pede para sair, o faz por motivos bem pessoais. Mudança de família para outra cidade, por exemplo.
Calendário
– O olhar dos acionistas da Whirlpool sobre o Brasil é sempre um olhar atento. Desde o começo do empreendimento em Joinville, há décadas, quando eles eram minoritários no negócio. A companhia já pegou os tempos de bonança do Brasil e, agora o da crise. Eles entendem isso. Reconhecem que é um ciclo. O que precisa é o Brasil se resolver internamente. O país é comandado pelo calendário político.
Curto prazo
– Analiso o cenário econômico com os fatos: O ano foi – e ainda é – de muitas dificuldades. Elas, as dificuldades, vão permanecer até o final de 2017. O primeiro trimestre de 2016 será bastante difícil, muito duro. Por alguns motivos: a natural sazonalidade, com férias coletivas, o Carnaval. E, muito importante, os indicadores macroeconômicos ainda vão apresentar dados ruins entre os meses de janeiro e março. O índice de desemprego vai aumentar. A produção industrial e o PIB serão anunciados em março. Não serão dados bons. Mas a crise vai acabar. Claro que vai.
Problema político
– O principal problema do Brasil é político. Até março de 2016, saberemos o nível de aceitação dos pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff e do presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha. Por causa da parada política, não se consegue fazer o ajuste fiscal. O ano de 2016 já está dado. Teremos novamente queda do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2017, a situação vai parar de piorar. E podemos ter o início da recuperação em 2018. E por que 2018? Porque vamos ter eleições e, nestas circunstâncias, se espera uma melhoria.
Novos produtos
– A Whirlpool lançou 200 produtos em 2015. E serão mais 200 a serem apresentados ao mercado no próximo ano. Do total, 165 para o Brasil e 35 no restante dos países. É justamente porque novas tecnologias se incorporam e identificamos necessidades novas nas pessoas que criamos novidades. Hoje, o consumidor de produtos da linha branca (Whirlpool Eletrodomésticos) está, claramente, no mercado de reposição. É aquele cliente que compra novo produto porque o seu refrigerador, fogão ou microondas está velho demais, estragou. A compra planejada, realizada para satisfazer um desejo próprio, estancou; é bem reduzida. Por isso, é importante termos os produtos certos nos pontos de venda.
Investimentos
– Não posso falar sobre investimentos programados. Nem abrir quais serão os novos lançamentos de produtos. Isso será falado no momento oportuno.
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