Passada euforia no exterior, Ibovespa recua com bancos e Petrobras; dólar avança para R$ 3,56

Por volta das 11h50, o Índice Bovespa registrava baixa de 0,69%, para 53.339 pontos, com o mercado instável no exterior. Sob pressão dos desdobramentos políticos locais, as ações preferenciais (PN, sem voto) do Itaú Unibanco (BOV:ITUB4) perdiam 1,73%, seguidas por Bradesco PN (BOV:BBDC4), 1,53%, e os papéis ordinários (ON, com voto) do Banco do Brasil (BOV:BBAS3), 1,23%. Já as units (recibo de ações) do Santander (BOV:SANB11) tinham ganhos de 0,40%.

Petrobras ON (BOV:PETR3) ajudava a puxar o indicador para baixo, com recuo de 1,86%, seguida por seus papéis PN (BOV:PETR4), que caíam 1,98%. A companhia era afetada pela queda do petróleo no exterior e pelas notícias da reportagem do jornal O Estado de S. Paulo de que a estatal “prepara uma mudança na remuneração da participação nos lucros e resultados”, o que deve irritar os sindicatos. Segundo a publicação, os pagamentos deverão ser baseados no resultado econômico da empresa e não mais no desempenho da produção da petroleira.

De acordo com informações da Bloomberg, as companhias estatais refletem ainda a possibilidade de um “eventual governo de (Michel) Temer estar interessado na troca da presidência da Petrobras, do Banco do Brasil, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Caixa Econômica”.

Depois de atingir alta de 8% ontem, Vale ON e PNA (BOV:VALE3 e BOV:VALE5) avançavam 1,32% e 1,83%, respectivamente, apesar da nova valorização de 4% do minério de ferro no mercado internacional e das fortes perdas da Bolsa de Xangai.

MRV cai 5% e Usiminas bate 8%

As piores quedas do Ibovespa estavam com MRV ON (BOV:MRVE3), 5,68%, Cyrela ON (BOV:CYRE3), 3,37%, Multiplan ON (BOV:MULT3), 2,78%, e Oi ON (BOV:OIBR3), 2,35%. A MRV informou hoje um recuo anual de 9,8% em suas vendas neste primeiro trimestre, para R$ 1,234 bilhão. Na contramão, as maiores altas do indicador, tirando Vale, ficavam com Usiminas PNA (BOV:USIM5), 8,73%, Gerdau Metalúrgica PN (BOV:GOAU4), 3,10%, CSN ON (BOV:CSNA3), 2,78%, e Cesp PNB (BOV:CESP6), 1,10%. As siderúrgicas ainda ganham com as notícias de reajustes dos preços do aço plano de pelo menos mais 12% em maio, depois de alta de 12% em abril.

EUA e Europa seguem instáveis; petróleo cai quase 2%

As principais bolsas estrangeiras perdiam o fôlego significativo marcado no pregão anterior, nos Estados Unidos, o Dow Jones ganhava apenas 0,13%, seguido pelo S&P 500, 0,04%, e pelo índice da Nasdaq, 0,25%. Na China, o Índice da Bolsa de Xangai caiu 2,31%, com queda acumulada de 16% no ano, pressionando os demais mercados.

Na zona do do euro, um dia antes da reunião do Banco Central Europeu (BCE) e refletindo as bolsas americanas e chinesas, o Stoxx 50, dos 50 papéis mais líquidos do bloco, subia 0,45%, como o alemão DAX, 0,16%, e o francês CAC, 0,09%. Na ponta negativa, o britânico Financial Times tinha perdas de 0,33%. Por lá, o Índice de Preços ao Produtor alemão se manteve estável em março, ante queda de 0,5% em fevereiro. No Reino Unido, o desemprego aumentou em fevereiro, seu primeiro avanço em 12 meses. A taxa permaneceu em 5,1% de dezembro a fevereiro, contra o trimestre anterior, mas o número de pessoas desempregadas cresceu em 21 mil, para 1,7 milhão.

Devolvendo parte da recuperação registrada ontem, o petróleo do tipo WTI, negociado em Nova York, perdia 1,87%, para US$ 40,31, acompanhado pelo barril do Brent, de Londres, que tinha recuo de 1,54%, para US$ 43,35.

Juros têm direções mistas e dólar avança para R$ 3,56

As taxas de juros futuros para 2017 estavam estáveis em 13,39% ao ano. Para 2018, as projeções caíam de 12,83% para 12,79%, enquanto os contratos com vencimento em janeiro de 2021 tinham taxas de 12,96%, ante 12,95% ontem. Com o Banco Central (BC) de volta ao mercado, ofertando até 20 mil contratos de swap reversos, o dólar comercial subia 0,76%, para R$ 3,56 na venda, ao passo que o dólar turismo tinha perdas de 0,53%, sendo vendido por R$ 3,69. Hoje, o BC divulgou os números das contas externas do país, que melhoraram e devem sustentar um pouco mais a estratégia de segurar o dólar da autoridade monetária.

Pressionam os negócios hoje a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que voltou a acelerar ao fechar abril com alta de 0,51%, resultado 0,08 ponto percentual acima dos 0,43% de março. Além disso, a taxa de desemprego no trimestre encerrado em fevereiro deste ano foi estimada em 10,2% no país, ficando 1,2 ponto percentual acima do trimestre encerrado em novembro de 2015 (9%) e superando a do mesmo trimestre do ano anterior, que havia sido de 7,4%.