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BNP: impacto na economia real demora, mas começa pela confiança; juro pode cair para 9%

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O otimismo demonstrado pelo mercado financeiro com o governo interino de Michel Temer e suas medidas econômicas ainda vai demorar um pouco para se refletir na economia real, espera Marcelo Carvalho, economista-chefe do banco francês BNP Paribas. ”O governo não controla o PIB, mas pode criar as condições de longo prazo para o crescimento sustentável, não tentando entrar em campo para jogar, mas criando as regras e mantendo as condições do campo”, diz. “Assim como a inflação, não adianta tentar segurar na marra, não deu certo, as expectativas têm de ser ancoradas pelo comprometimento do Banco Central com as metas de inflação”, explica.

Juros de 9% em 2017

Apesar disso, Carvalho estima que a inflação e os juros devem cair mais acentuadamente do que projetam hoje os mercados financeiros. Se as medidas do governo Temer de ajuste fiscal forem no caminho certo, a retomada da confiança na política econômica e no controle da inflação podem fazer com que os juros caiam dos atuais 14,25% para 13% em dezembro e 9% no fim de 2017. O banco espera uma queda no PIB de 4% este ano e um crescimento de 2% no ano que vem. A inflação do IPCA fecharia este ao ainda alta, em 8,6%, mas recuaria para 5% em 2017.

O mercado, lembra o economista, antecipa o que deve acontecer daqui dias, semanas ou semestres, por isso reage mais rapidamente. Já o lado real da economia leva mais tempo. Carvalho acha que as primeiras reações devem vir dos índices de confiança, que podem subir já nas próximas semanas. “Não vai ser muito difícil, pois estão muito deprimidos, mais baixos que na crise mundial de 2008″, observa. Já o impacto em investimentos e consumo deve demorar mais. “Talvez a retomada do investimento venha antes, nos próximos meses ou trimestres, mas o consumo vai demorar mais, pois o desemprego ainda vai continuar alto, talvez até meados do ano que vem”, afirma.

Anos de políticas inadequadas

Sobre a retomada da economia, Carvalho lembra que tivemos anos de políticas econômicas inadequadas e não é possível corrigir tudo de uma vez. “O que dá para fazer é caminhar na direção correta, como estamos fazendo”, diz. “Assim, é possível melhorar, sair de uma recessão hoje para um crescimento de 2% no ano que vem, mas não dá para falar em crescimento de 4% ou mais como antes”, diz. Para voltar a esses níveis de crescimento, serão necessárias reformas estruturais e criar um ambiente de negócios correto. “E concordo com o presidente Temer que a confiança é o elemento-chave que foi perdido nos últimos tempos e que é preciso para voltar a ter crescimento, consumo e emprego”, afirma.

Sem Dilma

O economista diz que não trabalha com a hipótese de volta da presidente afastada Dilma Rousseff, que está sendo julgada pelo Supremo. “Nossa hipótese de trabalho é que o impeachment veio para ficar e Temer continua até 2018″, diz. Ele espera que a Operação Lava Jato também continue, o que, se atrapalha um pouco a economia no curto prazo, será um importante avanço para o país no longo, ao estabelecer um ambiente de negócios mais saudável e com menos corrupção.

CPMF pode voltar

Ele admite que o governo poderá ter de apelar para algum aumento de impostos no curto prazo, apesar da carga tributária elevada do país, de 30% do PIB. “É possível que o governo recorra a um aumento temporário da tributação, com a CPMF por exemplo, não é medida popular, mas será necessária para colocar as contas nos trilhos”, diz.

Dólar mais fraco

Segundo Carvalho, o dólar também deverá ter uma trajetória menos agressiva com o novo governo. “No começo do ano, o dólar chegou a R$ 4,20 e a projeção do mercado era R$ 4,50, mas agora está mais para R$ 3,50 com a mudança do cenário político”, diz. O BNP trabalha com um dólar a R$ 3,80 para o dólar no fim deste ano e R$ 4,00 no fim do ano que vem. “É um cenário de desvalorização do real moderada, que é uma boa notícia para o controle da inflação e que vai permitir ao BC reduzir os juros”, espera.

Privatizações e concessões

Ele espera que o novo governo também promova a venda de ativos, o que deve ter dois impactos positivos, o primeiro de levantar caixa para o governo no curto prazo e, no longo, tende a levar a uma melhora microeconômica, com o setor privado assumindo algumas atividades de maneira mais eficiente e produtiva. As concessões também devem ter mais sucesso. “Elas não avançavam porque as regras não eram claras ou eram ruins, como, por exemplo, colocar um teto na rentabilidade dos projetos, mas agora há mais chances de elas saírem”, diz.

O mais importante, explica é que todos compreendam que o processo do Brasil não é uma corrida de 100 metros, mas uma maratona. “Estamos dando os primeiros passos, vão ser vários trimestres ou até anos de persistência e determinação, mas estamos na direção correta”, conclui.

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