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Dorio Ferman, do Opportunity, vê momento igual a 2003 e ganhos em juros, no real e na bolsa

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O Brasil está indo melhor e vai melhorar muito mais na economia no curto e médio prazo, afirma Dorio Ferman, sócio da gestora independente Opportunity, um dos mais respeitados gestores de fundos de ações do mercado e responsável pela aplicação de R$ 8 bilhões em carteiras de ações dos R$ 23 bilhões que a casa tem de terceiros. Entre os fundos geridos por Dório, está o Lógica II, um dos maiores fundos de ações do mercado.

No curto e médio prazo, ele vê uma situação parecida com a de 2003, quando Luiz Inácio Lula da Silva ganhou a eleição e a bolsa despencou, o dólar disparou e os juros subiram e depois tudo se reverteu rapidamente. O dólar, lembra Dorio, chegou a R$ 4,00 logo depois da eleição e depois voltou para R$ 1,60, enquanto o Ibovespa derreteu , para menos de 20 mil pontos, e depois disparou até 70 mil pontos. “Não foi só correr para o abraço, houve muito solavanco, muita instabilidade, mas o resultado foi bom”, diz.

Ele espera que o dólar continue estável, o que provocará perda em termos reais para a moeda americana, o que estimula a aplicação na moeda brasileira. Já os juros devem cair ainda mais com os ajustes que o governo federal deve fazer nas contas públicas. “Mas as famílias vão ter de ajustar o orçamento por enquanto, pois o desemprego vai continuar alto, por isso o consumo deve melhorar só num segundo momento”, explica.

De zero a 66% em ações brasileiras

Dório diz que seus fundos saíram do mercado externo, refúgio durante os tempos de vacas magras no mercado brasileiro, lembrando que o índice americano Standard & Poor’s 500 chegou a representar 50% das aplicações. “Agora a oportunidade aqui é melhor”, explica. Segundo ele, a exposição dos fundos que ele gere a ações brasileiras está em 66% das carteiras. “Chegamos a estar zerados em bolsa brasileira, achando que, com Dilma, o país não teria chance”, diz.

Por conta da estratégia defensiva, de ficar fora de Brasil, os fundos perderam parte da recuperação do Ibovespa deste início de ano. “No ano passado, o mercado caiu 20% e nós perdemos quase nada, mas neste ano a bolsa subiu e ficamos fora no começo”, explica. “Agora é que estamos vendo a situação melhorar”, afirma. Segundo Dorio, “não sei se a bolsa está barata, mas sei que o Brasil está barato, por isso estamos apostando no real, na queda dos juros nominais e reais e na bolsa, um pouco menos”, diz.

Segundo Dorio, a expectativa com Temer é que ele faça um governo responsável. “Ele tem uma boa visão do que precisa fazer e escolheu gente excepcional para o Ministério da Fazenda e o Banco Central”, diz. “Nem se compara com a equipe anterior”.

Otimismo com mudança de governo

Dorio diz que ele e seu sócio, Daniel Dantas, estão otimistas com o futuro do país. “Estamos vivendo outro mundo, desde o governo Geisel (Ernesto Geisel, presidente do Brasil durante a ditadura militar e responsável pelo forte crescimento das estatais na economia) ninguém foi tão desastrado quanto a Dilma (Rousseff, ex-presidente cassada pelo Senado)”. Para Dorio, o plano do governo anterior era transformar o país numa autarquia. Ele cita ainda os erros nos projetos. “Queriam criar um estaleiro do nada, em Ipojuca, deu no que deu, afundou”, diz, numa referência ao Estaleiro Atlântico Sul, na cidade de Ipojuca, em Pernambuco.

O estaleiro, que pertence à Queiroz Galvão e à Camargo Corrêa, nunca deu lucro desde sua fundação em 2005 e fechou o ano passado com prejuízo de R$ 380 milhões. O Atlântico Sul  foi responsável pelo navio João Cândido, que foi entregue em 2010, mas teve de ser reformado em outro estaleiro por conta de vários defeitos, ficando pronto apenas em 2012.

Para Dorio, o governo passado fazia “bondades aparentes, mas desgraças ocultas”. “A presidente fazia discurso no Minha Casa Minha Vida como se ela estivesse dando aquela riqueza para as pessoas, mas ao mesmo tempo estava tomando de outras formas”, diz o gestor. Ele cita ainda os empréstimos para financiar obras de empreiteiras brasileiras em países como Venezuela e Cuba. “Dificilmente vamos ver esse dinheiro de volta”, afirma.

Sustinho e distância da Petrobras

Dorio se diz “bem otimista” e chama a queda recente das bolsas no Brasil e no exterior de “sustinho”. Para ele, a desregulamentação de alguns setores deverá ajudar muito a economia brasileira. “O marco regulatório do petróleo acabou comigo”, diz, numa referência à grande proporção de ações da Petrobras que o Opportunity costumava  ter em seus fundos. “Mas agora isso vai melhorar”, afirma. Segundo o gestor, o governo assistiu a Petrobras se acabar sem fazer nada. Mesmo assim, ele diz que não está comprando ações da estatal. “Não tenho condições de analisar a empresa”, afirma.

Em compensação, ele diz ter comprado muitas ações da Eletrobras. “Ela é mais fácil de analisar, a Petrobras ainda vai sofrer muito, apesar de o Pedro Parente (presidente da estatal) ser genial”, afirma, lembrando que, apesar de estar vendendo combustíveis no mercado local a preços mais altos que os internacionais, a empresa não tem um grande desempenho. “E temos um custo de exploração alto, que complica as coisas”, diz. Além disso, o preço do petróleo não vai subir muito, pois se o barril passar de US$ 70 os Estados Unidos aumentam sua produção de petróleo e gás de xisto. “A Petrobras vai ter de fazer um belo ajuste”, diz Dório.

Bancos, Eletrobrás e Equatorial

Outros setores que o gestor gosta são os bancos, como Itaú Unibanco e Bradesco. “São ótimas empresas, muito bem geridas, o estrangeiro não tem como competir aqui e os bancos estatais, depois do crescimento forte no passado, vão recuar no mercado e abrir espaço para os bancos privados”, diz.

No setor elétrico, Dorio destaca a Eletrobras e a Equatorial. Na estatal de energia, ele espera que a empresa melhore com as vendas de ativos e a reestruturação. “Tem muita coisa boa”, diz.

 

 

 

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