Janet Yellen, presidente do FED (Federal Reserve – Banco Central dos Estados Unidos), contrariou as expectativas apresentadas pela última ata de reunião do Comitê de Política Monetária ao sinalizar que as portas estão abertas para um novo aumento na Fed Funds (taxa básica de juros) no próximo encontro a ser realizado nos dias 14 e 15 de março.
Os últimos documentos do FED divulgados ao mercado não mencionavam possibilidade de mais um aumento de 0,25 p.p. na Fed Funds no curto prazo, talvez porque os membros do Comitê não esperavam uma ação tão rápida de Donald Trump (presidente dos Estados Unidos) no front fiscal.
Na quinta-feira da semana passada, o presidente dos Estados Unidos afirmou que faria um importante anúncio sobre impostos em algumas semanas por estar muito à frente do seu cronograma.
Durante a campanha eleitoral, o presidente dos Estados Unidos se comprometeu a reduzir significativamente a alíquota do imposto para pessoas jurídicas, de 35% para 15%. Caso confirmado, a medida terá potencial para estimular uma economia já aquecida, operando próxima do nível de pleno emprego, o que tende a criar pressão inflacionária adicional.
Com o anúncio de medidas relevantes tão próximo, o FED não pode se dar ao luxo de continuar seguindo uma estratégia extremamente cautelosa na política monetária. É como se Janet Yellen estivesse apostando corrida com Donald Trump. A distância entre os dois não pode ser tão grande, caso contrário o FED teria que responder com aumentos mais fortes na Fed Funds, impactando os mercados e a própria economia.
Trump disparou inesperadamente à frente, obrigando Yellen a mudar o tom do último comunicado da autoridade monetária norte-americana. Agora, a avaliação dentro do FED é de que seria imprudente esperar demais pela próxima elevação da taxa básica de juros, abrindo uma perspectiva de que até o meio do ano a meta para a Fed Funds deverá estar, pelo menos, entre 0,75% a 1,00% ao ano (atualmente, a meta definida para a Fed Funds é de 0,50% a 0,75% ao ano).
Wall Street aguarda com muita ansiedade as novas medidas a serem anunciadas em breve pelo presidente dos Estados Unidos. Os índices acionários aceleraram o rali e seguem renovando máximas históricas dia após dia. Mercado extremamente bullish, embora perigoso no curtíssimo prazo devido ao elevado nível de sobrecompra.
Por outro lado, pressionadas pelas perspectivas de mais inflação, os rendimentos das treasurys (títulos do Tesouro norte-americano) voltaram a disparar, a caminho de atingir a máxima registrada no ano passado. A taxa de juros do título com vencimento em 10 anos rompeu a LTB de dezembro do ano passado, confirmando fundo duplo ascendente sobre a região dos 2,34%. Mercado de bonds segue vendido em Wall Street.
No Brasil, o mercado de bonds segue comprado, mantendo-se entre uma das principais opções para realocações de recursos a curto prazo. Um dos nossos principais concorrentes (México) segue passando por graves problemas internos.
Na semana passada, o Banxico (autoridade monetária mexicana) se viu forçado a subir novamente a taxa básica de juros em 0,50 p.p., para 6,25% ao ano na tentativa de acalmar os ânimos e segurar sua moeda. A inflação acumulada dos últimos 12 meses atingiu 4,72%, em aceleração, muito superior a meta de 3% a ser perseguida.
Empurrado pela queda do risco país medido pelo CDS (credit default swap), o dólar realizou importante movimento contra o real. O principal suporte localizado na região dos R$ 3,10 foi perdido com candles de força relevante, aumentando a força da tendência principal de baixa, iniciada em R$ 4,25 no mês de setembro do ano retrasado, mantendo a moeda vendida contra o real.
A bolsa de valores (BOV:IBOV) segue comprada, já se aproximando da última resistência abaixo do topo histórico. Apesar do risco para operações compradas de curtíssimo prazo, em função do elevado nível de sobrecompra, o mercado segue bullish e com boas perspectivas de alcançar níveis históricos.