O Índice Bovespa (BOV:IBOV) fechou em forte queda hoje, de 2,39%, aos 64.209 pontos, o menor nível desde 7 de fevereiro. O índice começou o dia em pequena queda, mas as vendas se acentuaram no período da tarde, em meio ao detalhamento das denúncias da Operação Carne Fraca da Polícia Federal, que prendeu executivos das duas principais empresas de carnes do país JBS e BR Foods. Com a queda de hoje, o índice acumula perda de 3,68% no mês, mas ainda sobe 6,61% no ano e 26,12% em 12 meses.
Além da Carne Fraca, que envolve políticos do PMDB e o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, em um esquema de corrupção de fiscais de saúde animal e venda de carne estragada, inclusive ao exterior, o mercado teve os efeitos do vencimento quádruplo de mercados de opções e índices futuros em Nova York. Um sinal seria a forte movimentação de corretoras e bancos estrangeiros no fim do dia, em operações de compra e venda de ações. No fim do dia, as bolsas americanas fecharam em queda.
Movimento concentrado na bolsa
Na segunda-feira, também é vencimento de opções de ações no Brasil, o que deve ter aumentado a especulação e a zeragem de posições de parte dos investidores. Um sinal de um movimento mais especulativo é o fato de nem o dólar, nem o risco-Brasil, terem sofrido oscilações tão grandes. O dólar caiu 0,44% no mercado comercial, para R$ 3,102 para venda, enquanto o turismo subiu R$ 3,25. Já o CDS, papel que indica o risco do Brasil, fechou em 2,13 pontos percentuais acima dos juros americanos de 5 anos, mesmo nível de ontem e abaixo dos 2,33 pontos de anteontem.
JBS cai 10,6% e BRF, 7,25%
O grande destaque do dia foram as ações ON (ordinárias, com voto) da JBS (BOV:JBSS3) e da BR Foods (BOV:BRFS3), que caíram 10,59% e 7,25%, respectivamente, as duas maiores quedas do índice. BR Foods foi o segundo papel mais negociado do dia, atrás apenas da Petrobras PN (papel preferencial, sem voto). Com peso de 4,52% no índice (1,703% da JBS e 2,82% da BR Foods), os dois papéis sozinhos representaram 0,38 pontos na queda do índice. O restante veio de ações como Petrobras PN (BOV:PETR4), que caiu 4,01%, Vale PNA,(BOV:VALE5) que recuou 3,05% e dos bancos, como Itaú Unibanco (BOV:ITUB4), que perdeu 2,87%, e Bradesco PN (BOV:BBDC4), com queda de 3,08%.
A piora das condições fiscais do país, com o governo perdendo na Justiça o caso da exclusão do ICMS na base do PIS/Cofins, que pode custar R$ 20 bilhões anuais em arrecadação, e sinais de dificuldades em aprovar a reforma da Previdência também devem ter pesado nas vendas de hoje.
Só oito altas no Ibovespa
Apenas oito papéis dos 59 do Índice Bovespa fecharam em alta hoje, liderados por Rumo ON (BOV:RAIL3), 1,35%, seguida de Engie Brasil (BOV:EGIE3), com 1,09%, Hypermarcas ON (BOV:HYPE3), 1,04%, e Cielo ON (BOV:CIEL3), 0,81%. Já as maiores quedas, além de JBS e BR Foods, foram de Usiminas PNA (BOV:USIM5), 5,94%, Bradespar PN (BOV:BRAP4), 4,77%, Estácio Participações ON (BOV:ESTC3), 4,64% e CSN ON (BOV:CSNA3), 4,32%.
Na Europa, as bolsas fecharam em ligeira alta. O Índice Stoxx 50 subiu 0,25%, o Financial Times, de Londres, 0,12%, o DAX, de Frankfurt, 0,10% e o CAC, de Paris, 0,32%.
Nos EUA, o Índice Dow Jones teve uma pequena queda de 0,10% enquanto o S&P 500 perdeu 0,13%. Já o Nasdaq fechou estável. O petróleo fechou também praticamente estável em relação a ontem.
Juros futuros sobem
No mercado de juros futuros, as taxas subiram ligeiramente na BM&FBovespa, apesar dos sinais de inflação sob controle da segunda prévia do IGP-M. O contrato para janeiro de 2018 subiu de 9,96% para 10,01% e, para 2019, de 9,54% para 9,57%. Para 2021, a taxa subiu de 9,99% para 10% ao ano.