Em artigo publicado hoje na Folha de S.Paulo, o ex-ministro Antonio Delfim Netto defendeu o aumento da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina como forma de aumentar a arrecadação, equilibrar as contas públicas e ainda ajudar o setor de açúcar e álcool. Apesar da forte pressão dos empresários contra aumentos de impostos, cresce a percepção de economistas e do próprio governo de que não será possível fechar as contas públicas deste ano sem um reajuste. O mais cotado é a Cide.
Após analisar a crise política envolvendo o presidente Michel Temer, afirmando que ela resulta de denúncias por conta de “ilações que precisam, necessariamente, de provas materiais”, e da “dominação do Poder Legislativo pelo criminoso empresário”, numa referência ao acordo de leniência vantajoso obtido por Joesley Batista, sócio da JBS, em troca das denúncias contra Temer, o ex-ministro destaca a resistência da economia brasileira à turbulência. Segundo ele, essa notável resistência viria do apoio obtido pelo presidente “em razão das decisões tomadas por uma excelente equipe econômica”.
Delfim destaca, porém, que a situação fiscal continua gravíssima, citando declarações do ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, e que, dada a frustração de receitas e a impossibilidade de cortar gastos, “levará à necessidade de algum aumento de impostos”. Delfim defende então o aumento da Cide sobre a gasolina, segundo ele “o único tributo que produz um aumento do PIB… porque estimula a produção de etanol, ajuda o meio ambiente e recupera a situação do setor alcooleiro, além de ter efeito insignificante sobre a inflação neste momento”. “Há meses a Cide deveria ter sido aumentada para estimular a produção do etanol nacional e para protege-lo da concorrência desleal das importações criadas em 2017”, afirma o ex-ministro, concluindo com um “chega de filosofia!”.