A CTEEP – Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (B3: BOV:TRPL3 e BOV:TRPL4) registrou lucro líquido de R$ 504,7 milhões neste segundo trimestre. O ganho foi decorrente em grande parte dos R$ 389 milhões da remuneração do ativo de concessão da RBSE — Rede Básica do Sistema Existente. Excluindo esse impacto, destaca relatório da companhia, o lucro líquido seria de R$ 115,7 milhões, alta de 7,2% comparado ao mesmo período de 2016.
O resultado operacional medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) somou R$ 772,7 milhões, alta de R$ 598,3 milhões. Excluindo o efeito RBSE, o Ebitda foi de 183,2 milhões, aumento de R$ 8,8 milhões ante o segundo trimestre de 2016.
O banco UBS avaliou os resultados da companhia como neutros. Segundo informa a equipe de analistas em seu relatório, a CTEEP reverteu seus R$ 14 milhões de provisões para contingências, mas reportou uma perda de renda de capital devido a uma decisão desfavorável em disputa judicial sobre a subsidiária IE Madeira. O Ebitda ajustado pela equivalência patrimonial e itens não recorrentes de R$ 144 milhões atingiu a UBS-e de R$ 137 milhões, devido a custos inferiores ao previsto. “O lucro líquido de R$ 75,5 milhões (+ 3% em relação ao ano anterior) veio conforme ao UBS-e de R$ 78 milhões, uma vez que o maior Ebitda foi compensado por despesas financeiras líquidas piores do que o esperado”, destacam os analistas.
Otimismo com leilões
A expectativa do UBS é que a CTEEP continue participando de leilões de transmissão, pois receberá receita adicional significativa nos próximos oito anos a partir da compensação RBSE. “Acreditamos que esta estratégia é apropriada, e vemos ainda bons retornos para os leilões de transmissão. Dada a baixa alavancagem, nossa avaliação é que a CTEEP poderá pagar um rendimento de dividendos sustentável de pelo menos 10% ao ano e ainda crescer.”
Para o BB Investimentos, os números da companhia do setor elétrico não trouxeram maiores surpresas. O resultado de equivalência patrimonial foi negativo em R$ 5 milhões, explicado, principalmente, por ajustes negativos na receita da subsidiária IE Madeira. Os analistas também são otimistas em relação ao futuro próximo da empresa. “Em nossa tese de investimentos, acreditamos que a indenização RBSE direcionará o crescimento da CTEEP nos próximos anos, impulsionando investimentos no segmento de transmissão, seja pela participação da companhia em leilões (como já pode ser observado nos últimos certames) ou em reforços de sua base de ativos, além de possíveis aquisições, considerando a maior capacidade de financiamento e investimento proporcionada pelo recebimento da indenização”, ressalta o relatório do banco.
“Nós permanecemos com visão positiva sobre a empresa, com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, ou compra), apesar do preço atual da ação ter atingindo nosso preço-alvo, uma vez que ainda não consideramos em nosso modelo o recente aumento no valor RBSE, reconhecido pelo regulador, os recentes lotes adquiridos no leilão de 05/2016 e a aquisição de participação de 75% na IENNE. Os principais riscos à companhia são de execução dos novos projetos, relacionados a atrasos e sobrecustos, e disputas judiciais referentes ao recebimento da RBSE, além de outras questões regulatórias e societárias”, concluem os analistas do BB Investimentos.
Com reportagem de Sandra de Motta.