A Gafisa (BOV:GFSA3), construtora de imóveis residenciais e comerciais com foco no segmento de classe alta e média-alta, apresentou resultados fracos no segundo trimestre de 2017. Na visão do BB Investimentos, a empresa continua sofrendo com o cenário macroeconômico, que atingiu em cheio o segmento de maior renda.
Buscando reduzir estoques, a empresa decidiu não realizar novos lançamentos, o que resultou em uma diminuição da receita e impactos negativos em suas margens. “Em nossa opinião, este cenário mais difícil deve continuar por mais alguns trimestres, já que a economia doméstica ainda está patinando, apesar do menor nível de inflação”, dizem os analistas do banco em relatório.
Vendas líquidas cresceram 24%
As vendas líquidas da Gafisa somaram R$ 244,5 milhões, 24% a mais que em igual período do ano passado. A receita líquida totalizou R$ 147,3 milhões, 7,9% acima do registrado no trimestre anterior, mas 30,7% menor que no ano anterior. A diminuição da receita líquida na comparação anual foi causada por um mix de vendas mais concentrado em produtos recentes, nos quais há menor reconhecimento de receita e um maior volume de provisão para distratos.
Prejuízo de R$ 134,6 milhões
O lucro bruto, por sua vez, veio negativo em R$ 14,4 milhões, levando a uma margem bruta negativa de 9,8% no segundo trimestre deste ano. Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA, que dá uma ideia do fluxo de caixa da empresa) ajustado ficou negativo em R$ 65,1 milhões e a empresa teve um prejuízo líquido de R$ 134,6 milhões.
Embora a empresa venha trabalhando na melhoria da eficiência operacional e na diminuição do seu endividamento, ainda sofre muito com o cenário macroeconômico, que vem prejudicando as vendas e mantendo o volume de distratos em níveis elevados. “Não vemos uma recuperação nos próximos trimestres que justifiquem uma mudança em nossa recomendação Market Perform (previsão de desempenho semelhante aos referenciais de mercado; indicação de manutenção do papel), razão pela qual mantemos o preço-alvo de R$ 12,20 por ação (2017e) e a nossa recomendação anterior”, ressalta o BB Investimentos.
Tenda ganha com vendas para baixa renda e reformulação de estratégia
Já a Tenda (BOV:TEND3), uma das principais construtoras e incorporadoras do país focada em empreendimentos econômicos, enquadrados no programa “Minha Casa, Minha Vida” (MCMV), registrou resultados fortes neste segundo trimestre, com aumento na escala de operação, refletindo o bom momento observado no segmento de baixa renda e colhendo os frutos de sua reformulação de estratégia, chamada “Novo Modelo”.
Durante o primeiro semestre deste ano, a empresa aumentou a escala de sua operação e melhorou suas margens. No segundo trimestre de 2017, a companhia bateu um novo recorde em lançamentos desde a adoção do novo modelo, totalizando R$ 446 milhões.
As vendas brutas foram de R$ 463 milhões, 20,9% acima do mesmo período do ano anterior, impulsionadas pelo notável desempenho de vendas das unidades enquadradas no MCMV faixa 1,5, bem como uma distribuição equilibrada de seus projetos entre nas cidades onde opera.
Estoques cresceram 20,3%
Em função do aumento dos lançamentos, os estoques atingiram R$ 1,1 bilhão (alta de 20,3% sobre o ano anterior). A empresa também adquiriu novos terrenos, atingindo um total de R$ 1 bilhão em VGV potencial (Valor Geral de Vendas — calculado pela soma do valor potencial de venda de todas as unidades de um empreendimento a ser lançado). Como resultado, o landbank (processo de compra e estocagem de terrenos que estão em locais onde há a oportunidade de desenvolvimento urbano), cresceu 13% sobre o ano anterior.
Lucro líquido cresceu 141,3%
A receita líquida foi de R$ 314,6 milhões, impactada positivamente pelo crescimento das vendas brutas. O lucro bruto, por sua vez, chegou a R$ 103,5 milhões, 53,6% superior ao ano anterior. As despesas de vendas aumentaram neste trimestre, seguindo o crescimento da escala operacional. O lucro líquido da Tenda aumentou 141,3% no segundo trimestre, na comparação anual, para R$ 20,8 milhões.
Para os analistas do BB Investimentos, os bons resultados da Tenda estão relacionados ao crescimento em sua escala de operação. “A empresa vem melhorando seus principais indicadores de rentabilidade, evidenciando a consistência de seus negócios focados no Novo Modelo”, destacam em relatório. “Nesse sentido, colocamos nosso preço alvo em revisão para incorporar os resultados do segundo trimestre de 2017 e ajustar alguns pressupostos em nosso modelo de avaliação, para capturar upsides (potencial de valorização das ações) adicionais”, acrescentam.