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Loyola: inflação deve seguir baixa por até 2 anos; próximo presidente é fator de risco

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A inflação de setembro medida pelo IPCA, de 0,16%, ficou dentro do esperado e mostra que a tendência dos preços é de tranquilidade por um bom tempo, avalia o ex-presidente do Banco Central (BC) e sócio da Tendências Consultoria, Gustavo Loyola. “Está bem tranquila, não vemos a inflação mostrando as caras nos próximos 18, 24 meses”, disse, após participar do 38º Congresso da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). Com isso, o BC poderá reduzir os juros básicos até 6,75% ao ano, uma das menores taxas da história.

Para manter essa taxa, porém, será necessário avançar com as reformas, em especial a da Previdência, afirma Loyola. Sem a reforma, o teto dos gastos públicos fixado pelo governo deve estourar já em 2019, diante do crescimento das despesas com aposentadorias e outros gastos obrigatórios do governo. “As reformas são muito importantes para o ajuste das contas públicas e para mudar a trajetória da dívida pública, trajetória que hoje é insustentável”, afirmou. “Se perdermos a janela de oportunidade para fazer a reforma da Previdência com Temer, ela só será possível em 2019, comprometendo o ajuste fiscal, o teto e, mais que o teto, a sustentabilidade da dívida”, alerta.

Com a reforma adiada para 2019, ganha mais importância a eleição presidencial do ano que vem, que ainda não apresenta uma definição. “Estamos esperando um cenário de juro baixo, mas ele pressupõe a cenário benigno da economia que só pode vir da continuidade das reformas, especialmente a da Previdência”, diz. “Sem essa âncora fiscal, dificilmente vamos sustentar a estabilidade macroeconômica e em algum momento ela vai explodir”, alerta. “E você não tem mais tempo para tomar medidas paliativas”, diz, admitindo que há casos de desperdícios na Previdência que poderiam reduzir seu déficit. “Podemos fechar uma brecha aqui ou acolá, mas isso não resolve, tem de mexer na questão estrutural que é o envelhecimento da população e a redução da população ativa que eleva o déficit”, lembra.

Loyola acredita que há hoje uma maior percepção dos políticos em Brasília de que é preciso reformar a Previdência. “Mas o  grande problema é a desidratação que essa reforma vai sofrendo ao longo da discussão política, pela força dos grupos de interesse”, explica. No caso, os grupos mais poderosos e vocais são os ligados aos funcionários públicos. “Essa reforma proposta feita pelo Temer tem um aspectos positivo que é justamente a unificação dos regimes, público e privado, e aí acaba com os privilégios, mas é justamente isso que cria maior resistência”, diz.

Mesmo a questão da idade mínima poderia ser vencida, acredita Loyola. “Basta que você dilua o impacto do aumento da idade com uma boa regra de transição, que não atinja quem está perto de se aposentar”, diz. Já os grupos de interesse, como funcionários públicos, polícia federal ou Judiciário ou mesmo funcionários de outras esferas de governo tem um poder de barganha maior, mais acesso aos parlamentares e aos formadores de opinião.

O receio, diz Loyola, é que o próximo presidente não tenha a mesma capacidade de articulação política de Temer para aprovar a reforma.

O grande problema é que a maior parte dos gastos públicos não pode ser reduzida, o que reduz as opções para o próximo presidente ajustar as contas públicas e torna mais importante a reforma da Previdência, explica Loyola. Além disso, o Estado brasileiro tem uma eficiência muito baixa, presta serviços ruins e as pessoas percebem isso e não devem aceitar um presidente que não se comprometa em melhorar essa eficiência. Um outro desafio são os setores que se acostumaram com os benefícios do governo, seja diretamente via subsídios, seja indiretamente. “Esses setores da economia não querem desmamar do governo, mas será preciso”, afirma Loyola.

Ele deixa claro também que as mudanças têm de ser feitas pelos políticos, rebatendo as ideias de que bastaria eleger um presidente autoritário ou então esperar um golpe militar para impor à força uma reorganização do Estado. “Não vai ser uma pessoa que vai chegar lá e decretar que tudo tem de mudar, não é assim que funciona na democracia”, afirma. Ao mesmo tempo, Loyola deixa clara sua preocupação com as pesquisas eleitorais que mostram o crescimento de nomes mais radicais na corrida presidencial.

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