O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse hoje em Washington que “há uma percepção de que talvez a gente consiga no Brasil, finalmente, ter um período de estabilidade, inflação baixa e juros mais baixos”. Goldfajn destacou previsões de analistas de que a taxa de juros no país “vai ficar baixa por um período mais longo”. “Isso não significa ficar parada o tempo todo, tem ciclos”, disse.
As afirmações do presidente do BC foram feitas durante a Brazil Economic Conference 2017, evento promovido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. Ilan Goldfajn afirmou que a criação da taxa de juros de longo prazo (TLP) para o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); bem como as reformas trabalhista e as no âmbito financeiro, como a do cadastro positivo, têm ajudado para que a taxa de juros continue caindo.
“As questões fiscais certamente têm um peso importante. Por isso que [a PEC do] teto dos gastos e também a [reforma da] Previdência, são todas bastante importantes para a taxa de juros estrutural”, afirmou.
Sobre a trajetória de crescimento do Brasil, o presidente do BC afirmou que “vai ter uma trajetória entre 2 e 3% no final deste ano” e que “a taxa de crescimento deste ano é uma média, mas na ponta a gente já está muito perto do que a gente está estimado”.
Goldfajn afirmou que a reforma da Previdência é importante para economia brasileira e que “esse tipo de reforma tem de ser feito agora, quando as condições são benignas no cenário internacional”. Para o presidente do BC a reforma pode ajudar a manter a taxa de juros estrutural do país baixa e quanto mais cedo for aprovada, “melhor é para todo mundo”.
Goldfajn também comentou sobre a possibilidade de uma reforma para aumentar a independência do Banco Central: “é uma reforma importante e dá certa segurança para todo mundo, é algo que eu não descarto, mas expliquei que dentro da lista de reformas ela não chegou a entrar na fila até agora”.
Economia internacional
Na avaliação de Ilan Goldfajn, a economia global está se recuperando. Segundo ele, “há um começo, bem gradual, de normalização da política monetária no mundo todo”. Ele também comentou a possibilidade de mudança no comando do FED, o banco central norte-americano, caso o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, resolva nomear um substituto ao final do mandato de Janet Yellen. Ele afirmou que o Brasil está preparado para qualquer escolha que possa ser feita.
O presidente do Banco Central disse que há uma estabilidade na taxa de câmbio brasileira, mas não por causa de atuação direta do Banco Central, e sim porque as taxas de câmbio de outros países estão menos voláteis: “isso tem afetado o Brasil e tem mantido a nossa taxa de câmbio, tem gerado mais exportações”.