O Índice de Confiança da Construção (ICST), da Fundação Getulio Vargas, avançou 0,4 ponto em maio, alcançando 82,4 pontos , o maior nível desde janeiro de 2018 (82,6 pontos). Mas, após três meses seguidos de alta, a percepção empresarial em relação à situação atual dos negócios teve piora.
Esta movimentação não significa uma mudança de tendência, mas uma confirmação de que a melhora da atividade está sendo muito lenta. Se as expectativas mostram que o empresário continua acreditando na alta da demanda para os próximos meses, o ritmo de crescimento indica que a volta do setor ao patamar anterior à crise não ocorrerá no curto/médio prazo, comentou Ana Maria Castelo, Coordenadora de Projetos da Construção da FGV IBRE.
Expectativa de curto prazo sobe
A ligeira alta do ICST decorre da melhora das perspectivas de curto prazo compensando a piora das avaliações atuais dos empresários do setor. O Índice de Expectativas (IE-CST) subiu 2,1 pontos, para 94,8 pontos, o maior nível desde janeiro de 2018 (95,9 pontos).
O indicador que mais influenciou positivamente o IE-CST em maio foi o que mede a tendência dos negócios para os próximos seis meses, que subiu 2,5 pontos, após três meses de quedas consecutivas, para 95,9 pontos.
O Índice da Situação Atual (ISA-CST) recuou em maio, com variação de -1,2 ponto, para 70,5 pontos, o mesmo nível de fevereiro de 2018.
O indicador que mais influenciou a queda do ISA-CST foi o que mensura a situação dos negócios no momento, que caiu 1,3 ponto, após quatro meses de relativa estabilidade atingindo 72,7 pontos, menor nível desde novembro passado (70,7 pontos).
O Nível de Utilização da Capacidade (NUCI) do setor reduziu em 0,3 ponto percentual, para 64,7%. Os indicadores desagregados para Mão de Obra e Máquinas e Equipamentos também acompanharam esta queda: -0,3 e -0,4 ponto percentual, respectivamente.
Limitações à melhora dos negócios
De acordo com os empresários da construção, a Demanda Insuficiente é a principal limitação enfrentada pelas empresas desde julho de 2014, percentual que alcançou quase 60% em julho de 2016. Em maio, a demanda (ou a falta de) se manteve no topo da lista, mas regrediu para 51% das assinalações, confirmando o lento avanço da atividade.
Mas além das questões relacionadas ao acesso ao crédito mais caro e difícil, o empresário aponta outros fatores que considera importantes. Entre os itens classificados como Outros, que recebeu 22,2% de assinalações, o principal destaque tem sido o Cenário Macroeconômico (com 51,9%).
De fato, o cenário macroeconômico adverso agravado por Incerteza Política (assinalado por 15,6%) atinge diretamente as decisões de investir e tem contribuído para as perspectivas de baixo crescimento do setor em 2018.
A edição de maio de 2018 coletou informações de 675 empresas entre os dias 02 e 22 deste mês. A próxima divulgação da Sondagem da Construção ocorrerá em 26 de junho de 2018.