Em seu primeiro mês de vida, o pioneiro fundo de renda fixa com cotas negociadas em bolsa (Exchance Traded Funds, ou ETF) está se beneficiando da queda dos juros e já conta com 175 investidores, equivalente a um quinto dos novos aplicadores em ETF da bolsa. Lançado no dia 10 de setembro, o ETF de Renda Fixa da Mirae Asset está sendo cotado a R$ 10,19, acumulando rendimento de 1,9% em menos de um mês, um bom resultado diante das taxas de juros de 6,5% ao ano, observa André Pimentel, diretor de Investimentos da Mirae Asset Global Investments no Brasil. A Mirae é responsável pela gestão do fundo, que acompanha os contratos futuros de juros da B3 e reflete uma taxa prefixada calculada pela Standard & Poor’s.
A maioria dos ETFs brasileiros é de índices de ações. O da Mirae foi o primeiro de renda fixa. A expectativa é que o Tesouro Nacional também lance um ETF, com base nos títulos públicos federais, sob a gestão do Itaú Unibanco.
Segundo Pimentel, o volume negociado está em R$ 13 milhões e o patrimônio líquido do fundo atingiu R$ 35 milhões em 28 de setembro, um crescimento de 10,7% em relação ao lançamento. Durante os pregões de negociação, observou-se em grande parte do tempo um spread (diferença entre o preço de compra e o de venda da cota do fundo) de R$ 0,01 (um centavo) e um volume médio diário de negociação de R$ 890 mil. “Ficamos muito satisfeitos com esse spread baixo, era uma preocupação nossa evitar que a diferença entre os preços de compra e venda fosse muito grande e afastasse o pequeno investidor, por isso investimos no formador de mercado”, afirma Pimentel.
Do patrimônio total do fundo, 80% é de investidores institucionais, 7% são estrangeiros e o restante pessoas físicas e empresas. “Mas o maior número de investidores, apesar do menor valor financeiro, é de pessoas físicas”, destaca Pimentel.
Segundo ele, o ETF de Renda Fixa respondeu por 22% do crescimento de investidores em ETF da bolsa neste mês. “Estamos bem contentes com a evolução, a repercussão foi muito boa e tem muita gente interessada, mas muitos gestores e fundos têm de aprovar a aplicação em seus comitês e isso leva um pouco de tempo”, explica. Segundo ele, há gestores de fundos também estudando usar o ETF para suas estratégicas de renda fixa. “Há inclusive um grande fundo estrangeiro muito interessado, mas antes seria preciso o fundo do ETF crescer mais, ter um patrimônio maior, pois muitos gestores têm restrições para aplicar em fundos menores”, explica Pimentel. “A medida que o patrimônio do ETF for crescendo, ele deve atrair mais esses grandes investidores”. Hoje, o total de investidores de fundos ETF no mercado brasileiro está em torno de 30 mil, estima Pimentel.
Ele acredita também que, passando as eleições, a procura pelo ETF de Renda Fixa deve aumentar, já que o cenário econômico ficará mais claro. “O ETF tem uma taxa de juros prefixada, então mesmo sem risco de crédito ele tem o risco de mercado, de o juro subir, mas estamos bastante otimistas independentemente do resultado da eleição”, afirma.