O Índice Bovespa fechou a quarta-feira em forte queda, de 3,74%, voltando para os 94.635 pontos, em meio a um movimento de realização de lucros após os fortes ganhos de janeiro e deste mês e com o mercado recalibrando o otimismo com a aprovação da reforma da Previdência.
O dólar fechou com firme alta de mais de 1%, cotado a R$ 3,70, ao passo que os juros futuros de longo prazo fecharam com prêmios significantes.
As informações de que a minuta que deve ir ao Congresso com a reforma não deve ser tão rigorosa quando a que vazou para os jornais na segunda-feira, com idade mínima de 65 anos para ambos os sexos, e que talvez o governo reduza essa idade, além de abrandar outros pontos, fez os investidores optarem por colocar parte dos lucros no bolso antes de alguma frustração.
Os problemas com a recém-criada bancada do governo na Câmara, com o fracasso da reunião marcada pelo novato Major Vitor Hugo, do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, também despertaram a atenção dos analistas. Vitor Hugo convocou os líderes pelo Tweeter, o que irritou alguns convidados. O próprio PSL já vem pressionando pela saída do líder.
Com a queda de hoje, o Ibovespa acumula perda de 3,30% na semana, de 2,83% no mês e ganho de 7,68% no ano e de 12,80% em 12 meses. Papéis de peso no índice, especialmente os bancos, puxaram a baixa, com Itaú Unibanco PN perdendo 4,21% e Bradesco PN, 4,71%.
Banco do Brasil ON caiu 6,09% e Santander Unit 4,18%. Vale também segue em queda, com 4,88% de baixa, em meio a novas limitações da Justiça envolvendo barragens da companhia que vão retardar a volta à operação da usina de Brucutu, que responde por 7% da produção da empresa e já está comprometendo as entregas.
Só uma ação do Ibovespa em alta
As maiores quedas do índice no dia foram de Cielo ON, 7,42%, Marfrig ON, 6,43%, JBS ON, 6,34% e CCR ON, 6,22%. Apenas um papel dos 65 que forma o Ibovespa subiu hoje: Suzano Papel ON, com 1,18% de ganho, acompanhando a valorização do dólar.
O comportamento misto dos mercados no exterior, na ausência de novidades sobre as negociações comerciais entre EUA e China e ante fracos dados da zona do euro, também contribuíram para a elevação da aversão ao risco domesticamente, observa o BB Investimentos.
Nos EUA, a Balança Comercial de novembro registrou déficit de US$ 49,3 bilhões. Considerando apenas o comércio com a China, naquele mês, o déficit americano foi de US$ 37,8 bilhões. O resultado de novembro, no entanto, veio melhor que o verificado em outubro, registrando uma queda de cerca de 11% no déficit.
Na Alemanha, a divulgação dos dados referentes às encomendas das fábricas em dezembro frustrou os analistas. Na comparação com novembro, houve uma queda de 1,6% ante uma expectativa de alta de 0,3% nos pedidos. Os dados reforçam a percepção de que a maior economia da Europa se encaminha para desaceleração mais firme.
No Brasil, a Anfavea divulgou um crescimento de 10% nas vendas de veículos novos em janeiro em relação ao mesmo mês do ano passado, e o Copom manteve os juros básicos em 6,5%.
O giro financeiro foi forte, o que reforça o impacto da queda das ações, com R$ 17,268 bilhões negociados. No dia 04 de fevereiro, houve ingresso líquido de capital estrangeiro em R$ 421 milhões, elevando o saldo positivo do ano para R$ 2,5 bilhões.
Dólar em alta
A preocupação com a reforma da Previdência fez o dólar voltar para R$ 3,7040, em linha com o movimento de valorização majoritário do dólar frente uma cesta com as 24 principais moedas, diz o BB Investimentos. O dólar comercial acumula agora uma alta de 1,26% no mês, uma desvalorização de -4,41% no ano, e uma alta de 14,22% em 12 meses. O risco medido pelo CDS Brasil de 5 anos subiu para 1,66 ponto percentual, ante 1,63 ponto da última sessão.
Os juros futuros encerraram a sessão regular em alta nos contratos de longo prazo, refletindo o cenário doméstico de cautela e puxados pela alta do dólar. O DI para janeiro de 2025 fechou projetando 8,71% frente a 8,61% ontem.
Para esta quinta-feira, as atenções dos mercados vão girar em torno de dados da inflação, com a divulgação do IGP-DI da FGV e do índice oficial usado pelo Banco Central, o IPCA, pelo IBGE. Nos EUA, saem dados dos pedidos de seguro-desemprego; entre outros indicadores represados pela paralisação do governo federal. Saem ainda a produção industrial na Alemanha e na França.