Mesmo o Banco Central mantendo inalterada a taxa básica de juros (Selic) em 6,5% em sua ultima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), as taxas de juros das operações de crédito voltaram a ser reduzidas em fevereiro, sendo esta a 12ª redução consecutiva, segundo levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Segundo Miguel de Oliveira, Diretor de Estudos e Pesquisas da Anefac, as taxas de juros vinham em um longo período de redução quando, em fevereiro de 2018, voltaram a ser elevadas, retomando depois a tendência de queda.
Segundo a Anefac, estas reduções podem ser atribuídas à melhora do cenário econômico com crescimento da economia o que reduz o risco da inadimplência. As taxas de juros e os spreads também estão em patamares elevados possibilitando redução das mesmas mesmo com a manutenção da Selic. Já o Procon constatou aumento dos juros do cheque especial em março. Os juros do empréstimo pessoal continuaram estáveis.
Pessoa Física, menor taxa desde fevereiro de 2015
Todas as linhas de crédito para pessoas físicas pesquisadas tiveram suas taxas de juros reduzidas no mês, segundo a Anefac. A taxa de juros média geral para pessoa física apresentou uma redução de 0,04 ponto percentual no mês (0,99 ponto percentual no ano) correspondente a uma redução de 0,59% no mês (0,83% em doze meses). A taxa passou de 6,75% ao mês (118,99% ao ano) em janeiro/2019 para 6,71% ao mês (118,00% ao ano) em fevereiro/2019 sendo esta a menor taxa de juros desde fevereiro/2015, segundo a Anefac.
Pessoa Jurídica tem menor taxa desde 2014
Todas as linhas de crédito para empresas pesquisadas tiveram suas taxas de juros reduzidas no mês, segundo a Anefac.
A taxa de juros média geral para pessoa jurídica apresentou uma redução de 0,05 ponto percentual no mês (0,90 ponto percentual no ano) correspondente a uma redução de 1,41% no mês (1,70% em doze meses) passando a mesma de 3,54% ao mês (51,81% ao ano) em janeiro/2019 para 3,49% ao mês (50,93% ao ano) em fevereiro/2019, sendo esta a menor taxa de juros desde outubro/2014.
Taxa de juros x Selic
Considerando todas as elevações e reduções da taxa básica de juros (Selic) promovidas pelo Banco Central desde março/2013,
tivemos neste período (março/2013 a fevereiro/2019) uma redução da Selic de 0,75 ponto percentual (redução de 10,34%) de 7,25% ao ano em março/2013 para 6,50% ao ano em fevereiro/2019.
Neste período a taxa de juros média para pessoa física apresentou uma elevação de 30,03 pontos percentuais (elevação de 34,14%)
de 87,97% ao ano em março/2013 para 118,00% ao ano em fevereiro/2019.
Nas operações de crédito para pessoa jurídica houve uma elevação de 7,35 pontos percentuais (elevação de 16,87%) de 43,58%
ao ano em março/2013 para 50,93% ao ano em fevereiro/2019.
PERSPECTIVAS PARA OS PRÓXIMOS MESES
Tendo em vista a melhora do cenário econômico com menor risco de crédito e o fato das atuais taxas de juros das operações de crédito estarem elevadas a tendência é que as taxas de juros continuem sendo reduzidas nos próximos meses, afirma Oliveira.
Entretanto, frente ás incertezas econômicas que vem pressionando a cotação do dólar bem como fatores externos notadamente o quadro econômico em algumas economias emergentes (Argentina, Turquia e África do Sul), elevação dos juros americanos, a guerra comercial EUA x China, Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) bem como o fato do Banco Central ter sinalizado com elevação da taxa básica de juros frente a todos estes cenários existe igualmente o risco das taxas de juros voltarem a ser elevadas nos próximos meses.
Dicas para quem for tomar um empréstimo
A única obrigatoriedade que a instituição financeira tem é informar ao cliente quais as taxas que lhe serão cobradas caso recorra a qualquer tipo de crédito, alerta Oliveira, da Anefac.
Tendo em vista existirem expressivas variações entre as taxas de juros nas diversas instituições financeiras recomendamos:
* Quando da contratação de um financiamento pesquise sempre a taxa de juros e demais acréscimos;
* Evite comprometer demasiadamente seu orçamento com dívidas;
* Evite empréstimos de longo prazo que embutem custos maiores;
* Evite entrar no rotativo do cartão de crédito e do cheque especial que possuem as maiores taxas de juros;
* O cheque especial não é renda e deve ser utilizado por um período curto e emergencial. Se tiver necessidade de usar este limite por um período maior procure a sua instituição financeira e faça um empréstimo pessoal (que tem custos menores) para liquidar o cheque especial;
* Existem linhas de crédito mais baratas como o micro crédito que tem taxa de 2,00% ao mês, penhor de jóias da Caixa Econômica Federal e do crédito consignado com desconto em folha. Assim caso necessite de crédito veja a possibilidade destes empréstimos mais baratos;
* Salientamos que a linha de crédito consignado com desconto em folha de pagamento/benefício do INSS já atinge hoje mais de R$ 339 bilhões correspondente a 72,0% do total do crédito pessoal;
* Necessitando de crédito para pagar uma dívida e não tendo condições de faze-lo não deixe suas dívidas crescerem mais por conta dos juros de mora e multas. Procure o credor de sua dívida e proponha uma renegociação do prazo e das taxas de juros em uma condição que consiga cumprir;
* Se possível adie suas compras para juntar o dinheiro e comprar o mesmo à vista evitando os juros. Entretanto caso não seja possível pesquise muito, barganhe e compre nos menores prazos possíveis (quanto menor o prazo menor a incidência de juros);
* Resumindo, use o crédito com moderação e conscientemente;
* Como diz a campanha de uma grande instituição financeira privada de uso consciente do crédito “ O crédito foi feito para você realizar seus sonhos, não para tirar seu sono”.
Dicas para se livrar das dívidas
1) – Identifique todas as suas dívidas;
2) – Tendo recursos aplicados resgate os mesmos para usar nestes pagamentos mesmo que sejam parciais;
3) – Tendo bens se desfaça deles para fazer dinheiro e pagar estas dívidas;
4) – Reduza suas despesas mensais (comprometa sua família nesta cruzada);
5) – Analise sua capacidade de pagamento para propor acordo a seus credores (qual o valor mensal que posso dispor?);
6) Estabeleça prioridades (quais despesas devo pagar ou renegociar primeiro (as mais caras e as que geram penalidades como condomínio, luz, agua, telefone);
7) – Se for possível peça um empréstimo mais barato para liquidar as dívidas mais caras;
8) – Não sendo possível renegocie com seus credores condições de pagamento que possa cumprir;
9) – É importante propor algo que consiga cumprir para não ficar novamente inadimplente após algum tempo. Isto desacredita você;
10)- O ideal é negociar antes de entrar nas listas de proteção ao crédito. Entretanto só deve fazer isto caso a condição desta renegociação seja boa para você como prestações baixas e reduções dos juros caso contrário não aceita a renegociação pois inevitavelmente você não vai conseguir cumprir.
11)- Mude seus hábitos de gastos para não voltar novamente a mesma situação (não gastar mais de que ganha, não usar cheque especial e rotativo do cartão de crédito).