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ETF de Renda Fixa do Tesouro estreia na bolsa; fundo captou R$ 2 bi

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O fundo de renda fixa com cotas negociadas em bolsa (Exchange Traded Fund, ou ETF) do Tesouro Nacional que aplica em títulos corrigidos pela inflação, estreou nesta segunda-feira na B3. A carteira é gerida pelo Itaú e tem uma taxa de administração mais baixa, de 0,25% ao ano, para atrair o investidor. Ele aplica em papéis do Tesouro corrigidos pela inflação de acordo com o Índice de Mercado Anbima série B (IMA-B), que reúne os 13 vencimentos de NTN-Bs em circulação no mercado. Por isso, o ETF recebeu o nome IMAB-11. Este é o segundo ETF de renda fixa do mercado brasileiro.

O fundo captou R$ 2 bilhões na sua oferta pública inicial (IPO) realizada em abril, valor bem acima dos R$ 300 milhões mínimos esperados pelo Tesouro. E poderia ter captado mais. O total de ofertas superou os R$ 2,4 bilhões, segundo Rui Penteado, responsável processo de distribuição do ETF no Itaú e no mercado. Desse total captado, R$ 1,3 bilhão foram recursos de investidores institucionais, fundos de investimentos ou seguradoras. O restante veio de mais de 2 mil pessoas físicas que participaram da oferta inicial. “Isso traz um valor tão grande para a gente quanto o volume total que foi colocado, que superou em larga escala os R$ 300 milhões de mínimo”, disse.

Muitos desses investidores pessoas físicas nem sequer tinham conta em corretora, observa Penteado. “E não é trivial fazer uma oferta de renda fixa na bolsa, que normalmente é uma casa de renda variável”. Isso exigiu um treinamento da força de vendas do banco, dos 2.500 gerentes de contas do Itaú. “Estávamos muito preocupados com a aceitação do investidor na oferta, então esses 40% tem um valor muito grande”, disse.

Segundo Penteado, a força do ETF virá no pós-IPO. “Muitos institucionais ainda tem restrições, precisam de processos específicos para aprovar sua aplicação, como é o fundos de pensão e Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS)”, afirmou. Muitas fundações e RPPS têm limitações de participação e concentração em fundos e, por isso, não poderiam participar no IPO pois não se sabia com qual fatia do fundo ficariam. “Agora já é possível saber e eles podem aprovar em seus comitês de investimento”, disse.

Por isso, o foco na distribuição no IPO foi na pulverização do ETF. “E nesta segunda fase o institucional deve ser mais forte”, disse.

Desde a largada, o principal foco era garantir maior acesso aomercado de capitais, torna-lo mais popular, explicar o que é o ETF, o conceito de ETF de renda fixa, os conceitos eram muito novos para o investidor de varejo, afirmou Penteado. “Por isso o Itaú se concentrou na educação financeira para que o público de varejo tivesse o primeiro contato com os ETFs, explicou. “O objetivo era o desenvolvimento do mercado de capitais no Brasil”, acrescentou. Por isso, a quase totalidade dos cotistas acabou sendo de clientes do próprio Itaú.

O custo do ETF é de 0,25% cobrados pelo Itaú na gestão do fundo e mais os custos de custódia das cotas e a corretagem cobrada pela corretora, explicou Penteado. “Conforme a B3 consiga colocar a possibilidade do aluguel das cotas, o que pode acontecer ainda este ano, o investidor poderá tem um ganho extra para reduzir seu custo”, disse.

O ETF terá um formador de mercado para negociar as cotas na bolsa, o Santander, que vai garantir que as cotas sigam de perto as cotações dos títulos, diz Renato Eidi, da Itaú Asset. O fundo poderá crescer ainda mais com investidores “criando” cotas, ou seja, transformando títulos públicos, NTN-B, em cotas do ETF, explicou o executivo.

O objetivo do Tesouro com o ETF foi fomentar o mercado de capitais, explicou José Franco, subsecretário da Dívida Pública do Tesouro Nacional. Mas não faz parte da estratégia do Tesouro lançar outro ETF. A expectativa é que o mercado agora desenvolva outras opções. Penteado, do Itaú, por sua vez, afirmou que a prioridade do banco por enquanto é ampliar a participação de investidores institucionais e a pulverização no varejo do IMAB-11. “Queremos trazer outros ETFs, mas isso depende de liquidez dos mercados de títulos e também do desenvolvimento do mercado de ETF junto aos investidores”, diz Penteado, citando o caso das debêntures, cuja emissão aumentou no ano passado, mas que é ainda um mercado com pouca liquidez.

No caso das pessoas físicas, o crescimento dos ETF está ligado ao aumento também da assessoria para os investidores, que precisam de alguém orientando quais ETFs comprar e em que situações, como já ocorre em outros países. “Não queremos trazer novos investimentos sem que o investidor esteja preparado”, disse.

Já Anderson Caputo Silva, gerente global de Finanças de Longo Prazo do Banco Mundial, que ajudou no desenvolvimento do ETF do Tesouro, destacou a importância dos ETFs para os mercados e citou a presença de um representante do Tesouro da Colômbia, César Arias, para conhecer a experiência brasileira. O governo colombiano está em conversas com o Banco Mundial para lançar também um ETF de renda fixa. “Temos ainda mais um país conversando conosco na América Latina e alguns na Ásia”, disse Silva.

Segundo ele, o objetivo do Banco Mundial é desenvolver os mercados de ETF de renda fixa nos países emergentes para que sirvam de opção de financiamento não só dos governos, mas principalmente das empresas privadas e do crescimento da região.

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