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C&A Modas (CEAB3) 2T20: Prejuízo líquido de R$ 192 milhões

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C&A reporta prejuízo líquido de R$ 192 milhões, revertendo o lucro de R$ 25,7 milhões do mesmo período de 2019. A covid-19 teve um impacto substancial nos resultados da C&A Modas no segundo trimestre. O fechamento forçado das lojas no período devido à pandemia derrubou a receita.

Os resultados da C&A Modas (BOV:CEAB3) referente a suas operações do segundo trimestre de 2020, foram divulgados no dia 19/08/2020.
Ebitda ajustado – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização – ficou negativo em R$ 114 milhões, também revertendo o desempenho positivo do ano anterior, com a margem recuando 55,7 pontos percentuais (p.p.), a -38,7%.
A C&A é uma empresa do varejo que atua com moda e serviços financeiros. Ela comercializa produtos como roupas, acessórios, celulares e eletrônicos. O setor financeiro atua junto ao Banco BradesCard, com serviços, como emissão e administração do Cartão C&A, empréstimo pessoal e seguros. A empresa foi fundada em 1841 pelos irmãos holandeses Clemens e August Brenninkmeijer e possui valor de mercado de R$ 3,4 bilhões. Confira a Análise completa da empresa com informações exclusivas.
A receita líquida total recuou 76,6% para R$ 294,5 milhões. As vendas “mesmas lojas”, que consideram o desempenho de unidades em funcionamento há mais de 12 meses, caiu 77% em base anual.
Para tentar compensar a queda da receita, a C&A tomou ações para reduzir as despesas, com renegociação de aluguéis e adoção das medidas de suspensão de contratos e redução de jornadas permitidas pelas Medidas Provisórias (MPs) 936 e 927. As medidas ajudaram a reduzir as despesas operacionais em 29,2%, para R$ 387,7 milhões.
No período, a receita com vestuário apresentou queda de 79,7% e a do segmento chamado “Fashiontronics”, que vende smartphones, tablets, relógios e acessórios, teve queda de 65,7%.
A pandemia também atingiu a parte de serviços financeiros que a C&A tem em parceria com o Bradescard. O fechamento de lojas e o aumento na provisão para perdas esperadas de crédito fizeram a receita cair 74%, para R$ 16 milhões.
A C&A consumiu um caixa livre de R$ 400,8 milhões no primeiro semestre, um aumento em relação a 2019 de R$ 220 milhões. Com o fechamento das lojas dois principais impactos foram detectados: redução de contas a receber e fornecedores.

Teleconferência

A C&A vem recuperado as vendas após o segundo trimestre, com uma maior taxa de conversão de visitas de clientes às lojas em compras, disse a direção em teleconferência com analistas na manhã desta quinta-feira. Nesse cenário, o que pode ter impulsionado a demanda é a manutenção do ambiente promocional de abril a junho também nos meses de julho e agosto.

A empresa publicou balanço do segundo trimestre na noite de quarta-feira. Às 12h15, a ação da rede caía 0,58%, para R$ 10,26.

“Se você tem um pedaço importante da venda que é o inverno, e o ‘timing’ da sazonalidade está se encerrando, isso obviamente gera mais promoção, e todos [os grupos de moda] saíram com estoque alto do trimestre [abril e junho]. Então isso ainda gera maior promoção no terceiro trimestre, em julho e agosto, talvez menos em setembro”, disse Paulo Correa, presidente da C&A.

C&A — Foto: Reprodução / Facebook

Sobre efeito desse movimento nas margens, ele afirmou que a rentabilidade deve estar mais pressionada de julho a setembro, mas “não tão mais pressionada”. “Isso porque nós vínhamos com um estoque em excesso menor [que o mercado]”, disse.

Quanto à operação das lojas físicas, o processo de reabertura iniciado em 26 de abril evoluiu gradualmente até meados de junho, quando a rede passou a enfrentar novamente o fechamento de lojas por causa do avanço da pandemia. Em função de cobertura geográfica, o processo de reabertura foi mais lento do que o do setor. Ao término do trimestre, a C&A tinha 71% de seu portfólio de 288 lojas em operação.

A empresa fechou o trimestre fazendo quase 60% das vendas totais de mercadorias de um ano atrás.

Com relação ao plano de crescimento, a pandemia acabou afetando o projeto de abertura de novas lojas, e não será possível entregar o plano original de 22 aberturas no ano, disse Correa. A companhia ainda está revendo esse planejamento original em função do impacto do fechamento dos shoppings pelo isolamento e das oportunidades.

A empresa ainda disse que iniciou no segundo trimestre um teste piloto com autoatendimento em loja no shopping Iguatemi, em São Paulo. Também está testando a implementação de compra de produtos por radiofrequência, em uma unidade em Tamboré, em Barueri (SP). Nesse sistema, chips são instalados nas mercadorias, com informações dos produtos, facilitando contagem de produtos, rastreio, compras etc.

O comando ainda informou que o parceiro da C&A em serviços financeiros, o Bradesco, flexibilizou a clientes condições de pagamentos do cartão após início da pandemia.

Visão de mercado

Segundo Luis Sales, da Guide Investimentos, o Impacto é Marginalmente Positivo. O resultado da C&A foi bastante impactado pela chegada da pandemia e consequentes medidas de isolamento social tomadas pelos governadores, o que contribuiu para queda de 77% em vendas nas mesmas lojas. Este valor já começou a dar sinais de melhora com o mês de julho encerrando com cerca de 85% das lojas reabertas. Ainda, a empresa conseguiu apresentar seus números em linha com a expectativa do consenso Bloomberg. Por fim, vale destacar o grande crescimento de 356% da receita, comparado ao 2T19. Nossa expectativa é positiva para o papel nos próximos meses, que é bastante forte no meio físico e deverá acompanhar as tendências de reabertura gradual das atividades e retorno dos fluxos às lojas.

 

Para os analistas da XP Investimentos, o desempenho no trimestre foi fraco, conforme esperado, e os números reportados estavam abaixo das nossas expectativas e do consenso de mercado. De qualquer maneira, eles vêem alguns pontos positivos nos resultados. Dentre eles, destacaram o progresso importante que a companhia fez em relação ao canal digital, tendo atingido a marca de 3 milhões de usuários mensais ativos no aplicativo – uma forte aceleração em relação aos 900 mil apresentados ao final de março desse ano. Além disso, segundo a companhia hoje 75% das lojas operam com “ship from store” e 67% com “clique e retire drive thru”.

Outro destaque relevante no trimestre foi o lançamento do marketplace da C&A, denominado “Galeria C&A”, em linha com a visão da companhia de ampliar o sortimento de categorias, a fim de complementar a jornada do cliente. Hoje a plataforma conta com mais de 20 sellers, com marcas como Vivara, Cia Marítima, entre outras.

A Xp manteve a Compra. As estimativas de curto prazo podem ser negativamente impactadas pela revisão do plano de aberturas da companhia em 2020. De qualquer forma, acreditamos que o impacto da pandemia nos resultados da companhia já tenha sido, em grande parte, precificado pelo mercado. Ao longo dos próximos meses, acreditamos que a contínua normalização das atividades no varejo físico (85% das lojas reabertas ao final de julho) e o sólido desempenho no canal online devam suportar a melhora dos resultados. Dessa forma, mantemos a nossa recomendação de Compra para as ações de C&A (CEAB3) e preço-alvo de R$15,00 para o final de 2020.

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