A CCR, que opera concessões de rodovias, aeroportos e mobilidade urbana, registrou prejuízo de R$ 142,1 milhões no segundo trimestre deste ano, contra um lucro de R$ 347,4 milhões no mesmo período de 2019. O resultado negativo já era esperado, devido à queda no movimento de suas concessões, no auge da pandemia no Brasil. O tráfego consolidado no trimestre caiu 18,2%.
Os números consideram ainda um efeito positivo: a entrada em operação da ViaSul. Se for considerada a mesma base de comparação, o prejuízo teria sido de R$ 164,7 milhões, e o Ebitda ajustado, R$ 819,4 milhões (queda de 39,7%).
A companhia, porém, já vislumbra uma retomada, com o avanço do fluxo de passageiros a cada mês. Ao longo do segundo trimestre, as quedas apontadas no começo de cada mês foram de 30%, em abril, 24%, em maio, e 14%, em junho.
De fato, a tendência de melhora tem se confirmado nos resultados mais recentes da empresa, que desde o início da crise divulga semanalmente o tráfego de suas concessões. Na semana de 31 de julho a 6 de agosto, o fluxo nas rodovias da CCR apresentava queda de 1,5%. Em mobilidade, a retração ainda era de 58,1%, e, nos aeroportos, de 86,6%.
“A recuperação já se iniciou. Ela vem ocorrendo com a reabertura gradual da economia, desde meados de maio. A expectativa é que a melhora continue”, diz Marcus Vinicius Macedo, gestor da área de relações com investidores.
Para atravessar a crise, a CCR conseguiu reforço de caixa importante, com a captação de R$ 3 bilhões no mercado, entre abril e maio. Com isso, a empresa atingiu um caixa de R$ 6,3 bilhões.
“Adotamos a estratégia de antecipar captações para ficarmos mais tranquilos no segundo semestre. Hoje, a empresa está bastante segura para fazer frente aos compromissos deste ano”, diz. A dívida líquida encerrou junho em R$ 14,4 bilhões, com vencimentos de R$ 3,16 bilhões em 2020.
Em relação aos reequilíbrios econômico-financeiros das concessões, Macedo afirma que as conversas com os poderes concedentes seguem em curso, e que serão feitas caso a caso.
A CCR também continua se preparando para novos leilões de rodovias do governo federal, diz ele. “Estamos nos preparando, mesmo com pequenos atrasos nos projetos”, afirma.
Em relação ao setor de saneamento – um mercado no qual a CCR já afirmou ter interesse -, Macedo diz que “ainda é cedo para fazer uma análise”, mas elogia a aprovação da nova legislação. “O novo marco, a princípio, dá maior previsibilidade e amplia a atratividade do mercado. Eventualmente, é algo a se avaliar.”