A varejista de material de construção e artigos para casa Quero-Quero fechou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 4,4 milhões, um aumento de 3,3 vezes em relação aos R$ 1,3 milhão apurados no mesmo intervalo de 2019, diante do aumento da receita.
O Ebitda – lucro antes de antes de juros, impostos, depreciação e amortização – subiu 29%, para R$ 39 milhões. Excluindo o impacto da adoção da norma contábil IFRS 16, o Ebitda ajustado somou R$ 26 milhões, aumento de 38%. A margem subiu de 6,5% para 7,4%.
A receita líquida subiu 20,7%, para R$ 349,1 milhões. Segundo a companhia, a alta foi provocada principalmente pela alteração na legislação do ICMS-ST do Rio Grande do Sul, que passou a vigorar em março. Com a alteração, o contribuinte substituído passa a apurar e tomar periodicamente o crédito presumido de ICMS-ST nas compras de mercadorias sujeitas à substituição tributária.
“Esta mudança no tratamento contábil dado ao crédito ocasiona um impacto no sentido de reduzir o custo do estoque adquirido e de aumentar o valor do ICMS-ST como crédito de impostos a serem compensados, e consequentemente, no momento da venda dos produtos, diminuir o custo das mercadorias vendidas e aumentar os impostos incidentes”, diz trecho do relatório da companhia.
A receita bruta, líquida de devoluções e abatimentos, aumentou 15,1%, a R$ 434,8 milhões. Na parte de varejo, a receita bruta cresceu 16,8% no trimestre, representando 75,6% das receitas da Quero-Quero, resultado do crescimento de 7,2% da venda “mesmas lojas”, que considera os resultados de unidades em funcionamento há mais de 12 meses, e do aumento decorrente da expansão com o amadurecimento das lojas abertas ao longo de 2019 (50 lojas) e no primeiro semestre (17 lojas).
A receita de serviços financeiros totalizou R$ 90,5 milhões no trimestre, crescimento de 12,3%. A carteira líquida com juros (originada pelos cartões VerdeCard) somou R$ 449,8 milhões, frente a R$ 495,3 milhões no final do primeiro trimestre, representando, assim, uma queda ao longo do trimestre. Se comparada com o segundo trimestre do ano passado, houve crescimento de 9,9%.
A carteira do segundo trimestre foi impactada pela queda de vendas em março e abril, em função da interrupção de funcionamento das lojas, devido à pandemia.
Primeira Teleconferência
Após estrear na bolsa na última segunda-feira (10), o presidente Peter Furukawa destacou o bom desempenho da empresa durante a pandemia, ressaltando o aumento do caixa.
“Por sermos do setor de construção civil, um serviço essencial, as lojas ficaram fechadas por poucos dias, mas a movimentação caiu bastante em março e abril, ainda assim conseguimos manter nosso caixa em alta, mesmo com restrições. Fechamos junho com R$ 295 milhões em caixa”, disse o presidente.
A companhia adotou estratégias que permitissem o recebimento mais rápido de suas vendas, encurtando os prazos, além de restringir o crédito para clientes de maior risco. A Quero-quero também tomou R$ 60 milhões de empréstimos no primeiro e R$ 30 milhões no segundo trimestre para manter a operação.
Em relação à dívida líquida, os executivos da varejista comentaram a queda de 25% em relação ao trimestre anterior e de 7,5% ante o mesmo período do ano passado, fechando com R$ 185 milhões em dívida ajustada, e a relação de 1,5 vez a dívida líquida pelo Ebitda ajustado.
“O endividamento diminuiu mesmo com a pandemia. A relação dívida pelo Ebitda caiu de 2,1 vezes no ano passado e no trimestre passado para 1,5 vez agora”, disse Furukawa na teleconferência.
As vendas no segmento mesmas lojas cresceram 7,2% no trimestre, na comparação anual, com destaque para a recuperação em maio e junho. Segundo a empresa, o indicador de vendas sofreu quedas de 30% em março, no início da pandemia, e 20% em abril, quando reabriu as lojas.
A partir de maio, viu-se uma recuperação, com crescimento de 15% e outros 25% de alta em junho, que permitiu o saldo trimestral positivo. “Em agosto (até ontem) estamos seguindo no mesmo nível de junho, podendo até melhorar, mas estamos crescendo”, completou o presidente.
Furukawa disse que o objetivo da companhia também é conseguir abrir 50 lojas até o final de 2020, podendo chegar até a 52, dependendo do andamento da economia. “Não é guidance”, apontou.
O executivo ressaltou que, mesmo com a pandemia atrapalhando os negócios, a Quero-Quero está conseguindo abrir novas lojas. “Buscamos atuar em cidades pequenas, de até 100 mil habitantes, com isso nós criamos um sentimento de proximidade com a comunidade, de pertencimento, isso aproxima bastante. Durante a pandemia nós intensificamos os contatos com clientes por WhatsApp e continuamos dando créditos, tanto que apesar de tudo, nosso caixa aumentou e a dívida diminuiu”, disse.