A Magazine Luiza registrou prejuízo ajustado de R$64,5 milhões no segundo trimestre, ante lucro de 85,2 milhões um ano antes. A varejista teve um salto nas vendas do segundo trimestre, uma vez que suas vendas pelo comércio eletrônico compensaram com sobras a queda nas vendas das lojas físicas, fechadas desde meados de março devido às medidas de isolamento social para conter a pandemia da Covid-19.
O e-commerce registrou alta de 181,9%, somando R$ 6,7 bilhões. As vendas nessa modalidade representaram 78,5% do total. Na modalidade tradicional de vendas digitais, o crescimento foi de 175,5%. O marketplace cresceu 214,2%, impulsionado pelo aplicativo, que alcançou a marca de 30 milhões de usuários ativos mensais.
A alta do e-commerce compensou a queda de 45,1% das vendas nas lojas físicas. Apenas 36% das unidades estiveram abertas no período devido às medidas de combate ao coronavírus.
Em abril, o resultado foi impactado pelas lojas fechadas. Em maio, com a aceleração do e-commerce e a reabertura gradual das lojas, o resultado já foi próximo do ponto de equilíbrio. Em junho, essa tendência se acentuou e a companhia obteve lucro líquido de R$ 93 milhões.
Em junho, já com 64% das lojas abertas, o crescimento total das vendas foi de 85%. Com isso, a empresa liderou o setor no trimestre pela 1ª vez desde que foi fundada, superando a Via Varejo, que alcançou R$ 7,26 bilhões no trimestre.
O fluxo de caixa, ajustado pelos recebíveis, somou 2,2 bilhões de reais no trimestre e o giro dos estoques caiu para menos de 60 dias em junho, um dos melhores índices dos últimos anos. A companhia fechou o semestre com posição de caixa líquido ajustado de 5,8 bilhões de reais, alta de 5 bilhões em um ano.
Com esses indicadores, Trajano disse que a companhia tem perspectivas positivas para a segunda metade do ano, planejando contratar cerca de 2,5 mil pessoas até setembro, com foco nas áreas de atendimento e logística.
Segundo o presidente, o benefício social dos R$ 600, que aumentou o volume de recursos no mercado, e o processo de consolidação do setor, com redes fechando lojas ou reduzindo operações, tem levado a empresa a ganhar mercado. “Temos uma preocupação que é o fim do ‘coronavoucher’, ninguém sabe como vai ser depois, mas é algo a ver no ano que vem. E acho difícil que o governo acabe com isso de uma hora para outra”.
“O efeito ‘coronavoucher’ ajudou a amortecer significativamente os efeitos da recessão e acho que ainda não é o momento para recuar nas medidas anticíclicas”, disse Trajano.
Ao mencionar a citada liderança, a empresa não menciona concorrentes no relatório, mas os dados são públicos. Para efeito de comparação, na operação digital, o Magazine superou Via Varejo e B2W. Se as vendas totais somaram R$ 8,5 bilhões no Magazine, na Via Varejo alcançaram R$ 7,2 bilhoes, alta de 0,5%. Na B2W, com R$ 6,7 bilhões, a elevação foi de 72%, apesar do número absoluto menor.
Até março, a Via Varejo superava o Magazine Luiza em R$ 100 milhões (R$ 7,8 bilhões nas vendas on-line totais, versus R$ 7,7 bilhões do Magazine de janeiro a março). Ao mencionar a sua liderança, o Magazine não levou em conta o Mercado Livre, e perguntado a respeito, a empresa diz que o Mercado Livre inclui a venda de pessoas físicas para pessoas físicas, que outras empresas no país não operam.
Em receita líquida, o Magazine apurou alta de 29,3%, para R$ 5,56 bilhões no segundo trimestre. Na Via Varejo, dona de Casas Bahia e Ponto Frio, a receita atingiu R$ 5,28 bilhões de abril a junho, queda de 12,4%. Na B2W, o montante subiu 64,7%, para R$ 2,43 bilhões, mas a B2W não tem lojas físicas como Magazine e Via Varejo.
Mensagem da diretoria
O presidente-executivo, Frederico Trajano, considerou o trimestre “épico“. Leia a mensagem da Diretoria:
“No mundo do varejo, todo dia é dia de superação. Mas nenhum período da história de mais de 60 anos do Magalu pode ser comparado ao 2º trimestre de 2020. A crise provocada pela pandemia de covid-19 foi repentina, profunda e disseminada. Um cenário de caos. Foi em meio a 1 quadro como esse que o Magalu fez história. Assim como a Guerra do Golfo foi um turning point para a CNN, assim como a Primavera Árabe foi decisiva para o Twitter, a pandemia, com toda a sua carga de tragédia, mostrou que o Magalu era a empresa mais preparada para encarar os novos tempos que se seguiram a ela. Tínhamos o modelo para o momento. E a maturidade digital necessária para uma quase instantânea recuperação em V. Em questão de dias, e mesmo com todas as suas lojas físicas fechadas, o Magalu passou a vender mais do que em trimestres ditos normais. Foi épico. E foi a vitória de uma equipe aguerrida e comprometida e de um modelo de negócio que vem sendo consistentemente construído ao longo dos últimos anos”.
Visão do Mercado
Xp Investimentos
Segundo a Xp, a Magalu reportou resultados do 2T20 acima das estimativas, apesar de negativamente impactados pelo fechamento temporário das lojas no trimestre, conforme esperado. A receita no período veio 8,6% também veio acima das expectativas, com a operação de varejo físico apresentando uma queda de vendas no conceito mesmas lojas de -50,9% A/A (vs. XPIe -61%). O e-commerce foi novamente o principal destaque positivo, tendo apresentado um sólido crescimento de vendas de +181,9% na comparação anual (vs. +72,6% no 1T20), incluindo a aquisição da Netshoes.
“Esperamos uma reação positiva em relação aos resultados, com os resultados tendo excedido as nossas expectativas. Acreditamos que o forte crescimento orgânico apresentado em julho deva suportar a continuidade do ritmo de expansão acelerado na segunda metade do ano. No geral, vemos uma contribuição importante dos investimentos contínuos na plataforma de serviços da companhia (Magalu-as-a-service) e na aquisição de clientes (com expansão do sortimento e melhora da logística)” destacou Pedro Fagundes, Analista de Varejo da XP.
XP Investimentos mantém recomendação neutra para Magazine Luiza com preço-alvo de R$ 78,00…
BB Investimentos
De acordo com o BBI, o resultado referente ao 2T20 da Magazine Luiza foi positivo, ao nosso ver. A companhia, que entrou na crise acarretada pelo Covid-19 com o canal físico representando cerca de 55% das suas vendas totais, aproveitou toda a sua força no canal online, construída ao longo dos últimos anos, e entregou resultados fortes nesse trimestre. O grande destaque deste trimestre foi a capacidade de escalar sua operação, tanto no 1P, quanto no 3P de maneira muito rápida sem nenhuma disrupção na malha logística.
Vale notar que os resultados iniciais referentes ao 3T20 também se mostram muito promissores. Apenas no mês de julho, a companhia atingiu um aumento de 10% das vendas em lojas físicas combinado com um crescimento de 162% das vendas online, sinalizando as mudanças observadas no comportamento do consumidor no 2T20 serão permanentes e deverão favorecer o crescimento das companhias bem posicionadas no canal online, o que é o caso de Magazine Luiza.
Até incorporarmos os resultados do 2T20 e as recentes aquisições divulgadas pela companhia, mantemos nosso preço-alvo 20e em R$ 73,50, mas alteramos nossa recomendação para Neutra, dada a falta de upside frente ao preço corrente.