A Tupy encerrou o 2T20 com prejuízo líquido de R$ 82,8 milhões e queda de 54% na receita líquida. Os principais clientes, das áreas de transporte e agronegócio, foram fortemente afetados nos meses de abril e maio
O Ebitda – lucro antes de antes de juros, impostos, depreciação e amortização – ficou negativo em R$ 22,4 milhões, revertendo o saldo positivo de um ano atrás.
A empresa registrou redução de 71% das vendas no segmento de transporte, infraestrutura e agricultura no mercado interno, e de 58,6% no mercado externo. No segmento de hidráulica, houve reduções de 47,4% e 66% nas vendas nos mercados interno e externo, respectivamente.
Outro fator que pesou para que a Tupy fechasse o segundo trimestre com prejuízo foi a linha financeira, com a despesa líquida subindo de R$ 6,8 milhões para R$ 25,8 milhões, por conta da desvalorização do real ante o dólar, com efeito sobre o reconhecimento de juros dos empréstimos em dólar, bem como ao reconhecimento dos juros das dívidas bancárias contratadas em março.
Além disso, a receita financeira caiu 43,7%, a R$ 11,5 milhões, com decorrente aumento da posição de caixa em reais após a captação realizada no primeiro trimestre, com impacto sobre os juros recebidos. As despesas com variações monetárias e cambiais líquidas, no valor de R$ 12,2 milhões, alta de 18 vezes, são decorrentes do resultado de operações de hedge, resultando em despesa de R$ 16,6 milhões.
Teleconferência
Com o pior resultado da sua história recente, um prejuízo bruto de R$ 6,7 milhões em consequência da queda de 54% na receita, a Tupy reforçou na teleconferência com analistas há pouco o esforço feito pela empresa para reduzir custos e preservar o caixa.
Segundo Fernando de Rizzo, presidente do grupo, a empresa se beneficiou de projetos de ganhos de eficiência implementados nos últimos trimestres e intensificou iniciativas de redução de custos e despesas, com impactos positivos esperados também para próximos meses.
Com a pandemia, houve paralisação de parte significativa das operações dos clientes no Brasil e no exterior, o que levou a uma retração de 69% nos volumes nos meses de abril e maio.
“Abril e maio foram os mais agudos”, disse de Rizzo. “Mas já tivemos recuperação em junho.”
O executivo e o vice-presidente financeiro, Thiago Struminski, chamaram a atenção para a retomada a partir de junho em diversos setores atendidos pela companhia, incluindo veículos comerciais leves, com vendas em níveis pré-pandemia.
“As margens da empresa estão voltando para patamares pré-crise”, disse de Rizzo, prevendo um segundo semestre de recuperação. Para ele, o ciclo de juros baixos no mundo deve manter a tendência de desvalorização do real e do peso mexicano, o que aumenta a competitividade da companhia em um momento de retomada da demanda mundial.
Na área agrícola, a Tupy prevê um movimento de reposição de máquinas nos Estados Unidos, o maior mercado para esses equipamentos, e um crescimento no Brasil.
A Tupy fechou o segundo trimestre com prejuízo de R$ 82,8 milhões. A perda operacional antes de juros, depreciação e amortização foi de R$ 22,4 milhões. Com isso, a relação dívida/Ebitda passou de 1,34 vez, no ano passado, para 2,65 vezes neste trimestre. A empresa terminou o trimestre com caixa similar com o do ano anterior.