A Ânima (BOV:ANIM3) convocou Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para analisar a proposta de aumento de capital social de R$1,651 bilhão para até R$ 4 bilhões. De acordo com comunicado, o conselho de administração irá definir as condições da subscrição, como prazo e preço.
A divulgação ocorre no dia seguinte ao anúncio de que a companhia ganhou a disputa pelas operações da Laureate no Brasil, por R$ 4,4 bilhões. O negócio também interessava à concorrente Ser Educacional, que tinha dado o lance inicial e entrou na justiça contra o rompimento do contrato, além da Yduqs.
A assembleia também irá decidir sobre o cancelamento de 3,5 milhões de ações que estão em tesouraria.
Ânima espera desfecho; Ser vai à Justiça
A Ânima afirmou que mantém sua proposta pelos ativos da Laureate no Brasil e aguarda o desfecho da “situação noticiada”.
O fato relevante foi enviado ao mercado após o fechamento desta quarta-feira (21). A Laureate informou que pretende encerrar as tratativas com a Ser.
Na manhã desta quarta, a Laureate informou em comunicado ao mercado que recebeu da Ânima oferta em dinheiro por suas operações no Brasil e que essa oferta foi cerca de R$ 500 milhões acima da proposta inicial da Ser Educacional (BOV:SEER3).
VISÃO DE MERCADO
Bradesco BBI
Nesse cenário, o Bradesco BBI, após os eventos da véspera, reforçou cautela com os ativos tanto da Ser quanto da Ânima. Desconsiderando a compra da Laureate nos modelos de investimentos, os analistas do BBI possuem recomendação neutra para a Ser, com preço-alvo de R$ 19 (potencial de valorização de 30%). Para a Ânima, a recomendação é underperform (desempenho abaixo da média), com preço-alvo de R$ 32 (upside de 8,11%), dado o valuation esticado. Na véspera, a ação ANIM3 caiu 4,52% e da Ser teve baixa de 6,04% em meio ao impasse sobre a aquisição dos ativos.
“Levando em conta que os cinco dias úteis para a Ser igualar uma oferta concorrente já se passaram, tanto a Ser quanto a Ânima só poderão concluir sua transação com a Laureate com um resultado positivo no tribunal. Como a Laureate também está processando a Ser pelo que eles consideram ser uma rescisão unilateral do contrato, a Ser pode perder o direito à taxa de rescisão de R$ 180 milhões”, apontam os analistas Fred Mendes, Lucca Brendim e Gustavo Tiseo.
Morgan Stanley
Para o Morgan Stanley, se efetivado, o negócio será transformacional e em linha com a estratégia de qualidade da Ânima, mas implicará em uma grande oferta de ações no futuro para que a companhia financie a compra.
A empresa precisará emitir ações e levantar novas dívidas para fazer frente a um desembolso total de R$ 3,4 bilhões – isso assumindo a venda da FMU.
A expectativa é de que haverá um grande aumento de capital potencial se o negócio for fechado. O pagamento em dinheiro implicaria na emissão de 76 milhões de ações (a R$ 30 por ação) e R$ 340 milhões em nova emissão de dívidas, alcançando uma relação entre dívida líquida e o Ebitda esperado para 2021 de 3 vezes.
Contudo, a Ânima poderia conseguir realizar um empréstimo para adiar o follow-on (oferta secundária de ações) para 2022. Nesse cenário, a oferta de ações, além de ser adiada, seria em um montante menor, de cerca de 54 milhões devido à maior alavancagem operacional, impulsionada pelo maior Ebitda ocasionado pela união entre Ânima e Laureate.
“As sinergias poderiam potencialmente reduzir o tamanho do follow-n. A oportunidade em ter os ativos da Laureate é de uma integração melhor e extração de sinergias, o que acreditamos que a Ânima será capaz de entregar em um período de tempo razoável”, avalia a equipe de análise do Morgan.
De acordo com fontes ouvidas pelo Broadcast, a Ânima têm negociado com um sindicato de bancos o financiamento dessa aquisição, mas as instituições financeiras não teriam se comprometido até aqui com os recursos.
O Morgan também tem cautela para a ação da Ânima, possuindo recomendação underweight (exposição abaixo da média) para o ativo, com preço-alvo de R$ 22,50 (queda de 24%).