O presidente do Banco da Inglaterra (BoE), Andrew Bailey, afirmou que o cenário-base da autoridade monetária para o horizonte econômico de curto prazo considera a aprovação de um acordo comercial entre Reino Unido e União Europeia para o período subsequente ao Brexit, a saída do país insular do bloco europeu. A menos de três meses da oficialização da separação, os dois lados estão em impasse nas negociações por um tratado de comércio.
Em audiência na Câmara dos Lordes, Bailey explicou que a economia britânica se recuperou de forma forte logo após o choque do coronavírus, mas que o ritmo da retomada desacelerou e ficou desigual entre setores e regiões. “Economia está provavelmente cerca de 9% abaixo do nível do final do ano passado”, estimou.
Para o dirigente, a pandemia atingiu o sistema financeiro como um todo, não o bancário, que, na visão dele, conseguiu enfrentar a crise. Segundo Bailey, é difícil mensurar qual serão os efeitos duradouros da covid-19, que pode levar ao desaparecimento da demanda em algumas áreas.
Bailey citou a situação do Banco Central Europeu (BCE), que, de acordo com ele, foi bem-sucedido ao adotar a ferramenta na fase de recuperação da crise da zona do euro. Para ele, as evidências mostram que ela funciona como um indutor de investimentos no setor corporativo, porque estimula empresas a tirarem recursos da poupança.
O dirigente acrescentou que as munições do BoE no combate aos efeitos econômicos da pandemia não esgotaram. Na visão dele, o relaxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês) permanecerá em vigor por algum tempo, embora, em algum momento, será preciso avaliar com cuidado o aumento do balanço patrimonial da instituição.