A CVC Corp apresentou prejuízo líquido de R$ 252,1 milhões no segundo trimestre deste ano, comparado a lucro líquido de R$ 30,5 milhões no mesmo intervalo de 2019. Os valores referem-se aos atribuíveis aos controladores.
Os resultados da CVC (BOV:CVCB3) referente a suas operações do segundo trimestre de 2020, foram divulgados com atraso no dia 20/10/2020.
A companhia atribui a queda nos resultados trimestrais ao impacto da pandemia de coronavírus, que restringiu as viagens pelo país e ao exterior.
De abril a junho, as reservas confirmadas caíram 94,7% em relação ao mesmo período de 2019, considerando as operações na Argentina. As vendas foram de R$ 252,2 milhões. Considerando apenas as operações brasileiras, a queda foram de 95,5%. Neste caso, as vendas foram de R$ 176,5 milhões.
A empresa destacou, no entanto, sua “sólida posição de caixa”, de R$ 1,1 bilhão em 30 de junho, e de R$ 1,6 bilhão em 15 de outubro de 2020, em valores não auditados. A empresa afirmou que os resultados do terceiro trimestre dão sinais de melhora.
As operações na Argentina tiveram uma recuperação mais lenta, com volume de vendas novas por volta de 10% no mês de setembro, comparado com o mesmo período do ano anterior.
Os orçamentos solicitados pelos clientes do segmento lazer atingiram nas últimas semanas 83% do volume comparado ao mesmo período do ano anterior.
Segundo informações do comunicado, 81% dos hotéis parceiros da companhia no Brasil já estão reabertos e, considerando as reservas realizadas em setembro de 2020, a empresa atingiu 89% do volume de vendas no mesmo período de 2019.
Sobre as vendas novas acumuladas no mês de setembro, a companhia observou um crescimento nos serviços de locação de carros ofertados, que chegou a ultrapassar em 15% o volume de vendas deste tipo de serviço contratado pelo turista, dentro do Brasil, se comparado ao mesmo período de 2019.
Teleconferência
A CVC Corp, dona das marcas CVC, Submarino Viagens, Ola, Bibam, Visual, Experimento, Grupo Trend, VHC, RexturAdvance e Esferatur, informou que avalia reduzir o tamanho da sua operação na Argentina, enquanto o país vizinho não dá sinais de recuperação no mercado de turismo.
“A Argentina tem uma economia cada vez mais difícil e o governo não consegue mudar questões internas. Existe muita restrição para demitir as pessoas. A gente não consegue fazer uma grande reestruturação do negócio. Acho que vamos reduzir o escopo da operação na Argentina antes de voltar a crescer”, afirmou Leonel Andrade, presidente da CVC Corp, em teleconferência para analistas de mercado.
A CVC é dona de três empresas na Argentina, da Almundo, na qual detém 100% do capital, e as empresas Ola e Biblos, na qual opera com sócios minoritários. “Estamos conversando com os sócios para avaliar uma solução. No caso da Almundo, a gente consegue ter controle total. Já conseguimos absorver 100% da tecnologia e integrar com a tecnologia instalada no Brasil”, afirmou Andrade.
O executivo observou que o grupo não fez corte de pessoal no Brasil, mas conseguiu fazer redução de salário e jornada e reduzir outros custos operacionais durante a pandemia. Na Argentina, a companhia não pôde atuar da mesma forma, por questões regulatórias.
O presidente da CVC acrescentou que a pandemia ainda está crescendo na Argentina. O mercado de turismo está fechado e a economia, deteriorada. “O que estamos vivendo na Argentina agora é o que vivemos no Brasil em junho”, disse. O executivo afirmou ainda que espera ter um cenário mais claro para a Argentina apenas a partir do primeiro trimestre de 2021.
“Na Argentina é preciso atenção redobrada porque a variação de câmbio é enorme. Precisamos trabalhar muito com hedge cambial e conservadorismo nas margens. A gente prefere não vender se não for um negócio rentável”, acrescentou Andrade.
VISÃO DE MERCADO
Eleven Financial
O auxílio emergencial teve papel fundamental para a recuperação acelerada das vendas do varejo, todavia a recomposição de margens deverá ocorrer de forma mais gradual dado o efeito cambial, uma vez que a taxa de câmbio permanece em patamar bastante elevado e não está clara a capacidade de repasse de preços dos varejistas, e o apetite do consumidor, uma vez reduzidas as políticas de descontos adotadas desde o início da pandemia.