O BTG Pactual esteve com executivos da Oi (BOV:OIBR3) (BOV:OIBR4) e concluiu que a execução do plano de recuperação da empresa, até aqui, é “impecável”.
“Nossa principal conclusão é que a administração está executando de maneira impecável o plano de recuperação estabelecido há alguns meses e aprovado na assembleia geral de credores realizada em meados de setembro”, diz o banco.
A Oi está em recuperação judicial, processo que começou em 2016, e é hoje uma empresa em reestruturação.
O plano é desmembrar o negócio em quatro partes e redirecionar o foco da companhia.
Em um plano de recuperação judicial aprovado recentemente pelos credores, a Oi definiu que venderá as partes da companhia que compreendem telefonia móvel, data centers e torres.
Ficará apenas com a parte do negócio de fibra ótica, que é o mais saudável. E, ainda assim, com uma parcela do negócio.
Isso porque uma fatia (que pode chegar a até 50%) deve entrar na venda, para ajudar a quitar sua dívida líquida, que ultrapassa R$ 26 bilhões.
Venda dos ativos da Oi
Primeiramente, torres e data centers serão leiloados no dia 26 de novembro, como definiu recentemente a Justiça. Ambos os ativos já receberam ofertas.
Serão oferecidas 637 torres da telefonia móvel e 222 estruturas em locais como shoppings, por exemplo. O valor é de R$ 1,067 bilhão. Os cinco data centers receberam uma oferta de R$ 325 milhões, R$ 250 milhões à vista e R$ 75 milhões a prazo.
Sobre a operação de telefonia móvel, a meta é fazer o leilão em meados de dezembro, mas ainda não há uma data definida. A Oi recebeu oferta de R$ 16,5 bilhões pelo negócio.
A venda da infraestrutura em fibra está no processo de due diligence, que está sendo realizado pelos potenciais licitantes e deverá terminar em novembro.
A expectativa da empresa é que lances sejam feitos até o final do ano e o leilão aconteça no primeiro trimestre de 2021. O preço mínimo aprovado pelos credores para esse ativo é de R$ 20 bilhões.
Ou seja, juntando todas as ofertas até aqui, a Oi teria, aproximadamente, R$ 37,9 bilhões.
Desempenho do negócio de fibra ótica
A Oi acredita que terá mais de 2 milhões de clientes FTTH (fiber-to-the-Home ou fibra-até-a-lar) conectados à sua rede até o final do ano. A empresa encerrou setembro com 1,7 milhão de clientes e 9 milhões de domicílios com fibra.
Novas conexões têm se acelerado a cada mês e a empresa não vê queda nessa aceleração: são 400 mil novas residências todos os meses, com 120 mil a 130 mil novos clientes.
O desempenho tem sido tão bom que vai aumentar os investimentos para acelerar o número de novas residências por mês para 500 mil.
Além disso, é interessante notar que 80% de todas as novas adições são ou novos usuários de banda larga ou vêm de concorrentes, grandes e pequenos.
Ou seja, apenas 20% dos novos clientes FTTH são clientes existentes da Oi atualizando sua conexão para fibra. A Oi está ampliando fortemente sua base.
BTG analisa a dívida bruta
Parte da dívida deve ser paga rapidamente, segundo a análise do BTG.
A Oi encerrou o segundo trimestre com uma dívida bruta de R$ 42 bilhões (a líquida é de R$ 26 bilhões).
Só com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a dívida é de R$ 4,4 bilhões.
Contudo, ela deve ser quitada com a venda da operação de telefonia móvel.
Além disso, planeja quitar o empréstimo de R$ 3,6 bilhões que a empresa obteve no início do ano.
Também deve reembolsar os bancos e agências de crédito à exportação aplicando o desconto de 55% aprovado na assembleia geral de credores – valor de face de R$ 18,5 bilhões e desembolso de caixa de R$ 8,3 bilhões.
“Feitos esses pagamentos”, ressalta o BTG, “a empresa ainda carregará R$ 9,8 bilhões em títulos denominados em dólar com prazo de 7 anos e cupom de 10% e livremente negociados no mercado”.
E uma oferta geral da dívida que tinha valor de face de R$ 6 bilhões, com opção de quitar 15%, ou apenas R$ 900 milhões.
Ou seja, depois de quitadas as principais dívidas a empresa terá cerca de R$ 10,7 bilhões de dívida bruta.
Ademais, encerrou o segundo trimestre com R$ 6 bilhões em caixa e o BTG estima mais R$ 7 bilhões líquidos, que devem vir da venda de ativos.
5G
Até agora, e antes que o negócio de telefonia móvel seja vendido, a empresa planeja participar do leilão 5G.
Entretanto, poderia atuar regionalmente com 5G, para que pudesse oferecer serviços fixos sem fio em áreas escassamente povoadas.
Nesta quinta-feira, as ações subiram: OIBR3 teve alta de 1,18%, a R$ 1,72; e OIBR4 subiu 0,43%, valendo R$ 2,32.