O palco está armado para um confronto sobre o Brexit em uma cúpula da União Europeia na próxima semana.
A relutância do presidente da França, Emmanuel Macron, em fazer concessões na área de pesca preocupa autoridades de que isso poderia minar os esforços para um acordo comercial mais abrangente, já que negociadores iniciaram na segunda-feira um período de duas semanas de intensas negociações.
No sábado, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, conversaram por telefone sobre as negociações. Os dois lados estão nervosos porque grandes compromissos sobre as principais divergências – direitos de pesca e subsídios do governo – ainda não foram fechados, disseram as autoridades.
“Estamos entrando nas últimas etapas dessas negociações com uma atitude construtiva”, disse o ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas. “Ainda queremos uma solução, mas é claro que existem áreas que para nós são muito importantes”, disse Maas a repórteres em Berlim após reunião com Michel Barnier, principal negociador da UE.
A UE disse que não pode haver um pacto comercial mais abrangente sem um acordo sobre o acesso que barcos da UE terão às águas britânicas.
O Reino Unido vê o assunto como uma questão de soberania e quer substituir um sistema de cotas que, na opinião do governo britânico, favorece injustamente pescadores da UE com uma série de negociações anuais que seriam mais positivas para o Reino Unido.
Macron, ciente da frota pesqueira doméstica de seu país, resiste.
Johnson disse a von der Leyen que quer saber se um acordo é possível até 15 de outubro, mesmo dia em que Macron e os 26 líderes da UE devem realizar uma cúpula em Bruxelas.
As negociações serão retomadas nesta semana em Londres e continuarão em Bruxelas.
Se não houver acordo até 15 de outubro, Macron provavelmente será pressionado por outros líderes na cúpula para ceder, disseram as autoridades.
Se os dois lados não fecharem um pacto até o fim do ano, o Reino Unido deixará o mercado único da UE e a união aduaneira sem um acordo comercial em vigor.
Isso deixaria milhões de consumidores e empresas com custos extras, pois tarifas e cotas seriam reimpostas pela primeira vez em uma geração.