O dólar começou a semana em queda ante o real, em dia amplamente fraco para a divisa norte-americana em meio ao apetite generalizado por risco depois de novos progressos em vacina contra a Covid-19 alimentarem esperanças de retomada acelerada da atividade econômica global.
O dólar à vista caiu 0,65% nesta segunda-feira, a 5,4400 reais na venda. A moeda oscilou em baixa durante toda a sessão, indo de 5,3643 reais (-2,03%) a 5,4588 reais (-0,30%).
Na B3, o contrato mais líquido do dólar futuro recuava 0,39%, a 5,4405 reais, às 17h19.
O real figurou entre as moedas de melhor desempenho do dia, em lista liderada por rublo russo (+1,8%), rand sul-africano (+1,4%) e coroa norueguesa (+1,1%) –clássicos beneficiados por maior demanda por ativos mais arriscados.
O otimismo deu a tônica depois de a farmacêutica Moderna informar que sua vacina experimental foi 94,5% eficaz na prevenção da Covid-19 com base em dados preliminares de um teste clínico em estágio final, tornando-se a segunda farmacêutica dos Estados Unidos a relatar resultados que excederam as expectativas.
A expectativa de que uma vacina seja desenvolvida e distribuída em massa já faz surgirem análises de forte queda global do dólar no ano que vem.
Em relatório nesta segunda-feira, o Citi previu que a ampla distribuição de vacinas para combater a pandemia do coronavírus e o afrouxamento monetário em curso podem fazer com que o dólar norte-americano enfraqueça até 20% no próximo ano em âmbito global.
Nesse contexto, ganha corpo a avaliação de que o real tem potencial para apreciação, com a moeda brasileira já sendo considerada pelo Deutsche Bank a divisa mais barata dentre as principais.
Em outro relatório, o Goldman Sachs projetou que o dólar no mundo pode cair 15% em termos reais entre seu pico de 2020 e o fim de 2024. O banco norte-americano citou que o câmbio na América Latina se coloca como um destaque em termos de espaço para apreciação e que o real é o principal expoente dessa expectativa na região.
Porém, o Goldman voltou a fazer ressalvas do lado fiscal.
“Em suma: embora o real provavelmente esteja entre os melhores desempenhos em um “(muito) bom estado no mundo”, o caso para apostas de alta depende crucialmente de o beta do real em relação a um amplo movimento do dólar compensar sua combinação nada atraente de elevados riscos domésticos e baixo ‘carry’ (retorno de taxa de juros)”, ponderaram os analistas do banco dos EUA.