A XP Investimentos afirmou que a Cogna teve um quarto trimestre altamente pressionado por sua divisão de graduação, a Kroton, com provisão para devedores duvidosos acima do esperado, levando ao não cumprimento das metas de 2020.
“Em um trimestre repleto de eventos não recorrentes, a Cogna teve o resultado pressionado pelo processo de reestruturação em curso de sua divisão de negócios de graduação”, diz o relatório, que aponta ainda que as dificuldades ainda serão sentidas em 2021.
Além das dificuldades da empresa, o cenário macro de curto prazo para o setor permanece nebuloso, especialmente no que diz respeito ao ciclo de captação de novos alunos de 2021, que provavelmente será impactado negativamente pela segunda onda da covid-19 no Brasil, segundo a corretora, que manteve a recomendação neutra e o preço-alvo em R$ 5,1 por ação.
Embora tenha reconhecido o benefício dos ajustes no contas a receber no quarto trimestre, o time de analistas da XP ainda está cauteloso quanto à exposição líquida de R$ 1,1 bilhão no balanço a financiamentos privados que podem levar a ajustes adicionais e impacto no resultado futuro.
Prejuízo líquido ajustado de R$ 907,4 milhões, queda de 217,6%
A companhia educacional Cogna registrou prejuízo líquido ajustado de R$ 907,4 milhões, queda de 217,6%, revertendo lucro líquido de R$ 771,9 milhões. Excluindo o complemento de provisões para crédito de liquidação duvidosa e o maior volume de itens não-recorrentes (pontualmente pressionados pela reestruturação na Kroton), o resultado teria sido positivo em R$ 55 milhões em 2020.
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Excluindo o complemento de provisões para crédito de liquidação duvidosa (PCLD) no valor de R$ 415 milhões efetuados no 4T20, o Ebitda recorrente seria de R$ 1,1 bilhão em 2020.
A Geração de caixa operacional (GCO) pós capex de R$ 240 milhões em 2020, 17% acima do ano anterior, ligeiramente acima do guidance de R$230 milhões, e representando 35% do EBITDA recorrente.
No acumulado do ano, a receita líquida teve queda de 16,1%, para DE 5,89 bilhões.
A empresa anunciou no Cogna Day que concluiu no 4T20 a maior reestruturação da história da Kroton, que possibilitou entrar em 2021 com a estrutura física otimizada para a nova realidade do ensino superior de crescente digitalização.
“Por meio de unificação de unidades e de transferência de unidades a parceiros, reduzimos nosso footprint em 45 unidades; adicionalmente, realizamos 81 otimizações imobiliárias, envolvendo redução de espaço físico. Como resultado, obtivemos uma redução significativa do custo de ocupação (aluguel, utilities, facilities), bem como despesas administrativas das unidades, que juntas totalizam R$ 155 milhões anuais, sem reduzir a oferta de cursos de ensino superior em nenhum dos munícipios onde estamos presentes. Aliado à redução no custo de ocupação, implementamos outras iniciativas que nos dão segurança de que a Kroton entregará crescimento de EBITDA em 2021 mesmo com queda na receita” afirmou a empresa.
4T20
A Cogna encerrou o quarto trimestre com prejuízo líquido ajustado de R$ 589,2 milhões, refletindo a queda do resultado operacional, o complemento de PCLD e o maior volume de itens não-recorrentes (pontualmente pressionados pela reestruturação na Kroton). Excluídos estes dois últimos efeitos, o resultado líquido teria sido positivo em R$ 144 milhões.
O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização foi negativo em R$ 100 milhões, em função do complemento de provisões para crédito de liquidação duvidosa (PCLD) no valor de R$ 415 milhões efetuados no 4T20. Excluindo esse complemento, o EBITDA recorrente do 4T20 foi de R$ 315 milhões, margem de 19,1%.
A receita líquida da companhia caiu 14,9% para R$ 1,64 bilhão, refletindo as pressões de receita no ensino superior e o menor volume de vendas ao Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), parcialmente compensadas por crescimento continuado na Vasta (+14%) e na Platos (+10%).