Após realizar uma oferta inicial de ações (IPO), as companhias de capital aberto precisam arcar com custos para a manutenção de sua operação.
Esses valores, no entanto, são compensados por diversos benefícios, como maior visibilidade no mercado, melhoria de controles e processos de governança e oportunidades de captar recursos financeiros mais facilmente e com menor custo.
Essas são algumas das principais conclusões do estudo “Custos de operação como companhia aberta”, realizado pela Deloitte, maior organização de serviços profissionais do mundo, em parceria com a B3.
Capital aberto
Mais da metade das empresas pesquisadas indicou que os custos médios recorrentes como companhia aberta não passaram de R$ 1,5 milhão por ano; para um quarto das organizações entrevistadas, o tempo para a compensação por meio dos benefícios apontados é inferior a dois anos.
A média anual dos gastos que as empresas tiveram para manterem-se como companhia aberta varia de acordo com a receita: entre as empresas com faturamento menor do que R$ 300 milhões por ano, a média anual com os custos recorrentes é de R$ 800 mil, ou 0,3% da receita anual. Já entre as empresas com receita líquida maior do que R$ 2 bilhões, esses custos são, em média, de R$ 3,85 milhões.
Para 58% dos participantes, os custos relacionados à manutenção como companhia são iguais ou menores do que os previstos. De acordo com os entrevistados, os maiores custos relacionados à manutenção de companhia aberta são os referentes aos requisitos obrigatórios após a abertura de capital, tais como auditoria independente (67%), taxas de manutenção do registro como empresa listada (51%), gastos com a área de relações com investidores (41%), governança corporativa e comunicações com o mercado (27%).
“Antes de abrir capital, muitas empresas pensam nos custos para realizar o IPO, mas acabam não levando em conta quanto custa para uma organização se manter após a ida ao mercado de capitais. Quanto mais bem preparada a empresa estiver para esta nova condição como companhia aberta, mais benefícios ela poderá colher com a abertura de capital, tais como ganho de valor de mercado, reputação e visibilidade e mais oportunidades para captação de recursos.”, destaca Carlos Zanotta, sócio de Global Capital Markets Group da Deloitte.
B3
Sete em cada dez empresas participantes tiveram como principal motivação para a abertura de capital a captação de recursos no mercado por meio do IPO. Já aumentar a abrangência e a participação no mercado foi apontada como uma motivação por metade dos entrevistados.
As outras motivações destacadas, em respostas múltiplas, foram: estruturar-se para futuras fusões e aquisições (36%), promover a sustentabilidade do negócio a longo prazo (36%), reduzir o custo do capital (36%), permitir a realização do investimento dos acionistas atuais (21%), profissionalizar a gestão (21%), substituir a saída de um investidor estratégico (21%) e mitigar riscos entre um número maior de acionistas (7%).
“Há diversas opções disponíveis no mercado para empresas interessadas em captar recursos para expandir seu negócio, e a abertura de capital, além de garantir o acesso a recursos financeiros e possibilitar a captação de forma mais recorrente no mercado de capitais, traz também outros benefícios intangíveis, como ganhos de visibilidade, reputação e governança corporativa”, diz Rogério Santana, Diretor de Relacionamento com Empresas e Assets da B3.
Relatório
O relatório aponta, ainda, que houve um aumento no quadro de funcionários nas áreas relacionadas a funções obrigatórias às empresas de capital aberto. A área de relações com investidores, de fundamental importância para a comunicação dos resultados e da estratégia da empresa aos novos investidores públicos, cresceu em 93% das companhias pesquisadas.
Na sequência estão governança corporativa (36%) e compliance (29%). Já em relação a serviços, a assessoria em mercado de capitais (50%) e relações com investidores e comunicação com o mercado (43%) foram os mais contratados no momento da abertura de capital.
Quando questionados sobre os principais desafios que as empresas enfrentam como companhias abertas, 66% apontaram a complexidade regulamentar, 60% destacaram que é a manutenção de uma estrutura de governança corporativa e 58% indicaram os custos com manutenção.
A coleta das respostas do estudo “Custos de operação como companhia aberta” foi realizada entre 24 de setembro e 7 de dezembro de 2020. O relatório contou com a participação de 51 empresas listadas na B3. A amostra é composta por companhias com atuação em 12 diferentes segmentos da economia.
Metade das empresas tem receita maior que R$ 1 bilhão. 66% dos entrevistados ocupam cargos de liderança, e 28% dos respondentes trabalhavam na empresa no momento da abertura de capital. Mais da metade das empresas respondentes tem o seu líder de RI à frente da área de finanças.
(fonte acionista)