O dólar comercial fechou essa quarta-feira, em baixa de –1,21 sendo cotado a R$ 5,365 para venda e a R$ 5,364 para compra, o que levou o real ao topo dos ganhos entre as principais moedas.
O movimento refletiu posicionamento do mercado em prol de um Banco Central mais duro com a inflação quando anunciar em breve sua decisão de política monetária, o que pode sinalizar um juro terminal mais alto que eleve a atratividade da moeda brasileira.
Investidores também expressaram visão de um BC mais ortodoxo sobre a inflação no mercado de juros, em que taxas de curto prazo subiram –indicando expectativa de Selic mais alta, enquanto as de vértices mais longos caíram. Isso causou a redução da inclinação da curva, um clássico quando se fala em BC “hawkish” (duro com a inflação).
“À luz dos dados recentes, esperamos que o comitê modifique sua comunicação, não mais descrevendo o atual processo de ajuste monetário como parcial”, disse o Itaú Unibanco, em referência a números de atividade econômica, balanço de riscos, projeções e expectativas de inflação.
A Selic está em 2,75% ao ano e deve ser elevada em 0,75 ponto percentual na noite desta quarta-feira, para 3,50%. E o processo de ajuste monetário vai continuar.
“Com a Selic chegando a 4% em junho, já ficaria acima da taxa básica de alguns países pares do Brasil e em linha com a do México. Como a perspectiva é de continuidade do ciclo, isso já ajuda o real”, disse Sérgio Goldenstein, consultor independente da Ohmresearch Independent Insights.
Contratos futuros de real já embutem taxa de juros perto de 4,5%, muito similar ao retorno atrelado a derivativos de igual vencimento para o peso mexicano, apesar de o juro básico mexicano (4%) ser consideravelmente maior que o brasileiro.
O real recuperou perdas em abril, mas ainda cai 3,24% em 2021, o que se soma à perda de quase 23% no ano passado. Analistas dizem que a combinação entre juro real negativo e deterioração fiscal nocautearam a moeda brasileira. Enquanto o lado da política monetária parece encaminhado, riscos político-fiscais ainda ditam uma visão conservadora sobre o câmbio por parte de investidores estrangeiros.
Na mínima, o dólar chegou a R$ 5,413 e na máxima a R$ 5,484. No futuro, o contrato com vencimento em junho caia 1,5% a R$ 5,3649 por volta das 17h010.
Acompanhe as altas e baixas do dólar nos últimos dias:
Data | Compra | Venda | Variação | Variação |
03/05/2021 | 5,4178 | 5,4188 | -0,243% | 0,0823 |
04/05/2021 | 5,4297 | 5,4307 | 0,22% | 0,0942 |
05/05/2021 | 5,3643 | 5,3648 | -1,214% | 0,028 |
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