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Getnet estende ciclo de aquisições e amplia estrutura para comércio eletrônico enquanto se prepara para IPO

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A Getnet vai estender o ciclo de aquisições, ampliar a estrutura para o comércio eletrônico e a oferta de crédito a lojistas, e seguir crescendo de forma lucrativa, disse Pedro Coutinho, presidente-executivo da empresa, braço de pagamentos do Santander Brasil.

Após ter comprado três pequenos negócios no último ano, incluindo a catarinense Eyemobile, na semana passada, a Getnet está investindo numa estrutura logística própria para atender lojistas e ganhar eficiência de custos no concorrido mercado de pagamentos, que deve girar 2,5 trilhões de reais em 2021.

“Apesar do crescimento dos últimos anos, a indústria de pagamentos ainda está só começando no Brasil”, disse Coutinho em entrevista à Reuters. “Vamos fazer novas aquisições se tiverem potencial de gerar valor.”

Coutinho, um veterano da indústria de pagamentos, lidera a preparação da Getnet para listagem na B3 e na Nasdaq no segundo semestre deste ano. A empresa já pediu registro de companhia aberta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na última sexta-feira.

Os preparativos da Getnet para sua oferta inicial de ações (IPO) acontecem enquanto o mercado de pagamentos no país tem mostrado vigor, mesmo com restrições mais rígidas à circulação de pessoas no começo do ano para conter a pandemia da Covid-19.

Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), que Coutinho também preside, as transações por cartões de crédito e de débito no Brasil no primeiro trimestre cresceram 17,3% em relação a um ano antes. A entidade estima que o setor terá expansão de 19% em 2021, movimentando cerca de 2,5 trilhões de reais em pagamentos.

Ao mesmo tempo, o setor tem enfrentado crescente pressão sobre as margens, num mercado hoje com mais de 20 adquirentes e duas centenas de subadquirentes, o que pôs em xeque o modelo baseado de negócios baseado em receitas por transação.

Isso, sem contar as medidas do Banco Central para estimular a competição, incluindo o recém-lançado pagamento instantâneo e gratuito PIX, que tem levado as companhias a buscarem receita extra com serviços adicionais a pequenos negócios, tendência que ganhou força desde o ano passado com a pandemia.

Além disso, as adquirentes têm enfrentado concorrência em faixas de seus mercados de rivais como o Mercado Pago, braço de pagamentos do portal de comércio eletrônico Mercado Livre, e a carteira digital PicPay, que também se prepara para listar ações em bolsas nos Estados Unidos, onde já são listadas as rivais StoneCo e PagSeguro.

De acordo com o presidente da Getnet, mesmo assim, o cenário ainda é bastante promissor considerando as oportunidades para obtenção de receitas extras.

“O potencial de geração de valor no mercado de pagamentos mudou”, disse Coutinho, referindo-se a produtos como crédito, soluções antifraude, conciliação bancária e integração de comércios físico e digital para além da mera receita com o aluguel das maquininhas de cartão e cobrança de comissões pelas transações dos lojistas.

Para o executivo, a Getnet reúne as vantagens de ter uma escala competitiva com a de rivais maiores, com um parque de cerca de 2 milhões de terminais de pagamentos, ao mesmo tempo em que dispõe de uma estrutura operacional mais leve.

“Nascemos para atacar”, disse Coutinho, numa referência à origem da empresa há uma década, quando tornou-se a terceira credenciadora do mercado, rompendo um duopólio então exercido no país pela Cielo (ex-Visanet) e Rede, ex-Redecard. Segundo ele, com escala e eficiência, a Getnet tem a combinação necessária para também enfrentar rivais menores.

A Getnet afirma ter fechado o primeiro trimestre com 15,6% do mercado de pagamentos no Brasil. Não há dados consolidados para o período, mas estimativas de mercado indicam que a fatia da líder Cielo era de cerca de 30% no fim de março, à frente da Rede, com aproximadamente 24%.

Segundo Coutinho, até aqui os investimentos feitos pela Getnet em tecnologia e numa equipe enxuta, com uma operação mais concentrada no efervescente comércio eletrônico, segmento do qual afirma ter mais de 25% do mercado no Brasil, têm permitido manter margens adequadas.

“Mesmo tendo expansão trimestre a trimestre nos últimos 11 anos, temos conseguido manter boas margens”, disse Coutinho. A margem Ebitda da companhia está em cerca de 60%.

Mas conforme a tendência de pressão sobre tarifas tende a continuar diante da concorrência, a companhia planeja buscar receitas adicionais com crédito a lojistas, entrando com mais força no mercado de antecipação de recebíveis, disse Coutinho, após o Banco Central oficializar a abertura desse mercado, medida prevista para o começo de junho.

Na prática, a medida abre para os lojistas maior liberdade para escolher qual instituição financeira buscará antecipar recursos de compras pagas com cartões de crédito.

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