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A melhor ação para os próximos dez anos é também para o segundo semestre

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Quando as questões macro são de difícil leitura — e o pior é que elas costumam ser mesmo de difícil leitura, muito mais do que nosso desejo de controle gostaria de contemplar —, recorremos à esfera micro. Deve ser mais fácil pensar em coisas pequenas do que grandes; menos variáveis dão menos trabalho. Controle mesmo nunca teremos, mas faz algum sentido, não faz?

Em 9 de fevereiro, escrevi neste espaço sobre qual seria minha ação favorita para os próximos dez anos. Caso precisasse escolher uma só, e essa é sempre uma tarefa ingrata, em especial para quem gosta da diversificação, porque reconhece que essa é a arma daqueles que, como nós, não sabem muito bem o que estão fazendo, iria de Cosan (CSAN3). Tenho medo e pena daqueles que acham que sabem o que estão fazendo. Mas essa é outra história. Volto pra Cosan.

Tornando curta uma longa história, alguns elementos me levavam até a empresa. O primeiro deles é uma comprovada capacidade de alocar capital, por anos e anos sucessivos. De uma reunião de usinas sucroalcooleiras, para um megaconglomerado de infraestrutura, com sócios de qualidade mundial. A própria Cosan, em si, é um negócio diversificado, em que você vai calibrando os esforços e equilibrando as vicissitudes de cada operação conforme a necessidade, de modo que uma coisa acaba compensando outra e reduzindo o nível de risco do consolidado.

Outro ponto fundamental: a confiança em quem toca a companhia. Você estuda o negócio, faz conta, conversa com todo mundo, tenta entender o ambiente macroeconômico, as particularidades de cada concessão, entra em cada unidade operacional. Mas, no final do dia, a realidade vai ser muito diferente daquela previamente identificada e estimada. Enquanto você faz planos, Deus ri. Se não houver confiança na capacidade daquelas pessoas, daquele time reagir diante de uma situação nova, nada feito. Ali você tem uma espécie de elite squad. Sem jogar para a torcida e sem conversinha politicamente correta. É gente séria, competente, trabalhadora e referência no que faz para todo o setor. ESG não é motivo para aparecer em capa de revista, mas vantagem competitiva importante e agenda de negócio, que inclusive posiciona a companhia para vender etanol de segunda geração por dez anos pelo menos para Exxon e Shell.

Para terminar, o valuation parecia bastante atrativo quando contemplávamos a soma das partes, os triggers esperados para este ano e o momento dos resultados, principalmente na Raízen e na Moove, embora a Compass também rode muito bem — reloginho todo ano.

Com efeito, as ações da Cosan, que representam nossa principal posição na carteira Oportunidades de Uma Vida, sobem destacadamente em 2021. Ontem, fomos surpreendidos pela alta de 6% dos papéis, algo bastante notável para uma ação tida como de perfil defensivo.

Duas novidades circundaram a companhia. A primeira se refere à perspectiva de renovação da concessão da Comgás por mais 20 anos, e a segunda se liga a rumores de sucesso no IPO da Raízen, que teria atraído âncoras relevantes no fim de semana (locais e estrangeiros). Segundo se especula, o pre-money valuation em torno de R$ 70 bilhões e o tamanho do deal teria diminuído, vendendo uma fatia menor da operação, o que garantiria um efeito escassez importante.

Considero as duas notícias importantes. Sobre Comgás, embora não seja propriamente uma surpresa, a renovação pavimentaria a via para um eventual novo evento societário na Compass. Depois de não ter emplacado o IPO no ano passado, o deal com a Atmos no primeiro semestre deu um selo de aprovação importante à companhia e a seu valuation. O cenário agora é outro. Todo mundo quer. E seria pertinente voltar a pensar em IPO ou até mesmo em outro private placement semelhante, mais uma vez marcando o valuation da companhia, facilitando o panorama para seu crescimento nos próximos anos e elucidando o quanto Cosan está barata pela soma das partes.

Raízen, por sua vez, é um espetáculo. A operação está literalmente voando e é, para mim, um dos grandes cases de ESG da Bolsa brasileira. Às vezes, há duas interpretações com as quais discordo sobre a operação de Raízen. De maneira muito grosseira, o mercado costuma olhar para isso como se fosse São Martinho mais Ultrapar. Assim, ele ignora sinergias brutais entre as operações e negligencia oportunidades de crescimento únicas da operação combinada, além de não contemplar adequadamente o quanto de volume de etanol de segunda geração a Raízen pode vender, inclusive para seus próprios sócios Exxon e Shell. Outra narrativa típica é ligar a operação de distribuição de combustíveis como um caso semelhante ao da BR Distribuidora, que tem mato muito alto e se beneficiaria da retomada da economia. Claro que pode haver algo nesse sentido, mas aqui é outro tema. ESG, benefícios da operação integrada, com trading muito forte e essas vantagens sem precedentes para etanol de segunda geração, caindo como uma luva principalmente para investidores europeus mais acostumados com o tema.

Raízen é tão bom que se tinha a dúvida sobre a concretização ou não de seu IPO, porque, corretamente, o acionista de referência e o top management da companhia não aceitariam qualquer tipo de desconto relevante em seu valuation, dadas as vantagens competitivas claras e o crescimento projetado de Ebitda para os próximos anos. Principalmente depois do que aconteceu com Compass, ficou na mesa a dúvida sobre eventualmente recolher o IPO e partir para um private placement. Nesse sentido, a conversa de ontem é fundamental. Aumenta as chances do IPO no valuation desejado, garante o crescimento de Raízen e exige um re-rating de Cosan.

Para não dizer que não falei das flores, embora não seja algo exatamente de ontem, acho importante chamar atenção para Moove, porque, embora esse seja o menor negócio do grupo, já é relevante e os resultados devem ser absolutamente espetaculares. Inclusive não me surpreenderia se também aqui houvesse algum tipo de deal, seja com uma operação privada com algum player europeu ou mesmo com um IPO. Esse negócio vai ser, de fato, muito grande.

E para ser devidamente justo e não ficar dourando a pílula excessivamente, talvez Rumo traga uma pequena frustração neste ano. Nada específico com a companhia, mas fruto da quebra da safra do milho.

Em resumo, a ação para os próximos dez anos é também uma excelente pedida para a segunda metade de 2021. O longo prazo vai ser sempre uma soma de curtos prazos.

Duas coisas antes de terminar. Nada a ver com Cosan, mas já que estamos falando de novidades microeconômicas relevantes dentro das ações da carteira Oportunidades de Uma Vida, preciso mencionar Direcional e GPS.

Direcional apresentou uma prévia operacional nada menos do que formidável, acima de qualquer expectativa. Quem estava otimista com a preliminar tinha R$ 580-590 milhões de vendas contratadas. A companhia entregou R$ 614 milhões. Recorde absoluto. É um crescimento superior a 50% ano contra ano. Lançamentos da mesma forma. Riva muito relevante e ganhando escala muito rápido. Companhia está on track para lançar R$ 3 bilhões de VGV em 2022. Crescimento de tech em valuation muito descontado. E não me surpreenderia se o terceiro trimestre fosse ainda melhor do que o segundo. O setor está largado em Bolsa, mas qualquer mínima melhora aqui permite upside superior a 50%, com baixo downside, dada a operação muito na mão, a elevada distribuição de proventos e o valuation já muito depreciado.

GPS entregou mais uma aquisição relevante, do Grupo Vivante. Companhia entregando muito bem seu pipeline de M&A, muito bem tocada e com uma habilidade única de gestão de risco trabalhista. Em linhas gerais, agora só tem na mesa Gocil e Verzani — e pode ter jogo aqui também. Abaixo do radar de muita gente, entregando como poucos. Merece a compra. Em um ano, a empresa será outra.

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