A fabricante de calçados Alpargatas, dona da marca Havaianas, registrou no quarto trimestre de 2021 lucro líquido recorrente de R$ 149,9 milhões, queda de 19,1% ante o mesmo período de 2020.
O Ebitda recorrente – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização – chegou a R$ 169,1 milhões entre outubro e dezembro e caiu 31,8% na base de comparação anual. A margem Ebitda recorrente caiu 8,3 pontos porcentuais e ficou em 23,8%.
No ano, o lucro líquido recorrente da Alpargatas somou R$ 572 milhões, alta de 24,3% ante 2020, enquanto o Ebitda recorrente ficou em R$ 720,4 milhões, aumento de 20,3%.
A receita líquida no 4T21 foi de R$ 1.069,0 milhões, alta de 7,4%, com destaque para a expansão do mercado internacional e para as iniciativas de RGM em Havaianas Brasil onde o preço/mix cresceu 9,8%.
No relatório com os resultados, a companhia afirmou que os impactos positivos da implementação dos pilares estratégicos continuam impulsionando o crescimento de volume e da receita líquida. “O controle de despesas operacionais realizado sob a metodologia de orçamento base zero refletiram a redução de 1,1 ponto percentual nas despesas em comparação a 2020”, detalhou o relatório.
O resultado financeiro no trimestre foi negativo em R$ 74,5 milhões, ante resultado positivo de R$ 53,7 milhões do quarto trimestre de 2020, com as despesas financeiras recuando 75,3%, para R$ 10,384 milhões.
Entre outubro e dezembro, as despesas operacionais da Alpargatas recuaram 20,2%, para R$ 325 milhões, enquanto no acumulado do ano o montante subiu 1,7%, para R$ 1,31 bilhão.
Segundo a companhia, parte do resultado trimestral foi pressionado pela alta de 42%, ante o mesmo período de 2020, do preço da matéria-prima.
A margem bruta da companhia foi de 42,9% entre outubro e dezembro de 2021, queda de 7,3 pontos percentuais.
“Em 2021, enfrentamos questões como inflação de preços de matérias-primas e gargalos na cadeia logística que impactaram toda a indústria. O cenário foi e é desafiador, mas ao longo do ano, nossas ações de mitigação, como o Revenue Growth Management (RGM), nos permitiram aumentar o preço por par protegendo o volume de vendas, além de colocarmos em prática programas de redução de custos e controle de despesas operacionais”, afirmou a companhia em seu release de resultados.
Os resultados da Alpargatas (BOV:ALPA3) e (BOV:ALPA4) referentes suas operações do quarto trimestre de 2021 foram divulgados no dia 10/02/2021.
Alpargatas confirma oferta secundária de ações
A companhia aprovou follow on de 37,5 milhões de ações ordinárias e de 57,5 milhões ações preferenciais. A oferta, que será realizada simultaneamente no Brasil e nos EUA, terá a coordenação líder do Banco Itaú, ao lado do Bank of America (BofA), J.P. Morgan, Banco Bradesco e Citigroup.
Teleconferência
Segundo o diretor-presidente, Roberto Funari, em teleconferência após a divulgação dos resultados referentes ao quarto trimestre de 2021, a Alpargatas, dona das Havaianas, prevê aceleração no crescimento no médio e longo prazo, com continuidade de investimentos, e não será refém de commodities, apoiada na força da marca e no aumento da produtividade.
“Não vamos parar de investir, a marca nunca esteve tão forte”, disse ele.
Segundo Funari, para este ano, a empresa está focada em crescimento da receita, com redução de custos, incluindo medidas pontuais para comprar matérias-primas e usar a capacidade, marca e posição de mercado para ajudar, ainda que isso demore para entrar no ciclo de produção.
“Não ficamos reféns de efeito cíclico de matéria-prima”, disse Funari, ressaltando que em 2021 a empresa fez um volume de preços/ mix maior do que o custo, e o custo de matérias-primas subiu 42%. Uma das commodities utilizadas na fabricação dos chinelos e outros produtos da Havaianas é a borracha de butadieno.
“Continuamos vendo pressão no preço do do butadieno no curto prazo”, disse Funari.
O diretor-financeiro da Alpargatas, Julian Garrido, afirmou que a empresa acompanha e reage aos preços, e vai atrás do que consegue controlar. “Estamos trabalhando na produtividade”, disse. “O mais importante é reagir rápido”.
A Alpargatas está avançando nos Estados Unidos, com uma base mais forte e estratégia de canais balanceada, e planeja ampliar sua internacionalização, com maior presença na Ásia, Europa e América Latina, de acordo com Funari.
“Tivemos um ano muito forte nos mercados internacionais”, disse. “Do ponto de vista de volume, com baixa sazonalidade, encerramos ano recorde nos Estados Unidos, com resultados positivos no núcleo operacional”, disse ele.
“Vamos continuar investindo, ampliando estrutura, ampliando presença off-line”, disse Funari, acrescentando que se trata de um mercado de crescimento lento e que tudo está caminhando conforme planejado. “Não vamos reduzir ou mudar nossa perspectiva.”
O diretor-presidente disse ainda que a empresa tem o papel de crescer na Europa. “Mesmo com os impactos da pandemia em 2021, vimos uma recuperação em níveis superiores aos pré-pandemia”, disse ele, citando que a empresa reportou a maior receita líquida em moeda forte de sua história na Europa.
“Sofremos em mercados distribuidores por baixas taxas de vacinação, agora vemos a tendência se dissipar e a estratégia de crescimento dando frutos”, disse ele.
VISÃO DO MERCADO
XP Investimentos
A Alpargatas reportou resultados fracos para o quarto trimestre, na avaliação da XP Investimentos.
“Nós já esperávamos um resultado fraco por conta da pressão de custo, enquanto não achávamos que haveria nenhum forte crescimento de volume no internacional dada a baixa sazonalidade”, afirma a corretora.
A XP manteve a recomendação de compra da ação. Na avaliação dos analistas, o resultado já tinha sido antecipado pelo mercado. No ano, os papéis da companhia acumulam queda de mais de 20%, ante valorização de 8% do Ibovespa.