A Grendene, dona das marcas Melissa e Ipanema, registrou lucro líquido de R$ 174,2 milhões no terceiro trimestre deste ano, o que representa queda de 16,3% em relação ao mesmo período de 2021. Já o lucro líquido recorrente avançou 45,5%, para R$ 198,5 milhões.
A receita líquida foi de R$ 713,9 milhões, um crescimento de 6,3% em relação ao 3T21, inferior ao crescimento da receita bruta, principalmente em razão do aumento dos descontos concedidos e devoluções de clientes.
O Ebitda – juros, impostos, depreciação e amortização – alcançou R$ 87,7 milhões, com recuo de 37,6%. O número é explicado pala pressão que as margens sofreram no trimestre encerrado em setembro.
A margem bruta caiu 4,4 pontos percentuais, para 39,8%, e a margem Ebitda foi 8,6 pontos menor, de 20,9% para 12,3%.
A receita bruta da Grendene somou R$ 909,7 milhões, alta de 11,2%. Do total, R$ 741 milhões são referentes ao mercado interno, cujo faturamento cresceu 11,8%. A companhia afirma que o ganho de faturamento reflete também o reajuste de preços de produtos.
No Brasil, a receita bruta no 3T22 do mercado interno foi 11,8% acima da anotada em relação aos mesmos três meses de 2021, atingindo R$ 741,0 milhões. Resultado do avanço de 2,0% do volume de pares embarcados (36,9 milhões de pares) e do reajuste de preços realizado em janeiro deste ano.
No mercado externo, os consumidores enfrentam uma maior incerteza econômica e alta generalizada dos preços, impondo uma alteração nos seus hábitos de consumo.
Essa mudança resultou em um problema adicional: altos níveis de estoques o que contribuiu para o fraco desempenho no trimestre.
No 3T22, as vendas no mercado externo cresceram 8,5% na receita bruta e queda de 5,2% em volumes, totalizando R$168,7 milhões e 7,4 milhões de pares, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano anterior.
O volume total de vendas avançou 0,7%, para 44,3 milhões de pares, refletindo o avanço de 10,4% da receita bruta por par.
“Os volumes de vendas vinham crescendo, mas vimos um desaquecimento do varejo em razão da inflação, dos juros, do alto nível de endividamento das famílias e das incertezas políticas”, explicou.
O resultado financeiro da Grendene totalizou um lucro de R$ 122,8 milhões no 3T22, apresentando alta de 843,4% quando comparado ao 3T21.
O lucro bruto da Grendene atingiu R$ 284,5 milhões no 3T22, apresentando retração de -4,0% na comparação com o 3T21.
O custo dos produtos vendidos (CPV), indicador importante para o segmento, subiu 13,7% em um ano. De R$ 8,53 milhões para R$ 9,7 milhões. A margem bruta caiu 4,4 pontos percentuais, para 39,8%, e a margem Ebitda foi 8,6 pontos menor, de 20,9% para 12,3%.
Albuquerque aponta que o custo da matéria-prima vem subindo constantemente desde o início da pandemia. Se, antes da crise, o custo da resina de PVC representava 23% da receita líquida, hoje responde por 30%.
“Nossos outros custos se mantiveram estáveis, mas a matéria-prima e as despesas operacionais [frete e comissões, por exemplo] acabaram subindo e prejudicaram a margem”, justifica.
Por outro lado, o executivo reforça a consistência do caixa da Grendene, de cerca de R$ 1,6 bilhão. Apenas em aplicações financeiras, a empresa apontou uma disparada: de R$ 13 milhões no 3T21 para R$ 122,8 milhões, fruto da taxa de juros mais alta no período.
Em 30 de setembro de 2022, o caixa líquido (considerando caixa, equivalentes e aplicações financeiras de curto e longo prazo menos empréstimos e financiamentos de curto e longo prazo) era de R$1,6 bilhão, aumento de 9,2% em relação aos R$1,5 bilhão de 31 de dezembro de 2021. A proporção da receita líquida acumulada nos últimos 12 meses (30 de setembro de 2021 a 30 de setembro de 2022) mantida em caixa e equivalentes e aplicações financeiras caiu de 77,8%, para 66,8%.
Os resultados da Grendene (BOV:GRND3) referentes suas operações do terceiro trimestre de 2022 foram divulgados no dia 28/10/2022. Confira o Press Release completo!
VISÃO DO MERCADO
Ágora
Vemos esses resultados como misto, uma vez que a receita bruta ficou acima do esperado, mas as margens operacionais ficaram abaixo do esperado, enquanto o lucro líquido acima da expectativa foi impulsionado por ganhos excepcionais de participações societárias (Vale, Petrobras, Cyrela). Além disso, parte relevante do resultado acima do esperado da receita bruta da divisão internacional foi impulsionada por aumentos de preços (+14% na comparação anual), enquanto a divisão por sua vez mostrou alguma queda nos volumes (-5% na comparação anual), pois os mercados da divisão estão em cenário de inflação mais alta e incerteza econômica.
Este deve ser um ponto de atenção para 2023, pois a JV GGB (“Grendene Global Brands”) com a gestora 3G Radar – o principal gatilho para a tese de investimento – estará totalmente operacional (já iniciou suas campanhas de marketing nos EUA e na China).
Além disso, a Grendene está entrando no mercado de animais de estimação por meio de dois projetos-piloto: Lump, voltada para brinquedos de PVC, e Lello, coleiras inteligentes para cães que permitem o acompanhamento da saúde do animal por meio de um smartphone, embora com visibilidade limitada sobre o potencial dessa iniciativa.
Apesar do valuation descontado de 10,5x o múltiplo P/L estimado para 2023, não acreditamos que esses resultados serão um direcionador para a movimentação das ações, portanto, mantemos nossa recomendação Neutra e rolamos nosso preço-alvo para 2023 (mantido em R$ 9,00), enquanto ajustamos nossas estimativas para refletir as pressões de margem em curso.
Ágora tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 9,00…
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão