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Fed deve desacelerar o ritmo do aperto monetário nos EUA para um aumento de 50 pontos-base

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O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deve desacelerar o ritmo do aperto monetário nos Estados Unidos para um aumento de 50 pontos-base em seu último encontro do ano, que começa hoje e termina amanhã. Diante da pressão inflacionária no país, sobretudo nos salários dos norte-americanos, novas subidas de taxas são esperadas em 2023, o que estreita ainda mais o caminho para um pouso suave da maior economia do mundo e eleva o risco de uma recessão à frente.

Uma alta de 50 pontos-base levará a taxa dos Fed Funds, os juros básicos dos EUA, à faixa entre 4,25% e 4,5% ao ano, a maior em 15 anos. Tal moderação vem na sequência de quatro subidas consecutivas de 75 pontos-base, uma vez que a disparada de preços obrigou o Fed a apertar as condições financeiras do país no processo mais rápido em quatro décadas.

Nas últimas semanas, dirigentes do Fed anteciparam que o início de uma desaceleração no aumento das taxas se daria a partir deste mês em meio aos aumentos já realizados e sinais de que o pico da inflação nos EUA foi superado. “Faz sentido moderar o ritmo de elevações à medida que nos aproximamos de um nível que será suficiente para reduzir a inflação. O momento de moderar o ritmo de aumento das taxas pode chegar logo na reunião de dezembro”, disse o presidente do Fed, Jerome Powell, em evento no fim do mês passado.

Indicou, porém, que mais “aumentos contínuos serão apropriados” para alcançar sua meta de inflação de 2% ao ano, o que deve fazer com que as taxas subam além do esperado por investidores e sejam mantidas em patamares elevados por mais tempo. “Parece-me provável que o nível final das taxas precise ser um pouco mais alto do que se pensava na época da reunião de setembro”, afirmou Powell.

Mais do que a decisão de política monetária, o foco de Wall Street está nas projeções econômicas, que vão sinalizar qual será a taxa terminal dos Fed Funds em 2023. “Além de um aumento de taxa amplamente esperado de 50 pontos-base, o principal evento na reunião de dezembro provavelmente será um aumento no pico projetado para a taxa de fundos em 2023”, diz o economista-chefe do Goldman Sachs, Jan Hatzius.

Bank of America, Goldman Sachs e Citi esperam que o gráfico de pontos, que traz as previsões do Fed, tenha um adicional de 50 pontos-base, indicando que os juros norte-americanos podem alcançar um pico de 5,00% a 5,25% no fim do ciclo de aperto monetário nos EUA, em meados de maio. Mais hawkish, o ex-secretário do Tesouro norte-americano, Larry Summers, e o economista-chefe para os Estados Unidos do Mizuho Securities, Steven Ricchiuto, já consideram a possibilidade de os juros nos EUA baterem a marca de 6%.

Os investidores também devem acompanhar com lupa a coletiva de imprensa de Powell, que acontece na quarta-feira, na sequência da decisão de política monetária do BC dos EUA. No geral, a expectativa de Wall Street é de que Powell mantenha a linha de seus discursos recentes, com poucas mudanças, e reforce o foco na inflação e no mercado de trabalho apertado nos EUA, sinalizando que ainda há bastante a ser feito para colocar a inflação do país nos trilhos.

“O presidente Powell enviará uma mensagem ‘hawkish’ – que indica mais subidas de juros à frente -, pois o mercado de trabalho resiliente significa que os riscos são direcionados para uma taxa terminal mais alta”, avaliam os economistas Michael Gapen, Mark Cabana e John Shin, do Bank of America, em comentário a clientes.

Depois de bater o pico, a inflação nos EUA começa a mostrar sinais de trégua e divide economistas e dirigentes do Fed quanto à calibragem de política monetária necessária para domar os preços na maior economia do mundo. Em outubro, o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), medida preferida do Fed, veio melhor que o esperado. Hoje, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) teve alta de 0,1% em novembro ante outubro, para 7,1% no ano, melhor do que o esperado, bem como o núcleo do indicador, que exclui os voláteis preços de alimentos e energia.

Mais do que chancelar a moderação no processo de aperto, o CPI de novembro reforçou as expectativas de algumas casas em Wall Street de uma pausa nos Fed Funds em meados de 2023. “A desaceleração da inflação geral, que alivia o risco de aumento das expectativas, combinada com nossa visão de que o mercado de trabalho também vai abrandar, reafirma a expectativa de que o Fed provavelmente fará uma pausa no início de 2023 e o próximo movimento a partir daí provavelmente será para baixo”, avalia a economista da Pimco para a América do Norte, Tiffany Wilding.

O comportamento da inflação nos EUA tem dividido os dirigentes do Fed. Enquanto uns veem os preços desacelerando à frente e defendem uma política monetária menos agressiva para conter eventuais estragos econômicos, outros seguem a favor de uma condução firme para combater as pressões inflacionárias. Para Powell, os principais desafios são até quando subir os juros e por quanto tempo mantê-los em níveis elevados.

“É prematuro discutir a pausa e não é algo que estamos pensando porque realmente não é uma conversa a ser realizada. Temos um caminho a percorrer”, afirmou o presidente do Fed. “Eu gostaria de entender e não cometer o erro de não fazer o suficiente e retirar nossa política forte, fazer isso cedo demais”, emendou Powell, que ainda vê os EUA fazendo um pouso suave embora um “caminho mais estreito” à frente.

As falas de Powell reforçam outra corrente nos mercados financeiros, de que o Fed irá além na subida de juros, empurrando a maior economia do mundo para um período de retração. A Oxford também está menos convencida de uma aterrissagem suave e prevê uma “leve recessão” no próximo ano.

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