O BTG Pactual teve lucro líquido ajustado de R$ 1,767 bilhão no quarto trimestre de 2022, com queda de 23% sobre o terceiro trimestre do mesmo ano e de 0,8% sobre o quarto trimestre de 2021.
O lucro líquido, por sua vez, foi de R$ 1,644 bilhão no quarto trimestre de 2022 (4T22), queda de 5,7% frente a mesma etapa de 2021.
“Este evento específico também impactou as despesas com bônus, que foram reduzidas em R$ 153,1 milhões, e as despesas com imposto de renda e contribuição social, que diminuíram R$ 466,9 milhões neste trimestre. Dessa forma, no agregado, as provisões não recorrentes impactaram negativamente o lucro líquido do BTG Pactual em R$ 580,0 milhões”, explica o banco.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) atingiu 16,7% entre outubro e dezembro de 2022, baixa de 2,7 pontos percentuais sobre o mesmo período do ano passado.
A receita total ficou em R$ 3,626 bilhões, queda de 24% na comparação trimestral e alta de 3,9% na anual.
As receitas da área de Investment Banking somaram R$ 485 milhões, um aumento de 17% comparado ao mesmo trimestre do ano anterior, quando totalizaram R$ 415 milhões. As receitas caíram 7,6% em relação ao forte resultado de 3T22, quando divulgamos receitas recordes para os segmentos de M&A e DCM.
As receitas de Corporate e SME Lending caíram 86% na comparação anual, para R$ 105 milhões.
“Reforçando a transparência e compromisso com nossos clientes, acionistas e parceiros, detalharemos as provisões não-recorrentes que impactaram as nossas áreas de Corporate & SME Lending e Sales & Trading no trimestre e consequentemente no ano”, diz o banco.
As receitas de Sales & Trading, por sua vez, aumentaram 24% ano a ano, passando de R$ 917 milhões para R$ 1,134 bilhão. O nosso VaR médio total diário foi de 0,27% do patrimônio líquido médio, o menor nível do ano e abaixo dos níveis históricos, enquanto o componente de risco de mercado do RWA encerrou o trimestre em 15,7%. As receitas de Sales & Trading foram impactadas negativamente em R$77 milhões devido as provisões não-recorrentes em alguns instrumentos financeiros.
A área de gestão de recursos (Asset Management) teve receitas de R$ 429 milhões no quarto trimestre, crescimento anual de 19%. Já na gestão de patrimônio e no banco de varejo (Wealth Management & Consumer Banking), as receitas ficaram em R$ 686 milhões, expansão de 53% em 12 meses. O crescimento deveu-se principalmente às maiores taxas de administração e ao recolhimento de taxa de performance, que são reconhecidas ao final de cada ano fiscal dos fundos. A área de Asset Management vem se diversificando ao longo dos anos, demonstrando sua capacidade de crescimento mesmo durante períodos macroeconômicos mais desafiadores.
A captação líquida de clientes foi de R$ 68 bilhões de outubro a dezembro de 2022, acima dos R$ 62,9 bilhões obtidos no terceiro trimestre. No ano, ficou em R$ 254 bilhões.
A carteira de crédito expandida aumentou 10,2% em relação ao trimestre anterior, passando de R$ 144,8 bilhões para R$ 159,6 bilhões, e 32,5% em relação ao 4T21.
Os ativos totais do BTG somaram R$ 450,6 bilhões no período, um crescimento de 30,2% na comparação com igual etapa de 2021.
O patrimônio líquido cresceu de R$ 42,3 bilhões no fim do 3T22 para R$ 42,4 bilhões no fim do 4T22, impactado principalmente pelo lucro líquido de R$ 1.644 milhão no trimestre e parcialmente compensado pela distribuição de juros sobre capital próprio (JCP), no valor de R$ 1.355 milhão.
As despesas operacionais ajustadas somaram R$ 1,882 bilhão no quarto trimestre de 2022, um aumento de 40% na comparação com quarto trimestre de 2021. Esse aumento foi principalmente relacionado a maiores despesas com salários e benefícios devido ao acréscimo de 35,1% no número de funcionários durante o ano, maiores despesas administrativas e outras, principalmente devido à expansão das nossas plataformas de varejo digital e, aumento nas despesas de amortização de ágio, resultado das aquisições de pequeno e médio porte que realizamos.
As despesas com bônus ficaram estáveis em comparação a 2021, considerando o ajuste de R$153,1 milhões referente ao evento não-recorrente já mencionado. Excluindo este ajuste, tais despesas teriam aumentado 6,5%, em linha com o crescimento das receitas operacionais. Mesmo considerando os impactos causados pelo evento não recorrente, nosso índice de eficiência ajustado foi de 40,1% em 2022, abaixo da nossa média histórica.
O lucro líquido contábil somou R$ 1.644,3 milhão no 4T22 e R$ 7.841,8 milhões em 2022. Na comparação anual, registramos um aumento de 23,6% no lucro líquido contábil ante os R$ 6.342,0 milhões registrados em 2021, uma marca impressionante dados os relevantes desafios macroeconômicos e as provisões não-recorrentes em nossas exposições de crédito.
O índice de Basileia se manteve estável em 15,1% frente ao terceiro trimestre. No quarto trimestre de 2021, estava em 15,7%.
Os resultados do Banco BTG Pactual (BOV:BPAC11) referentes às suas operações do quarto trimestre de 2022 foram divulgados no dia 13/02/2023. Confira o Press Release!
Teleconferência
“Fomos vítimas de uma fraude corporativa”, disse Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual (BPAC11), logo no começo da teleconferência sobre os resultados do banco no quarto trimestre de 2022. Assim como nas demais instituições financeiras expostas à dívida bilionária da Americanas (AMER3), o caso foi tratado como um evento não recorrente e o nome da varejista não foi diretamente citado, nem no balanço, nem na apresentação dos executivos.
Na lista de credores da Americanas, o BTG Pactual aparece com R$ 3,5 bilhões a receber da empresa em recuperação judicial. No balanço divulgado nesta segunda-feira (13), o banco afirma ter feito uma provisão não-recorrente de R$ 1,2 bilhão – sendo R$ 1,123 bilhão na área de Corporate & SME Lending em função da exposição de crédito e R$ 77,0 milhões na área de Sales & Trading.
Com as provisões, o BTG deixou de lucrar R$ 580 milhões no trimestre e o retorno sobre patrimônio (ROAE, na sigla em inglês), que seria de 22%, ficou em 16,7%.
O JP Morgan calcula que o BTG provisionou 30% da exposição que possui à dívida da Americanas, percentual semelhante ao provisionado pelo Santander (SANB11), ainda que o banco não tenha confirmado valores relacionados a esse caso. Na última semana, o BTG conseguiu na Justiça o direito de compensar R$ 1,2 bilhão que tinham sido dados como garantia para empréstimos da Americanas. Desde o último dia 17 de janeiro o banco tentava bloquear esses recursos.
Na teleconferência dos resultados, Sallouti afirmou que 60% da exposição do banco a operações de risco sacado foi provisionada. Provisões adicionais não estão descartadas.
“Mesmo se tivermos que fazer provisões adicionais, nosso guidance não muda. Dado o tamanho da nossa carteira e a qualidade dela, estamos tranquilos com nossas projeções”, disse, na teleconferência. Para 2023, o BTG espera elevar o ROE para acima de 21%.
O CEO afirmou que o evento não recorrente é um caso isolado. “Não nos preocupa em linha de negócios. Nossa carteira não tem exposição a outros casos reportados recentemente na mídia”, afirmou.
Sallouti disse ainda que considera o atual nível de provisionamento do banco “adequado para o cenário que se vislumbra”.
“Avaliamos mensalmente, nome a nome, as provisões na carteira, assim como avaliamos nossas exposições. Consideramos o provisionamento adequado para o cenário que se vislumbra”, afirmou Roberto Sallouti. O CEO do BTG Pactual acredita que os casos de recuperação judicial e de empresas buscando reestruturar a dívida são reflexo da situação econômica e não uma fraude, como o caso não recorrente que levou o banco a provisionar mais de R$ 1 bilhão.
Sallouti admitiu ainda que a exposição de crédito do banco a Americanas não era determinada pelo balanço da companhia em si, mas pela força de seus acionistas de referência: os sócios da 3G Capital, Jorge Paulo Lemann, Beto Sucupira e Marcel Telles.
“Acho que todo o sistema financeiro utilizou esse padrão”, disse o CEO do BTG.
Para 2023, o CEO acredita em um mercado mais seletivo, com spreads maiores, o que deve melhorar a rentabilidade do banco.
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão, Reuters