A sessão foi marcada por um descolamento do real ante seus pares, com a moeda brasileira permanecendo, ao longo de toda a negociação, na lanterna da lista de 33 divisas.
Se pela manhã o real se mantinha isolado nesta posição, com o dólar enfraquecido globalmente, à tarde houve uma mudança de movimento, e a moeda americana ganhou força, penalizando também outras divisas (e avançando ainda mais sobre o real).
No fim da sessão, o dólar comercial fechou em alta de 1%, a R$ 5,2884, depois de ter atingido a mínima de R$ 5,2043 e a máxima de R$ 5,2956. O intervalo da volatilidade do dia ficou em R$ 0,09, acima da média das últimas cinco sessões, de R$ 0,06, e também acima da média dos últimos 12 meses, de R$ 0,08. Perto das 17h10, o dólar futuro para abril operava em alta de 0,86%, a R$ 5,2960.
Outras moedas
A libra teve apoio apenas pontual, após o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) elevar os juros em 25 pontos-base (pb), como esperado pelo mercado. A moeda britânica oscilou entre ganhos e perdas, enquanto o euro também mostrou força limitada, em meio a declarações de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE).
Nesse contexto, o índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, variou próximo da estabilidade nesta quinta-feira, 23, mas subiu, com investidores ainda avaliando a comunicação da quarta-feira do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 130,62 ienes, o euro recuava a US$ 1,0842 e a libra tinha alta a US$ 1,2294. O índice DXY registrou alta de 0,18%, aos 102,532 pontos.
O DXY caía logo cedo, estendendo as perdas do dia anterior, quando o Fed cumpriu a expectativa majoritária do mercado e elevou os juros em 25 pontos-base. O Morgan Stanley diz ter visto elementos hawkish e também dovish na comunicação do Fed, mas manteve expectativa de alta de 25 pb nos juros na próxima decisão de política monetária, em maio. Já o monitoramento do CME Group mostrava no fim desta tarde 67,6% de chance de manutenção nos juros na reunião de maio, em meio a quadro ainda de cautela com o risco de mais turbulências bancárias.
O BoE, por sua vez, disse que pode haver mais alta nos juros, para conter a inflação, mas analistas se dividiam sobre o que pode ocorrer na próxima decisão do BC britânico. O TD Securities considera que o BoE deve elevar os juros em 25 pb, em maio, mas considera que isso não deve dar muito impulso à libra esterlina, no quadro atual. O ING afirmou que o BOE poderia manter juros, caso a inflação desacelere, enquanto Capital Economics e Commerzbank viam nova alta de 25 pb como desfecho mais provável na próxima reunião.
Dirigentes do BCE, Madis Muller defendeu a necessidade de elevar mais os juros, porém também ponderou que boa parte do aperto já foi realizada. Outro dirigente da instituição, Klaas Knot, disse ver como provável uma alta nos juros em maio, com riscos para cima nas perspectivas para a inflação.
Entre moedas emergentes e commodities, a lira turca oscilou perto da estabilidade, após o BC local manter a taxa básica de juros, em 8,5%. O dólar ainda avançava a 205,8166 pesos argentinos, enquanto o país continua a enfrentar inflação forte e a negociar ajustes em seu pacote com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O FMI disse estar avaliando uma troca forçada de dívida anunciada anteriormente pelo governo local, e pediu “prudência” e que a gestão da dívida não implique novas “vulnerabilidades no futuro”.