Após triplicarem de valor na véspera, as ações da têxtil Coteminas (BOV:CTNM3) (BOV:CTNM4) seguem em disparada na B3, após a companhia assinar na semana passada acordo com a Shein para a chinesa aumentar a produção no Brasil.
Às 10h40 (horário de Brasília) desta terça-feira (25), os papéis ordinários CTNM3 subiam 58,20%, a R$ 19, enquanto os preferenciais entraram em leilão às 10h22 para abrirem a R$ 5,05, ou salto de 41,06%.
A Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminas), que pertence ao atual presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, anunciou na quinta a assinatura do memorando de entendimentos com a chinesa.
O documento prevê que 2 mil dos clientes confeccionistas da empresa passem a ser fornecedores da companhia asiática para atender os mercados doméstico e da América Latina. A parceria abrange o financiamento para capital de trabalho e contratos de exportação de produtos para o lar.
Na quinta-feira, Josué participou de uma reunião do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com representantes da Shein, voltada especialmente para fast fashion.
Segundo Haddad, o empresário intermediou o entendimento com a varejista chinesa, especialmente depois da polêmica sobre sonegação de impostos nas compras em sites estrangeiros que vendem para o Brasil. Filho de José Alencar, morto em 2011, vice do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos seus dois primeiros mandatos, Josué sempre foi considerado próximo do petista. E tem se aproximado de alguns integrantes do governo, sobretudo de Haddad.
Na briga pela taxação das asiáticas, que acabam provocando uma concorrência desleal com as varejistas brasileiras, o empresário teve importante participação no acordo que culminou no anúncio da Shein de que pretende nacionalizar 85% das vendas em quatro anos, com produtos feitos no Brasil. A plataforma chinesa anunciou que fará investimentos de cerca de R$ 750 milhões no setor têxtil brasileiro e vai gerar até 100 mil empregos indiretos no País nos próximos três anos.
Todo o imbróglio envolvendo os marketplaces asiáticos começou com a decisão do governo de taxar as vendas dos sites, acabando com a isenção de tributação nas importações no valor de até US$ 50 entre pessoas físicas. A suspeita era de que haveria simulação de compras entre pessoas físicas para escapar do imposto.
Uma semana depois, o governo recuou da decisão, diante da repercussão negativa da proposta na opinião pública. No dia seguinte, a Shein anunciou os investimentos.