A Cielo encerrou o primeiro trimestre deste ano com lucro líquido recorrente de R$ 440,8 milhões, alta de 138,8% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Segundo a companhia, o resultado foi impulsionado pela sólida melhora nos fundamentos operacionais de Cielo Brasil e Cateno, e pela conclusão da agenda de desinvestimentos, que impactou positivamente a linha de Outras Controladas.
A receita líquida somou R$ 2,569 bilhões no primeiro trimestre de 2023, uma redução de 7% na comparação com igual etapa de 2022.
O Ebitda – juros, impostos, depreciação e amortização – recorrente totalizou R$ 994,4 milhões no primeiro trimestre de 2023, um crescimento de 39,8% em relação ao 1T22. A margem Ebitda recorrente atingiu 38,7% entre janeiro e março deste ano, alta de 12,9 pontos percentuais (p.p.) frente a margem registrada em 1T22, dada a alavancagem operacional proporcionada pela expansão das receitas e controle de gastos.
Analistas, em média, esperavam lucro de R$ 389,8 milhões para a Cielo no período e Ebitda de R$ 1,05 bilhão, segundo dados da Refinitiv.
O volume financeiro de transações (TPV, na sigla em inglês) capturado pela Cielo Brasil atingiu R$ 201 bilhões no 1T23, registrando crescimento de 1,4% sobre 1T22, com crescimento de 3,1% em transações com cartões de crédito.
Já os produtos de antecipação de recebíveis registraram R$ 32,2 bilhões, alta de 21,9% na comparação anual.
O resultado financeiro líquido foi negativo em R$ 70,6 milhões no primeiro trimestre de 2023, uma diminuição de 15,1% sobre as perdas financeiras da mesma etapa de 2022.
O lucro bruto atingiu a cifra de R$ 1,160 bilhão no primeiro trimestre de 2023, um aumento de 27% na comparação com igual etapa de 2022.
As despesas operacionais somaram R$ 401,6 milhões no 1T23, uma redução de 14,1% em relação ao mesmo período de 2022.
Em 31 de março de 2023, a companhia registrou um total de caixa e equivalentes de caixa de R$ 2,351 bilhões, redução de R$ 1,161 bilhão frente a 31 de março de 2022 e aumento de R$ 181 milhões frente a 31 de dezembro de 2022. “A redução das disponibilidades contra o mesmo período do ano anterior é explicada principalmente pelo aumento do caixa alocado em Produtos de Prazo”, diz comunicado.
Os resultados da Cielo (BOV:CIEL3) referente a suas operações do primeiro trimestre de 2023 foram divulgados no dia 27/04/2023. Confira o Press Release!
Cielo aprova pagamento de juros sobre capital próprio no valor de R$ 196,2 milhões
A Cielo anunciou o pagamento de juros sobre capital próprio (JCP) no montante de R$ 196.210.000,00.
O valor final por ação dos JCP a serem pagos é de R$ 0,07288994650.
Teleconferência
Em teleconferência realizada na manhã desta sexta-feira, a diretoria da Cielo comentou os principais pontos do balanço divulgado na véspera.
Quanto a take rate, por exemplo, a empresa espera continuar realizando o que já tem feito. “Vamos continuar fazer o que fazemos bem feito, com foco em nichos produtivos e outras estratégias de aumento de volume. Objetivo é aumentar receita, mas mantendo lucratividade”, expôs Estanislau Bassols, diretor executivo da adquirente.
A Cielo segue afirmando que não irá subsidiar clientes para manter parte do mercado.
“Tenho convicção de que não iremos subsidiar o segmento de empreendedores, de que vamos atuar de forma rentável nas grandes contas e com uma política de preços saudáveis no varejo”, comento Bassols.
“Isso não significa, contudo, que não podemos somar estratégias em outros segmentos. No caso de empreendedores, ao pensarmos em base de clientes, ele concentra boa parte da variação negativa que tivemos no ano, mas é menos representativo no TPV”, acrescentou.
A empresa, no segmento de empreendedores, espera avançar com algumas soluções que envolvem link de pagamentos, QR Code para Pix e WhatsApp.
“Em grandes contas, tivemos até um crescimento no ano passado mas agora estamos recuando por conta da concorrência, que deve estar operando no negativo. Nós não vamos atuar alugando market share. Vamos continuar melhorando qualidade e operacionalidade, na busca do cliente de volta”, menciona o CEO.
Já no varejo, a estratégia é observar o segmento de forma inteligente, de olho na subsegmentação. “A qualidade e proatividade no atendimento ao cliente é um ponto. O segundo, é que estamos aumentando o número de vendedores, incorporando 400 no último trimestre, e que ainda não tão no seu pico de atividade, que deve vir no terceiro trimestre. De forma adicional a isso, temos o apoio comercial junto com bancos parceiros”, falam. ” Não aceitamos perder market share no varejo de forma contínua e entendemos, com o resultado, que talvez faremos uma nova expansão”.
Quanto aos recebíveis, a Cielo defende que o melhor resultado foi impulsionado pelo avanço na operação, pela alta dos juros e pelo cenário do mercado de credito.
⇒ Às 13h49 (horário de Brasília), as ações CIEL3 subiam 2,3%, a R$ 5,39.
VISÃO DO MERCADO
Goldman Sachs
O Goldman Sachs vai no mesmo caminho. Em relatório assinado pela a equipe de Tito Labarta, a instituição afirma que a redução dos gastos foram o principal driver da melhora dos lucros.
“As batidas de lucro foram impulsionadas principalmente por custos abaixo do esperado e maiores receitas de pré-pagamento”, comentam. “Gastos e despesas ficaram sob controle no trimestre, com custo de serviços caindo 6% trimestralmente e as despesas operacionais, 1%”.
Os analistas do banco explicam que ambas as linhas foram afetadas pela venda da MerchantE. Na Cielo Brasil, os custos caíram 3% no trimestre, em menores custos relacionados ao POS, enquanto as despesas caíram 2% no trimestre, em menores gastos com pessoal e despesas com vendas e marketing.
JP Morgan
O JPMorgan, em sua análise do resultado, assinada pela equipe de analistas chefiada por Domingos Falavina, alerta que apesar da melhoria das taxas, a desaceleração do TPV e a perda de fatia de mercado podem ser obstáculos para a Cielo no futuro.
“As receitas, no entanto, foram fortes indicando que a perda de TPV pode ter se concentrada em contas maiores não lucrativas. Em particular, a receita líquida da Cielo Brasil cresceu 17% no ano, em linha com o nosso consenso, com yield de 0,78%, significativamente acima dos 0,72% do quarto trimestre e do 0,67% de um ano atrás”, diz o banco americano.
Outro destaque trazido pelo banco foi a redução de custos da adquirente.
“Os custos consolidados, excluindo D&A, chegaram a R $ 1,6 bilhão, queda de 23% ano a ano (impactado pela venda do Merchant-e) e 14% no trimestre. No total, o Ebitda [Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês] atingiu R$ 994 milhões, com margem consolidada de 38,7%, alta de 13 pontos percentuais no ano”, dizem.
“Se o primeiro trimestre foi bom, imagine o segundo trimestre”, pontua a Genial. “Gastos operacionais 10% aquém do consenso e o próximo trimestre deve ter vento favorável de intercâmbio mais baixo”, diz o JP.
Segundo os especialistas, a mudança regulatória do intercâmbio dos cartões pré-pagos devem melhorar as margens das adquirentes (taxa de desconto líquida). Uma mudança estipulada pelo Banco Central, que entrou em vigor no dia primeiro de abril, colocou um limite de 0,7% para a tarifa de intercâmbio de cartões pré-pagos. Além disso, houve a simplificação de regras de cálculo desse limite e estabelecimento de prazos para a disponibilização de recursos aos estabelecimentos comerciais.
A Cielo deve também se beneficiar da mudança da sua precificação (taxa de desconto) em março de 2023 e de uma melhor dinâmica competitiva, uma vez que acaba de terminar o treinamento dos 400 novos colaboradores de vendas do varejo.
Santander
O último ponto levantado pelos analistas foram os ganhos com a antecipação de recebíveis, que ficou em R$ 32,2 bilhões.
“É importante ressaltar que atribuímos a expressiva quebra de receita principalmente à aquisição de recebíveis, cujo volume de penetração atingiu o recorde de 26%, levando a receita desse segmento a crescer 130% no ano”, diz o time do Santander, liderado por Henrique Navarro.