O dólar recuou nesta terça-feira, 10, ante outras moedas principais, como euro e libra, com investidores atentos a sinais de grandes bancos centrais, como o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), e também a indicadores. Alguns analistas viram nesta sessão quadro de menor cautela, o que contribuiu para pressionar a divisa americana, também com expectativas pela publicação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos e da ata da mais recente reunião do Fed, ambos na quarta-feira.
No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 133,69 ienes, o euro avançava a US$ 1,0914 e a libra tinha alta a US$ 1,2424. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou queda de 0,36%, a 102,204 pontos.
No caso do iene, a moeda esteve pressionada desde ontem, após o novo presidente do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), Kazuo Ueda, reforçar política monetária acomodatícia, em entrevista coletiva. Na avaliação da Capital Economics, porém, a fraqueza do iene não deve durar muito tempo. A consultoria vê o iene distante de sua estimativa para “valor justo” e acrescenta que o diferencial de juros deve cada vez mais favorecer a moeda japonesa, nos próximos meses, enquanto a economia dos EUA perde mais força e o BoJ é obrigado mais adiante a ajustar sua política. A Capital projeta que o dólar chegará ao fim deste ano em 125 ienes.
O ING, por sua vez, via hoje um “sentimento de otimismo cauteloso”, conforme várias medidas de estresse financeiro recuavam, após as turbulências em alguns bancos vistas no mês passado. De qualquer forma, o banco ainda via um quadro algo complexo para negociações, ao citar que muitos observadores experientes se recusavam a resumir os eventos do mês passado como pontuais, não como potenciais sinais de mais estresse no sistema financeiro global.
Já o BBH afirmou que o dólar esteve hoje “sob pressão” no momento em que a Europa voltava de um feriado de Páscoa prolongado. Na agenda do continente, as vendas no varejo da zona do euro caíram 0,8% em fevereiro ante janeiro, na leitura oficial, e o ING previu contração nessas vendas no primeiro trimestre, esperando ainda que as vendas não darão contribuição positiva ao PIB da região no período.
Entre dirigentes do Fed, John Williams (Nova York) disse ser “razoável” a expectativa por mais uma alta de juros de 25 pontos-base em maio, mas ele também apontou que as condições financeiras estão se apertando, no quadro atual. Já Austan Goolsbee defendeu a prudência, para que se possa avaliar os potenciais impactos dos recentes estresses no setor financeiro.
Ainda no noticiário, o Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou sua projeção para o crescimento global em 2023, de 2,9% em janeiro para 2,8% agora. O Fundo ainda destacou a incerteza no quadro atual, com riscos “diretamente negativos” e também citar em relação aos bancos. Além disso, advertiu para o fato de que uma demanda global mais forte poderia exigir um aperto ainda maior na política monetária.
Entre outras moedas em foco, o Market Watch reportou, a partir de números da FactSet, que o rublo atingia mínimas em um ano frente ao dólar nesta semana. No horário citado, o dólar tinha baixa a 81,660 rublos.