O dólar se valorizou ante outras moedas principais, como o euro e a libra, em meio a declarações do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e também a indicadores. A moeda comum europeia, nesse contexto, recuou mesmo diante da possibilidade de mais altas nos juros pelo Banco Central Europeu (BCE), com declarações de dirigentes em foco.
No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 133,76 ienes, o euro caía a US$ 1,0999 e a libra tinha baixa a US$ 1,2417. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, teve alta de 0,54%, a 101,552 pontos, mas com baixa de 0,27% nesta semana.
Entre dirigentes do Fed, o diretor Christopher Waller afirmou que a política monetária precisará continuar apertada por um período considerável, por mais tempo que o antecipado pelos mercados. Austan Goolsbee (Chicago), por sua vez, comentou que há “clara persistência” da inflação e não descartou uma recessão “leve”, mas não antecipou qual seria o próximo passo para o Fed, acrescentando que deseja ver o quanto de aperto já terá ocorrido no crédito fruto das turbulências bancárias recentes.
Na agenda de indicadores, as vendas no varejo vieram abaixo do esperado nos EUA, mas a produção industrial superou a expectativa dos analistas. O sentimento do consumidor melhorou, na pesquisa da Universidade de Michigan, mas ela também mostrou na prévia para abril um aumento nas expectativas de inflação em 1 ano, de 3,6% em março a 4,6%. Em meio aos dados e aos sinais do Fed, o monitoramento do CME Group mostrava no fim desta tarde maior chance (76,8%) de uma alta de 25 pontos-base nos juros em 3 de maio pelo BC americano.
Entre os dirigentes do BCE, Joachim Nagel disse que espera uma alta nos juros em maio, mas acrescentou que não especularia sobre seu nível. Segundo ele, a menos que a perspectiva inflacionária melhore muito na zona do euro, será necessário elevar mais os juros. O Fundo Monetário Internacional (FMI) também avaliou que o BCE precisará dar esse passo, enquanto a Oxford Economics revisou em baixa sua previsão para o crescimento da zona do euro em 2024, a 1,0%, mas elevou a expectativa para avanço em 2023, a 0,8%.
A Capital Economics comenta, em relatório a clientes, o recuo semanal do dólar. Segundo a consultoria, o fator mais importante para isso foi um quadro de maior apetite por risco, com investidores vendo “o copo meio cheio” em meio à publicação de dados mistos nos EUA.
O Wells Fargo, por sua vez, considera que o status do dólar como moeda de reserva não está sob ameaça “em nenhum ponto do futuro previsível”, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva questionar na China a possibilidade de ampliar o comércio sem depender da divisa americana. O banco aponta que o dólar continua dominante no sistema de pagamentos global, bem como por ser a divisa preferida para reservas cambiais. O Wells Fargo acredita que riscos de fragmentação na União Europeia devem impedir que o euro ganhe mais impulso, enquanto as distorções no mercado de bônus do governo do Japão prejudicam o iene e “limites desafiadores na convertibilidade” impedem o avanço do yuan “por enquanto”.