Os principais mercados europeus encerraram o pregão desta quarta-feira (31) em queda significativa, puxada pela decepção de investidores com dados da economia da China, que saíram no fim do dia de ontem. O mercado também operou à espera da votação do projeto que eleva o teto da dívida dos Estados Unidos até 2025.
O principal driver do mercado europeu hoje foram os índices de gerentes de compras (PMIs, na sigla em inglês) da China, cujas leituras de maio registraram baixa e colocaram mais dúvidas sobre a recuperação da economia do país após um longo período de restrições contra a covid-19 nos últimos anos.
De acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS), órgão oficial chinês, o PMI industrial voltou a cair para 48,8 em maio, enquanto o PMI que inclui os setores de serviços e construção cedeu para 54,4 pontos.
“As expectativas do início do ano de uma forte recuperação sustentada pós-covid deram lugar à preocupação de que a economia da China esteja desacelerando acentuadamente”, resume o analista chefe de mercados da CMC Markets, Michael Hewson.
As empresas de luxo e as ações de energia liderando as perdas após dados chineses.
Segundo ele, tal temor fez com que os índices FTSE 100 e CAC 40 atingissem suas piores pontuações dos últimos dois meses, puxados por ações mais conectadas com a demanda e a atividade chinesa.
As empresas do setor de artigos de moda de luxo, como as francesas Louis Vuitton (-2,64%) e Hermès International (-2,64%) e a britânica Burberry (-2,45%). Montadoras como a Renault (-4,31%) e a Porsche Holdings (-3,92%) performaram muito mal hoje.
As ações na região caminham para seu pior mês desde dezembro, com os investidores preocupados com a trajetória das taxas de juros e o impacto da recuperação desigual da China. Os números de inflação da zona do euro, previstos para amanhã, devem mostrar quanto trabalho o BCE ainda tem para domar as pressões de preços. A recuperação da China tem sido uma importante tese de investimento, levando as ações de luxo europeias como a LVMH a novos recordes.
Em segundo plano, investidores europeus aguardam pela votação que deve aprovar o projeto que aumenta o teto da dívida dos EUA até janeiro de 2025 e reduz uma pequena parte dos gastos discricionários do governo americano pelo mesmo período.
“Incorporar o acordo à nossa projeção econômica deve reduzir o Produto Interno Real (PIB) dos EUA em modestos 0,1 a 0,2 ponto percentual ao ano pelos próximos dois anos”, avaliam os analistas Michael Pugliesi e Karl Vesely, do Wells Fargo.
Confira o fechamento dos principais índices:
País | Índice | Variação (%) |
🇩🇪 | DAX 30 | -1,54% |
🇬🇧 | FTSE 100 | -1,01% |
🇮🇹 | FTSE Mib | -2,08% |
🇫🇷 | CAC 40 | -1,54% |
🇪🇺 | EURO STOXX 50 | -1,83% |
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Confira os destaques dos principais índices:
🇩🇪 ALEMANHA
🇩🇪 Taxa de desemprego
O desemprego na Alemanha subiu menos do que o esperado em maio, mostrando resiliência no mercado de trabalho apesar das difíceis condições econômicas, mostraram dados do setor trabalhista nesta quarta-feira. Saiba mais…
🇩🇪 Índice de preços ao consumidor (CPI) da Alemanha (09h00)
O índice de preços ao consumidor (CPI) da Alemanha subiu 6,1% em maio em comparação com o mesmo mês do ano anterior, segundo dados preliminares do Departamento Federal de Estatísticas da Alemanha, Destatis, divulgados nesta quarta-feira (31). Saiba mais…
🇫🇷 FRANÇA
Os preços ao consumidor caíram 0,1% em um mês, dando uma taxa de inflação anual de 6,0%, após 6,9% em abril, mostraram dados harmonizados da UE da agência de estatísticas INSEE. Saiba mais…
🇫🇷 PIB da França
O PIB da França, a segunda maior economia europeia, cresceu 0,2% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o quarto trimestre anterior de 2022, informa a Trend. Saiba mais…
👁️ Fique de olho
Perspectiva financeira segue frágil após turbulência bancária, aponta relatório
O Banco Central Europeu (BCE) alertou nesta quarta-feira para a persistente fragilidade da estabilidade financeira na zona do euro, especialmente após as recentes turbulências no setor bancário global.
Segundo o mais recente Relatório de Estabilidade Financeira do BCE, “embora as condições econômicas tenham melhorado ligeiramente, as perspectivas de crescimento incertas, aliadas à inflação persistente e a condições de financiamento mais restritivas, continuam a pesar nos balanços das empresas, nas famílias e nos governos”
O banco central adverte que uma “inesperada deterioração ou aperto financeiro” pode desencadear uma instabilidade financeira, resultando em “ajustes de preços desordenados” nos mercados financeiro e imobiliário, o que representa um risco significativo para a estabilidade geral da zona do euro.
No relatório, o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, enfatizou a importância de manter a estabilidade dos preços para garantir uma estabilidade financeira duradoura. “A medida que apertarmos a política monetária para combater a alta inflação, isso pode revelar vulnerabilidades no sistema financeiro. E fundamental que monitoremos essas vulnerabilidades e implementemos plenamente a união bancária para mantê-las sob controle”, afirmou.
Diante dessa situação, o BCE recomenda uma abordagem cautelosa ao aperto monetário, de modo a minimizar impactos negativos e evitar possíveis consequências desordenadas.