Mesmo com o noticiário sobre o tema, que chegou a ganhar força durante a campanha eleitoral, ter sumido em 2023, os analistas do Bradesco BBI acreditam que a possibilidade de a Petrobras comprar a Vibra Energia segue viva e deve ficar mais forte ao longo de 2023.
A Vibra é o nome da antiga BR Distribuidora e era uma subsidiária da Petrobras. Ela foi privatizada em duas etapas durante o governo de Jair Bolsonaro, em 2019 e 2021.
Os analistas da casa, Vicente Falanga e Gustavo Sadka, antes de falar sobre os motivos para ver uma ofensiva da estatal pela Vibra, destacam que a ação VBBR3 registra, apesar da recente alta, baixa acumulada de cerca de 13% em 2023 e de 30% nos últimos doze meses, por cinco motivos em especial: a empresa ter comprado a COMERC; o negócio ter se tornado mais volátil em termos de preço e fornecimento; ao capital de giro ter “explodido” com a guerra na Ucrânia; a alavancagem ter aumentado; os dividendos terem caído drasticamente.
Agora, os analistas acreditam que, embora a perspectiva econômica não seja ideal para o setor, a empresa iniciou uma tendência oposta, com geração de caixa crescendo, desalavancando financeiramente e, “com sorte”, tendo dividendos maiores.
Para eles, isso deve ajudar o preço das ações a seguir uma trajetória de melhora. Mas, paralelamente, as discussões sobre a Petrobras querer a marca BR de volta (com a estatal querendo voltar para a distribuição), e potencialmente negociar os termos com a Vibra (para que isso aconteça antes de 2032), têm surgido na mídia ultimamente.
Enquanto isso, embora as conversas sobre a possível recompra da Vibra pela Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4) tenham desaparecido dos meios de comunicação este ano, fontes de mercado ouvidas pelos analistas sugerem que alguns gerentes da estatal ainda acreditam que é o melhor caminho a seguir.
Isso porque, mesmo que a Petrobras negociasse os termos com a Vibra (BOV:VBBR3) para recuperar a marca e talvez daqui a dois anos comprar outra empresa (como a Alesat), isso levaria algum tempo, com a aquisição resultando em ativos menos usuais e menor penetração da marca.
“Portanto, se a Petrobras pensa em ‘recuperar o que perdeu’, a tese de recompra da Vibra deve permanecer viva”, avaliam os analistas da casa.
Eles citam diversos pontos para tanto. Dentre eles, avaliam que o preço médio ponderado de privatização foi de R$ 22 por ação. Neste sentido, a atual cláusula da poison pill (uma estratégia de defesa jurídica adotada por empresas com o intuito de desencorajar ou impedir uma potencial aquisição hostil por parte de outra empresa) da Vibra exigiria uma avaliação de R$ 22 por ação a partir de setembro de 2023, equiparando-se ao preço da privatização, o que poderia reduzir drasticamente o escrutínio do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o tema.
Além disso, estimam que a Petrobras deva terminar o ano com uma posição de caixa próxima a US$ 20 bilhões (assumindo um preço do petróleo de US$ 80 por barril e pagamento de dividendos de 60% do fluxo de caixa operacional subtraído dos investimentos), o que abriria espaço para aquisições.
Já a Vibra COMERC, empresa com forte exposição a energia renovável, é um ativo que vem ganhando importância dentro do contexto da Petrobras de maior exposição no segmento, o que seria mais um fator de interesse da estatal na empresa.
Por fim, o atual governo não parece apoiar muito a Petrobras pagando todo o excesso de caixa em dividendos, o que, mais uma vez, poderia aumentar a probabilidade de aquisições ao longo do tempo, avaliam os analistas.
O BBI possui, no momento, recomendação outperform (desempenho acima da média, equivalente à compra) para as ações VBBR3, enquanto possuem recomendação equivalente à neutra para os ativos da Petrobras.