O diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, professor Mauricio Tolmasquim, disse que nos próximos quatro anos o País verá um choque positivo de oferta de gás natural da ordem de 50 milhões de metros cúbicos por dia, a maior parte advinda de operações da Petrobras, mas também da norueguesa Equinor.
Esse volume novo, disse Tolmasquim, equivale à metade do total consumido em momentos de pico pelo País – quando as termelétricas estão a pleno vapor – e tem potencial para fazer os preço da molécula cair, muito embora trate-se de uma commodity, portanto ancorada em preços internacionais. As afirmações foram feitas na abertura do Seminário de Gás Natural 2023 do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, que acontece hoje e amanhã no Rio de Janeiro.
Outra ressalva do atual diretor da Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4) é que parte desse volume vem para compensar a queda na produção de fontes que hoje alimentam o mercado nacional, como o campo de Mexilhão, na Bacia de Santos, e o gás importado da Bolívia.
“Não será um acréscimo de 50 mm³/dia líquidos, mas é sim uma oferta considerável. Então acho que a gente pode definir isso como um choque positivo de oferta com reflexo positivo sobre preço”, disse Tolmasquim.
Três fontes
Esse volume de gás novo, explicou Tolmasquim, virá de três diferentes fontes que devem ser ativadas à frente. A primeira parte virá da chamada Rota 3, que vai escoar 18 mm³/dia, dos quais 15 mm³ secos a partir do ano que vem. Esse gás será produzido nos campos do pré-sal da Bacia de Santos e entregue no Polo Gaslub da Petrobras, em Itaboraí.
A segunda fonte diz respeito ao projeto BM-C-33, operado pela Equinor na Bacia de Campos, que deve escoar um volume de 16 milhões m³/dia a partir de 2028 por meio de um gasoduto offshore de 200 quilômetros, que vai ligar o FPSO a um terminal de Cabiúnas, no norte fluminense. Desse volume, disse Tolmasquim, 14 mm³/dia chegarão secos ao mercado, incrementando de fato a rede de transporte e distribuição.
A terceira e última fonte de gás no horizonte mencionada por Tolmasquim são as operações da Petrobras em Sergipe Águas Profundas, na Bacia de Sergipe e Alagoas, que devem perfazer mais 18 mm³/dia, segundo o diretor.
Segundo ele, esse aumento de oferta deve levar a queda no preço da molécula que, esse ano, já teria caído 19%.
Investimentos
No esforço para aumentar a oferta do produto, disse ele, a Petrobras vai investir o equivalente a US$ 11 bilhões até 2027 para assegurar a exploração e produção e complementar a infraestrutura de escoamento. Desse montante, US$ 6 bilhões serão dedicados à exploração de novas fronteiras, disse.
No início da fala, Tolmasquim voltou a dizer que a Petrobras está avançada na descarbonização dos escopos 1 e 2, que envolve sobretudo processos, mas ainda precisa avançar no tocante a fornecedores e, sobretudo, produto final, óleo bruto e combustíveis. O gás natural, que vai ficar sob a batuta de sua pasta na empresa, terá papel fundamental nesse esforço de transição, disse ele. Isso porque emite a metade do volume de gases do efeito estufa do carvão e bem menos que o óleo combustível.
TBG
Ao fim do discurso, questionado por jornalistas sobre a venda da participação da Petrobras na TBG, empresa de gasodutos de transporte, Tolmasquim disse que o processo está parado para análise. O ativo estava na lista de desinvestimentos da antiga gestão.
“No momento a gente deu uma parada (em desinvestimentos) e vai analisar todos os casos. Está tudo sendo analisado. Por enquanto não tem privatização, desinvestimento. (Sobre TBG) a gente vai decidir no colegiado da diretoria da Petrobras”, disse.
Tolmasquim reforçou, ainda, que o novo plano estratégico da Petrobras para os cinco anos até 2028 será divulgado em novembro, em linha com o que já havia sido noticiado pelo Broadcast.