A Eve Air Mobility, subsidiária da Embraer focada em mobilidade aérea, anunciou a BAE System, a DUC Hélice Propellers e a Nidec Aerospace LLC como seus três primeiros fornecedores para a aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical (eVTOL).
O comunicado foi feito pela companhia (BOV:EMBR3) na sexta-feira (16).
A BAE System fornecerá o sistema de armazenamento de energia. A empresa tem mais de 25 anos de experiência no fornecimento de energia elétrica e propulsão para ônibus e outros veículos pesados.
A DUC Hélice Propellers será responsável pela fabricação dos rotores para os oito motores de sustentação e a hélice de cruzeiro. A empresa, com sede na França, faz análises, projetos, desenvolvimento, fabricação e manutenção de hélices, rotores, ventiladores e outros acessórios aeronáuticos compostos de carbono.
Já a Nidec Aerospace LLC é uma joint venture entre a japonesa Nidec Corporation e a Embraer, que foi lançada ontem. A empresa desenvolverá o sistema de propulsão elétrica do eVTOL da Eve. A Nidec Corporation é líder mundial na fabricação de motores diversos.
A Eve espera nomear em breve fornecedores adicionais de componentes, incluindo sistemas de controle de voo, aviônica, estrutura aérea e sistemas de gerenciamento de energia. A empresa planeja iniciar a montagem do primeiro protótipo do eVTOL durante a segunda metade de 2023, seguido pela campanha de testes em 2024. As primeiras entregas e a entrada em serviço da aeronave estão programadas para 2026.
VISÃO DO MERCADO
BTG Pactual
Para o BTG Pactual, a JV desempenha um papel fundamental na redução dos riscos do modelo de negócios da Eve, e estabelece um parceiro crucial para desenvolver sistemas de propulsão.
Analistas declaram-se confiantes no potencial de Eve para gerar valor para a Embraer e acreditam que seu valuation atual (8,7x EV/EBITDA 2023E) não captura totalmente o imenso potencial da iniciativa eVTOL, o que deixa espaço para uma expansão de múltiplos.
BTG Pactual mantém recomendação de compra com preço-alvo de R$ 24,00…
Bradesco BBI
O Bradesco BBI comenta que a Embraer está avançando no desenvolvimento de seu eVTOL e destaca que a Eve, controlada da Embraer focada em mobilidade aérea, tem o maior backlog (carteira de pedidos) do setor, o que demonstra a confiança do mercado de que a empresa pode certificar e entregar suas aeronaves dentro do prazo e do orçamento.
O BBI mantém recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para os ADRs (American Depositary Receipts, ou recibo de ações negociado na Bolsa de NY) da Embraer, com preço-alvo de US$ 24.
JPMorgan
O JPMorgan avalia o acordo como positivo para a Embraer, permitindo que a empresa faça parceria com uma empresa premium no segmento de eletrificação, criando uma nova via de crescimento para a empresa.
“Além disso, a transação reflete um passo adicional na consolidação da cadeia de suprimentos da Eve, reduzindo o risco de execução em relação à entrega de seu primeiro eVTOL até 2026”, pontua JPMorgan.
Com relação à avaliação, as ações da Embraer atualmente são negociadas a 6,4 vezes o EV/Ebitda (ou o valor da empresa sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) esperado para 2023, em comparação com a Airbus (AIR.PA) a 11,2 vezes e a Bombardier (BBD-B) a 8,8 vezes.
Citi
O Citi comentou que o acordo parece marginalmente positivo para a Embraer, uma vez que o investimento planejado não é grande e pode ajudar a empresa a diversificar suas fontes de receita. Embora a companhia possa conquistar pedidos de jatos comerciais durante o Paris Air Show desta semana, a falta de atividade de pedidos de jatos comerciais desde meados de janeiro parece reforçar o esforço da administração em encontrar outras áreas de crescimento.
Já o Citi mantém uma classificação Neutra para os ADRs da fabricante de jatos, com preço-alvo de US$ 16,50.
XP Investimentos
A XP Investimentos, por sua vez, vê a criação da cadeia de valor de suprimentos da eVTOL como um fator-chave para o desenvolvimento da aeronave da Eve, com a montagem de seu protótipo prevista para ocorrer ao longo do segundo semestre de 2023, seguida de campanha de testes em 2024.
“Nesse sentido, a empresa não apenas anunciou o contrato de fornecimento do sistema de propulsão elétrica com a Nidec Aerospace, mas também o contrato de fornecimento de rotores e hélices com a DUC Hélice Propellers e o acordo para sistemas de armazenamento de energia com a BAE Systems”, lembra XP.
A XP também reitera recomendação de compra para a Embraer.