A retração do setor industrial brasileiro se aprofundou em junho com a demanda fraca provocando contração das novas encomendas, o que levou a uma queda nos preços dos produtos finais, mostrou nesta segunda-feira pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês).
O PMI da indústria brasileira apurado pela S&P Global caiu em junho a 46,6, de 47,1 em maio, indo ainda mais abaixo da marca de 50 que separa crescimento de contração.
“Os últimos dados do PMI destacam os desafios apresentados pela demanda fraca e vendas mais baixas, o que levou os produtores brasileiros a recalibrarem suas estratégias e operações”, apontou a diretora associada de economia da S&P Global Market Intelligence, Pollyanna De Lima.
“Essa postura cautelosa refletiu a necessidade de alinhar a oferta de bens com a demanda, ao mesmo tempo em que se gerencia custos e se otimiza recursos.”
Junto com a queda nas novas encomendas pelo nono mês consecutivo, os produtores sinalizaram que os volumes de produção caíram em junho, pela oitava vez seguida.
Segundo a pesquisa, a demanda internacional por bens brasileiros piorou ainda mais em junho, o que foi atribuído a dificuldades globais. Em particular, as empresas destacaram demanda mais fraca da América Latina, em meio a controles de importação mais rigorosos na Argentina.
Por outro lado, a redução das vendas e a forte competição por novos contratos encorajaram as empresas a reduzir seus preços de venda em junho, no ritmo mais forte desde meados de 2009.
Essa redução foi sustentada por uma segunda queda seguida nos custos de insumos, a mais forte em 14 anos. Segundo os entrevistados, preços mais baixos de commodities, a apreciação do real em relação ao dólar, riscos de recessão na Europa e oferta em excesso de matérias-primas ajudaram na redução dos preços de insumos.
“Embora a queda mais forte nos preços de insumos desde 2009 tenha dado algum alívio, isso precisa ser cuidadosamente avaliado diante de outros fatores que afetam o desempenho do setor”, alertou De Lima.
Apesar dos desafios, os produtores permaneceram otimistas em relação às perspectivas de crescimento, com expectativas de recuo da inflação e da taxa de juros. As empresas também esperam recuperação da demanda e melhora do investimento no setor privado.
(Por Reuters)