A Desktop recebeu da CVM, solicitação de esclarecimentos a respeito da notícia veiculada na página eletrônica do jornal “O Estado de São Paulo” na rede mundial de computadores, sob o título “À venda”.
A respeito deste assunto, a Companhia informa que, em consonância com seu dever fiduciário e no curso normal de seus negócios, permanece constantemente analisando e avaliando, em conjunto com seus assessores, oportunidades de maximizar o retorno aos seus acionistas, incluindo, dentre várias outras oportunidades, a possibilidade de segregação total ou parcial de seus ativos de rede de fibra ótica.
A Desktop (BOV:DESK3) desconhece haver qualquer fato ocorrido ou ato realizado pela Companhia ou terceiro em relação ao assunto abordado pela Notícia que esteja sujeito à divulgação mandatória pela Companhia.
Desktop contrata o Bank of America (BofA) para supervisionar venda de sua operação de fibra óptica
A consolidação no setor de provedores de internet de banda larga baseada em fibra óptica está avançando para um novo estágio. A Desktop, um provedor de internet que opera no interior de São Paulo, contratou o Bank of America (BofA) para supervisionar a venda de sua operação de fibra óptica, de acordo com informações obtidas pelo NeoFeed.
O plano da Desktop, que arrecadou R$ 715 milhões em sua oferta pública inicial de ações (IPO) em 2021, é adotar uma abordagem semelhante à da Oi, que vendeu sua rede de fibra para fundos administrados pelo BTG Pactual, dando origem à V.tal.
Neste momento, o BofA está se comunicando com potenciais interessados no ativo. No entanto, a oferta ainda está em estágios iniciais.
A Desktop possui uma rede de fibra óptica que se estende por 54 mil quilômetros no estado de São Paulo, abrangendo 4,2 milhões de residências em 183 cidades.
Conforme o modelo proposto, a Desktop planeja dividir sua operação. Uma parte abrigará a InfraCo, que detém a rede de fibra óptica, enquanto a outra parte será a ClientCo, responsável por manter os quase 1 milhão de clientes de banda larga da Desktop.
O plano inicial é vender 100% da InfraCo para uma empresa estratégica ou um investidor. Enquanto isso, a ClientCo estabelecerá um contrato de longo prazo com a empresa para utilizar a infraestrutura.
“Não há nenhuma outra rede neutra no estado de São Paulo com a mesma abrangência da Desktop”, afirma uma fonte. “Esse é um ativo que pode despertar interesse tanto da V.tal quanto da FiBrasil, além de outros provedores”.
O conceito de rede neutra tem ganhado tração no mercado brasileiro. A V.tal, atualmente liderada por Amos Genish, possui uma rede com mais de 400 mil quilômetros de fibra, embora tenha presença limitada em São Paulo.
A FiBrasil, uma joint venture entre a Telefônica/Vivo e o fundo de pensão canadense CDPQ, está construindo uma infraestrutura neutra de fibra óptica nas áreas onde a Vivo não opera. No estado de São Paulo e nas principais capitais do Brasil, a Telefônica/Vivo opera com sua própria rede.
Esse movimento é apenas mais um exemplo das transformações em curso no mercado de provedores de internet, que está passando por um período de intensa consolidação. Em julho, a fusão entre a Vero, da Vinci Partners, e a Americanet, do Warburg Pincus, criou um provedor de internet avaliado em R$ 1,7 bilhão, com mais de 1,4 milhão de assinantes.
A Alloha, controlada pela eB Capital, já tentou anteriormente uma estratégia semelhante, explorando a separação de sua operação para vender a infraestrutura de fibra. Entretanto, esse negócio não progrediu.
A Desktop é avaliada em R$ 1,8 bilhão na B3. Ao longo deste ano, suas ações apresentaram um aumento de mais de 100%. Em comparação ao IPO em julho de 2021, os papéis tiveram uma queda superior a 30%.
Durante o primeiro semestre de 2023, a Desktop registrou uma receita de R$ 468 milhões, um crescimento de 44% em comparação ao mesmo período do ano anterior. O lucro líquido de R$ 58,8 milhões nos primeiros seis meses de 2023 representou um aumento de 253%.
Contatada, a Desktop optou por não fornecer comentários para esta reportagem.