O IRB (Re) fechou o segundo trimestre de 2023 com lucro líquido de R$ 20,1 milhões, revertendo prejuízo líquido R$ 373,3 milhões apurado no mesmo período do ano anterior.
O resultado positivo ocorreu pelo segundo trimestre consecutivo. Em relação ao primeiro trimestre desse ano, o crescimento é de 57%. No acumulado do ano, a companhia obteve lucro líquido de R$ 28,7 milhões, alta de R$ 321,6 milhões ante o primeiro semestre de 2022.
O resultado de subscrição do 2T23 foi positivo em R$ 35,4 milhões, registrando alta de R$ 696 milhões em relação ao 2T22, quando foi apurado valor negativo de R$ 661 milhões. Neste 2T23, assim como no 1T23 o resultado de subscrição no Brasil foi positivo: passou de R$ 536 milhões negativos, no 2T22, para R$ 18,1 milhões positivos. O mesmo ocorreu no exterior: de R$ 125,3 milhões negativos, no 2T22, para R$ 17,3 milhões positivos.
Com isso, o resultado de subscrição acumulado na primeira metade do ano é de R$ 39,1 milhões, ante os R$ 757,4 milhões negativos verificados nos primeiros seis meses de 2022.
Com a estratégia de melhoria na qualidade de subscrição da companhia, o prêmio emitido total caiu 17,3% no 2T23 ante o mesmo período de 2022, alcançando R$ 1,39 bilhão. No 2T23, a participação de negócios firmados no Brasil teve alta, alcançando 71% do portifólio.
Em relação ao volume, houve recuo de 13,8% na comparação com o 2T22, para R$ 994,3 milhões. O prêmio emitido no exterior, que representou 29% do portifólio, totalizou R$ 400 milhões no 2T23, o que representou queda de 24,7% em relação ao 1T22.
“A composição da nossa carteira está mais próxima do que consideramos ideal na estratégia da companhia, com redução da participação dos negócios no exterior. No 2T23, o exterior responde por 16% dos negócios realizados. No 2T21, eram 30% e, no 2T22, 18%. Essa conta exclui a América Latina, onde o volume se manteve praticamente estável em 13%. Ao mesmo tempo, os negócios no Brasil cresceram de 57%, no 2T21, para 71% no 2T23”, explica Daniel Castillo, vice-presidente de Resseguros da empresa.
“Seguimos também com o processo de limpeza da carteira, que foi acelerado na renovação de negócios do 2T23 e se refletiu na redução do prêmio total. Nessa renovação do 2T23, embora tenhamos aceitado novos negócios, declinamos alguns que não eram rentáveis e reduzimos a participação em outros, sempre com o objetivo de termos uma carteira de melhor qualidade e mais rentável. Renovamos 80% dos contratos-alvo”, completa Castillo.
Índice de sinistralidade
No trimestre, o sinistro retido total caiu 54,8%, em relação ao 2T22, fechando em R$ 751,5 milhões. O índice de sinistralidade passou de 124,2% para 73,6%, uma queda de 51,6 pontos percentuais (p.p.), já demonstrando os efeitos da limpeza de carteira. No acumulado do ano, o índice de sinistralidade é de 75,6%.
A companhia melhorou o índice combinado – que inclui sinistralidade, comissionamento e demais despesas – em 46 p.p., passando de 154,3%, no 2T22, para 108,3% no 2T23. Em relação ao 1T23, houve queda de 2,6 p.p..
Em relação ao caixa operacional, no 2T23, houve evolução do fluxo de caixa, com consumo menor de R$ 171,6 milhões, comparado a um consumo de R$ 475,6 milhões no 2T22. O resultado do caixa nesse trimestre deu-se, principalmente, pelo menor recebimento de prêmios. No acumulado dos últimos 12 meses, o consumo foi de R$ 1,2 bilhão, considerando o 2T23 como data de corte.
“Com a estratégia de limpeza da carteira e, portanto, redução de prêmios recebidos, e ainda honrando sinistros de grande monta referente a riscos assumidos em anos anteriores, é esperado que haja este consumo de caixa. A reversão deste movimento deve acompanhar a redução da sinistralidade e o aumento de prêmios. O fluxo de caixa operacional continua em linha com a nossa expectativa”, diz Rodrigo Botti.
As despesas gerais e administrativas, no 2T23, totalizaram R$ 86,7 milhões, um acréscimo de 9,1%, que considera despesa não-recorrente de R$ 7,9 milhões em virtude do Programa de Demissão Voluntária (PDV) finalizado em maio. Excluindo seu efeito, a despesa no 2T23 estaria em linha com a do 2T22.
O resultado financeiro e patrimonial, no 2T23, foi positivo em R$ 95,7 milhões, fechando o 1S23 em R$ 241,2 milhões. “Neste trimestre, houve redução de 8,3% no resultado financeiro, ante o 2T22, devido à apreciação do real. Em relação à carteira de ativos financeiros, fechamos o 2T23 com R$ 8,5 bilhões ante R$ 8,6 bilhões no 1T23. Tal variação decorre da evolução do fluxo de caixa”, explica Paulo Valle, diretor-geral da IRBAsset, braço de investimento do ressegurador.
Suficiência nos indicadores regulatórios
O IRB(Re) deve observar dois indicadores regulatórios, conforme dispõe normativo da Susep, órgão responsável pela supervisão do setor de seguros e resseguros: Índice de Suficiência de Patrimônio Líquido Ajustado em relação ao Capital Mínimo Requerido (CMR) e o Índice de Cobertura de Provisões Técnicas. No 2T23, a companhia apresentou suficiência em ambos os índices.
“O primeiro indicador fechou o 2T23 com suficiência de R$ 323 milhões, ou seja, 22% acima do capital mínimo requerido. Já o Índice de Cobertura de Provisões Técnicas encerrou o trimestre com suficiência de R$ 519 milhões”, diz Thais Peters, diretora de Controles Internos, Riscos e Conformidade do IRB(Re).
Novo CFO
O IRB ainda comunicou que o seu Conselho de Administração da Companhia, em reunião extraordinária, elegeu Rodrigo de Souza Lobo Botti para o cargo de Diretor Vice-Presidente Financeiro (CFO) da Companhia, para mandato em curso unificado com os demais membros da Diretoria Estatutária, o qual se estenderá até 3 de julho de 2025.
Botti é formado em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e é mestre em administração de empresas pela Universidade de Chicago (GSB). Ele e acumula passagens por empresas como Terra Brasis Resseguros, Citigroup, Deutsche Bank e Banco Safra.
Botti toma posse na presente data, substituindo Marcos Pessôa de Queiroz Falcão que ocupou o cargo de CFO, de maneira interina, desde 9 de março de 2023, cumulativamente ao cargo de Diretor Presidente e Diretor de Relações com Investidores da Companhia.
“A companhia informa que Marcos Pessôa de Queiroz Falcão permanecerá ocupando o cargo de Diretor Presidente e Diretor de Relações com Investidores da Companhia, conforme mandato atualmente em curso”, destacou em comunicado.
Os resultados da IRB (BOV:IRBR3) referente suas operações do segundo trimestre de 2023 foram divulgados no dia 14/08/2023.
Teleconferência
Em teleconferência de resultados nesta terça-feira (15), o CEO Marcos Falcão afirmou que o objetivo é retomar a rentabilidade e, em 2024, mostrar excelentes resultados para os acionistas.
A ação tem volatilidade após a divulgação dos resultados. Às 12h55 (horário de Brasília), os ativos IRBR3 caíam 1,52% (R$ 38,27), enquanto na mínima caíram 5,89% (R$ 36,57) e subiram 7,64% (R$ 41,83) na máxima.
O segundo trimestre de IRB foi marcado por mudança de sede, a 3ª emissão de debêntures no valor de até R$ 250 milhões, a renovação de contratos internacionais e a reorganização da diretoria estatutária.
“Estamos chegando aos poucos à normalidade”, celebrou o CEO. Ele diz que o objetivo do IRB segue na consolidação da participação no Brasil, alavancando suas vantagens competitivas.
A estratégia que a diretoria vem perseguindo, trimestre após trimestre, é ter 80% de suas operações no Brasil, alavancando as vantagens competitivas no mercado local. Assim, a empresa elevou sua participação de negócios no Brasil de 57% (no 2T21) para 71% (no 2T23).
Já os negócios internacionais tiveram redução de participação de 30% no 2T21 para 16% no 2T23, segundo Daniel Castillo, Vice-Presidente de Subscrição.
Os contratos da companhia continuam a ser renegociados e cerca de 80% dos negócios de interesse da empresa foram renovados no 2T23. “Reduzimos participação sempre com objetivo de ter carteiras mais equilibradas e com maiores rentabilidades”, afirma Castillo.
Perguntado sobre os impactos de contratos antigos nos resultados da companhia, Daniel Castillo afirmou que a cada trimestre este impacto é atenuado. Segundo ele, para 2024, 80% dos resultados de IRB serão de novos negócios. “Focamos em disciplina total, com negócios de boa qualidade e pensando sempre na rentabilidade. Até o fim do ano vamos concluir a limpeza de carteira”, destacou.
No 2T23, o IRB voltou a registrar retenção de prêmios. O indicador saiu de 52% no 3T22 para 79% no 1T23 e 74% no 2T23.
“Na medida em que observamos mais riscos, estamos conseguindo reter mais e retroceder menos. Houve redução de prêmios ganhos no 2T23 tanto no exterior quanto no Brasil, resultado de nossa estratégia de limpeza, com carteira de mais qualidade e com menores exposições”, afirma Rodrigo Botti, CFO.
Segundo ele, a empresa mantém suas provisões técnicas robustas de forma prudencial para enfrentar os riscos da carteira.
Questionado sobre o impacto da redução das taxas de juros na companhia, Paulo Valle, diretor do IRB Asset, afirmou que o movimento contribui para os resultados da empresa. “Vemos queda de taxa paulatinamente, mas a taxa de juros ainda é muito alta no Brasil”, destacou.
Avanço nos índices regulatórios
Desde que a IRB sofreu desenquadramento regulatório em 2022, todos os trimestres os investidores acompanham de pertos os indicadores analisados pelos reguladores. No 2T23, o índice combinado de IRB chegou a 108%, que não é o ideal, mas mostra grande avanço, afirma o CFO Rodrigo Botti. Ele destaca ainda que o fluxo de caixa operacional de R$ 1,152 milhão negativo no 2T23 não afetou o índice regulatório.
O IRB conclui o semestre com indicadores regulatórios em patamares confortáveis, segundo Thaís Ricarte Peters, Diretora Executiva de Controles Internos, Riscos e Conformidade. A companhia atingiu o melhor índice regulatório desde setembro de 2021 considerando a suficiência regulatória do patrimônio líquido ajustado. O indicador chegou a R$ 323 milhões ou 288%. Já a suficiência de garantia terminou 2T23 em R$ 519 milhões, melhor índice desde junho de 2021.
Os resultados, diz Thaís, refletem o conjunto de melhorias que a companhia vem implementando ao longo deste ano, assim como a gestão eficiente e a atividade orgânica de IRB.
Perguntado sobre uma possível oferta de ações de IRB, o CEO negou que o movimento esteja na mesa agora. Marcos Falcão afirmou que a colocação de ações ou oferta pra cobrir reservas e problemas do passado está completamente descartada. “Mas pra crescer o IRB e gerar retorno para o acionista, vamos conversar mais para frente para vislumbrar um ótimo retorno pro investidor”, ponderou.
VISÃO DO MERCADO
JPMorgan
O JPMorgan apontou que o lucro ficou praticamente em linha com o que projetava (R$ 17 milhões). O número um pouco acima do esperado com ajuda dos impostos.
O banco nota que há um foco claro da administração da empresa em reduzir o negócio para recuperar a lucratividade, o que é bem-vindo. O rural doméstico foi um vento contrário às perdas (99% de sinistralidade), mas os demais segmentos se comportaram bem, levando a sinistralidade total para 74%. O principal destaque negativo no trimestre foram os resultados financeiros em R$ 96 milhões, “sem brilho”. O JPMorgan segue com recomendação underweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à venda) para os ativos.
Genial Investimentos
Para os analistas, com o segundo trimestre consecutivo de lucro, o IRB aparenta estar finalmente saindo do longo período de prejuízos trimestrais frutos de uma gestão desleal em meio a uma pandemia.
“A resseguradora reportou um lucro de R$ 20 milhões (ROE de 2,0%), um pouco abaixo das nossas estimativas de R$ 26 milhões e metade dos R$ 40 milhões das expectativas do consenso. Apesar do número mais baixo que o mercado esperava, a empresa vem mostrando evoluções positivas em diversas linhas operacionais”, avalia a Genial.
Contudo, apesar da evolução construtiva nos resultados, a Genial ainda tem muitas dúvidas da trajetória e da rentabilidade normalizada da resseguradora que são insumos para a avaliação da resseguradora.
“De qualquer forma, estamos melhorando de maneira relevante o preço alvo do IRB, saindo de R$ 28,2 para R$ 35,0, reduzindo a taxa de desconto para fatorar uma entrega agora mais concreta da reestruturação da companhia e melhorando nossas estimativas de longo prazo”, avalia.
A Genial Investimentos também tem recomendação de venda para IRBR3, com preço-alvo de R$ 35.